terça-feira, 17 de novembro de 2015

Feliz recomeço!




Muitas mulheres têm uma vida sofrida e com Elenice não foi diferente. 
Moça simples, trabalhadeira e humilde, sempre ajudou a mãe nas tarefas da casa e a cuidar dos irmãos. Ainda encontrava tempo para ajudar o pai na roça. Cursou apenas o primário, porque, o pai achava que filha mulher não precisava estudar muito. Depois de casada, cuidaria do marido, da casa e dos filhos.
Suas amigas eram as suas irmãs. Quando completou dezoito anos foi apresentada ao filho de um conhecido do pai, que frequentava o mesmo bar que ele. Era o primeiro contato que tinha com um moço, além primos.
Esse rapaz era caminhoneiro e sempre que passava pela cidade, ficava uns dias na casa dos pais. Elenice era uma moça caseira e talvez por isso nunca tinha visto-o pelas redondezas. Sérgio era bonito e sedutor e ela, muito tímida e ingênua. Foi muito fácil seduzi-la. Logo, Elenice acabou morrendo de amores por ele.
Poucos meses depois já estavam casados. Casaram somente no civil e os pais da noiva, seu José e dona Tereza ofereceram um almoço aos padrinhos do casal e aos pais do Sérgio.
No primeiro ano de casados, eles moraram numa casa que havia nos fundos da casa dos pais dele, seu Pedro e dona Maria. Para Elenice foi bom, assim ela não se sentia sozinha, enquanto Sérgio estava viajando. Um ano depois, nasceu a primeira filha.
Quando a criança estava com três anos de idade, Sérgio comprou uma casa num outro bairro, porque, a casa onde moravam tornou-se pequena para a família. Elenice começou a frequentar a igreja que havia nas proximidades. Ela ia com a filha sempre que podia. 
Quando Sérgio estava em casa não a deixava ir. Queria atenção exclusiva para si. Começou a sentir ciúme do carinho que Elenice dedicava à filha. No começo, ela pensava que era porque ele ficava dias sem aparecer em casa. Então, para fazer os gostos dele e dedicar-lhe mais atenção, ela começou a deixar a filha na casa dos pais, quando Sérgio voltava das viagens.
E assim foram levando a vida até que, cinco anos depois, nasceu a segunda filha. A mais velha, quis morar com os avós, porque, se sentia excluída. Ela percebia que a mãe sentia-se dividida entre as filhas e o marido. Na verdade, ela recebia mais carinho do avô; o pai raramente dava-lhe atenção.
Para Elenice, a rotina era sempre a mesma. Ela cuidava da filha, da casa e ia à igreja, quando Sérgio não estava em casa. Procurava fazer tudo para não criar confusão.
Quando ele voltava, a sua vida se transformava. Ele era autoritário, egoísta e ciumento. Nada de igreja e nem de atenção demorada à filha. Ele nem sequer perguntava sobre a filha mais velha. Elenice fazia as suas vontades e não se queixava com os pais e nem com os sogros.
Ela começou a desconfiar que ele tinha outra mulher, desde o dia em que achou um batom no caminhão. Ele pediu para ela pegar a roupa suja que estava na cabine, pois, estava muito cansado naquele dia. Não se deu conta, de que, o batom da amante caíra da bolsa dela. Elenice conseguiu manter o controle e não comentou nada com ele. Mesmo porque, provavelmente ele inventaria uma desculpa. 
Continuou aguentando firme e o único lugar aonde ia, além da casa dos pais e dos sogros era à igreja. Mas, quando ele estava, era sempre um tormento. Numa das vezes, quando voltou para casa com a filha pequena, ele havia chegado bêbado e não deixou as duas entrarem. Elenice foi com a menina para a casa dos pais e contou uma mentira, teve vergonha de falar o que havia acontecido.
No final da tarde, Sérgio foi buscá-las e quando se aproximou da filha mais velha, ela virou a cara para ele. E assim, Elenice foi vivendo, sempre submissa e tolerante. Apesar de tudo, o marido nunca havia levantado a mão para bater nela.
Quando a filha mais nova completou seis anos, ela pediu a separação. No início, Sérgio ficou nervoso e disse que não aceitaria. Elenice, dessa vez foi firme, dizendo que sairia de casa de qualquer jeito. Estava cansada! Contou que sabia sobre a sua amante e que contaria aos pais e aos sogros.
Sérgio ficou admirado com a mudança da esposa, nem parecia mais a mesma pessoa. Sua Elenice jamais levantou a voz para ele. Fazia todas as suas vontades, até deixara de ir à igreja para não contrariá-lo.
O que ele não sabia era que ela havia se cansado daquela vida medíocre. Ela não tinha amigas, não saía de casa para nada, a não ser visitar os pais e a filha que deixara ao cuidado deles. Tinha duas irmãs mais velhas, mas quase não se viam. Para ele, a vida era boa, viajava sempre a trabalho e quando não estava com a amante, dava uma passada em casa e queria ser paparicado. Às vezes, saía com os amigos e passava a noite bebendo.
Elenice arrumou as coisas dela e da filha e foi para a casa dos pais. Tinha feito planos de alugar uma casa e levar a filha mais velha, que já era uma adolescente, para morar junto. Sérgio, sem saída, acabou concordando com a separação. Colocou a casa a venda e dividiu o dinheiro com ela. Foi morar com a amante.
Para Elenice começou uma nova vida. Ela comprou uma casa perto dos pais e se mudou com as duas filhas. Conseguiu um emprego numa casa de família e voltou a frequentar a igreja. Perdeu a mãe que amanheceu morta, numa certa manhã, e no tempo livre cuidava do seu pai.
Durante doze anos a sua vida não saiu dessa rotina. Ela estava tranquila e feliz. O dinheiro que ganhava era pouco, mas ela fazia alguns trabalhos extras para ajudar no orçamento. Vendia lingeries  e cosméticos.
Nesse meio tempo suas filhas casaram-se, formaram suas famílias e ela continuou cuidando do pai que já tinha uma certa idade. Era uma mulher batalhadora e o único lugar que ia aos domingos era à igreja. Raramente visitava as filhas, porque não tinha muito tempo.
Depois que o pai faleceu, ela conheceu um viúvo, amigo do seu patrão e começaram a se entender. Clodoaldo tinha dois filhos casados e morava no sítio, onde plantava palmito. Elenice pediu a conta na casa onde trabalhava há muitos anos e se casou com Clodoaldo. Vendeu a sua casa e foi morar com ele no sítio. Usou o dinheiro que tinha na poupança para se associar ao marido. Seria para ela um novo recomeço. Estava apostando na felicidade.
Juntos, ampliaram a casa do sítio e compraram mais um terreno para aumentar a plantação. Clodoaldo era um homem muito bom, diferente de Sérgio. Era carinhoso, cuidava bem dela e era atencioso com as enteadas. 
Aos domingos iam juntos à igreja. Ele tinha um jipe e após a missa saíam para passear na casa das filhas dela ou para conhecer novos lugares.
Elenice, enfim, conheceu o amor verdadeiro e sincero.

12 comentários:

  1. Que bom que no final Elenice foi feliz...tomara que seje assim com todas as mulheres...
    www.lindaeinteligente.com.br

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  2. Nunca é tarde para ser feliz linda história adorei .

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  3. É quase um documentário, na realidade. Pessoas que a escritora conheceu, imagino... Muito bom!

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  4. Oi!!
    Muito bom :D
    Essa história nos mostra que nunca podemos desistir.
    Bjo

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  5. Por um instante pensei que essa estória, como tantas que vemos por aí, não terminaria bem. Que bom que no fim tudo deu certo.

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