sexta-feira, 1 de abril de 2016

Um homem solitário



Setembro de 1978, numa pequena cidade de Goiás, começa a história de Adilson, um jovem de vinte e dois anos. Filho caçula de seis irmãos, ele mora com a mãe. Os outros estão todos casados.
Adilson conhece uma moça, três anos mais nova e começam a namorar. Ele é muito tímido, talvez, devido ao problema de surdez, que adquiriu depois de uma infecção no ouvido, quando era criança. Não tem amigos e vê nessa moça uma companheira. Meire é o oposto, fala muito, é estabanada e tem um gênio difícil.
O casamento acontece e o casal vai morar com dona Celeste, mãe de Adilson. A convivência entre sogra e nora se torna cada vez mais, insuportável. Adilson compra a primeira casa que encontra e se mudam.
Meire engravida alguns meses depois e nasce o primeiro filho. Adilson fica feliz com o nascimento do menino, Joel. Todos os dias quando chega do trabalho, ajuda a cuidar da criança. É um marido bom, um pai amoroso.
O tempo passa e dois anos depois nasce o segundo filho, Cláudio. Com a família crescendo, Adilson precisa fazer muitas horas extras para ajudar no orçamento. Muitas vezes, mesmo cansado, tem que ajudar a esposa com os afazeres da casa.
Quando Meire engravida pela terceira vez, Joel que está com cinco anos começa a sofrer com uma bronquite asmática e acaba falecendo. A tristeza cai sobre o casal. Adilson que sempre foi um rapaz calado se fecha ainda mais. E Meire fica muito abalada, com os nervos em frangalhos.
Para Adilson a vida fica complicada, trabalhar e ainda ter que ajudar a cuidar da esposa grávida e do filho de três anos. Ele pede a ajuda da mãe que se mostra solidária, apesar dos pesares. Nasce mais um menino, o Edson. Meire se torna cada vez mais difícil, porém, Adilson consegue manter o equilíbrio para cuidar dos dois filhos.
Com dois meninos, um de cinco e outro de dois, Meire quer tentar uma menina e convence o marido. E assim, engravida pela quarta vez. E mais uma vez, nasce outro menino, o Paulo.
Nesse meio tempo, Adilson perde a mãe e três irmãos. Ele é mais chegado com Pedro, seu irmão do meio, que é seu companheiro. Não tem muito contato com o irmão mais velho.
O convívio com a esposa se torna cada vez pior com o passar dos anos. Eles acabam se separando. Os filhos adolescentes continuam tendo o apoio financeiro do pai, além da pensão que ele paga à esposa.
Adilson vai morar sozinho e acaba se envolvendo com uma mulher bem mais velha. Ele completa o tempo de contribuição na empresa onde trabalha e se aposenta. Compra, então, uma casa e coloca no nome dessa mulher.
Pouco tempo depois, ela dá um basta no relacionamento e Adilson volta a morar sozinho. Ele é obrigado a alugar uma pequena casa. Só depois de alguns anos, consegue comprar uma outra casa. Como não tem muito jeito com as mulheres, prefere ficar solteiro. Dois relacionamentos ruins são suficientes!
Continua dando assistência aos filhos, mas, não existe afinidade entre eles. O carinho e a afetividade se perderam ao longo do tempo.
Os filhos se tornam adultos, terminam os estudos, se formam e se casam. Cada um tem a sua própria família.
Meire arruma um namorado que, infelizmente, não dura muito tempo. Ela recebe ajuda dos filhos para viver.
Adilson se torna um solitário. Passa algumas horas do dia em companhia do irmão e depois volta a se isolar no seu canto. Não gosta de fazer amizades, porque, não tem assunto para conversar. É anti social! Prefere escrever. Usa as palavras para desabafar, para refletir sobre sua vida, sobre a família que deixou para trás.
Será que os filhos o compreendem e entenderão, um dia, a sua atitude?
Será que na sua maneira de ser, Adilson é um homem feliz?






33 comentários:

  1. Um ótimo texto sobre uma realidade possível! Parabéns, mais uma vez um texto criativo e sensível! Bjus!

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  2. tbm acho isso uma possível realidade! Adorei o texto.

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  3. Linda história , a timidez é companheira das pessoas solitarias e muitas vezes se transforma em depressão .parabéns a escritora .

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  4. Excelente texto!

    http://oquefoibrendex.blogspot.com.br/

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  5. História muito bacana!os textos desse blog são ótimos. Parabéns a dona do blog !!!

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  6. Amei a história! Com uma escrita simples, leve, o texto dá um tapa de realidade sem precisar envolver em emoções muito profundas e narrações complexas e detalhistas. Gostei muito, está de parabéns!
    Café, Vodka e Literatura

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  7. Adilson sempre foi e é infeliz. Esse conto me deu uma melancolia! Todos têm uma vida mais ou menos...

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  8. Texto muito realista,mas um pouco triste também,mas acredito que ele possa ser feliz,aliás antes só que mal acompanhado e se estressando...

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  9. Infelizmente o Adilson não é feliz. A timidez atrapalha e atrapalhou as conquistas dele. Lindo a história!
    Bjs

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    1. Muito obrigada, Raquel! Gostei muito da sua opinião.
      Beijinhos!

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  10. Oi, Cidália, é incrível como você desenvolve um texto tão triste com leveza, parabéns.

    http://www.makeupcominteligencia.com/

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    1. Oi, Sandra, que bom que você gosta dos meus textos.
      Obrigada, beijinhos!

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  11. Menina q sensibilidade vc tem, fico impressionada com isso. Amei mais um conto maravilhoso.
    Acho que ele é sim feliz a sua maneira viu pois agora tem paz, por que para algumas pessoas a solidão não é tão ruim assim.

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    1. Você me deixa muito feliz com esses elogios, Carla!
      Obrigada por partilhar a sua opinião!
      Beijinhos.

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  12. Arrasou no texto Ci, história triste que deve acontecer com muitas pessoas né? Beijos

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    1. Pois é, infelizmente, alguns por opção e outros por não ter escolha.
      Obrigada pelo carinho, Dani, beijinhos!

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  13. Belo texto, é ruim quando o timidez atrapalha de conseguir os objetivos. Beijos

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    1. Sim, quando a pessoa é muito tímida deixa de fazer muita coisa na vida.

      Obrigada, beijos! ❤

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  14. Acredito que ele é feliz sim ao modo dele.
    Creio que as pessoas não precisam ser sociáveis para ser feliz. Muitas das vezes a felicidade está em se encontrar. E ele se encontrou, mesmo com todas as dificuldades, a maneira dele.

    Beijinhos,
    Aline Magalhães
    Alineland

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    1. Tem muitas pessoas que preferem viver sozinhas. Já ouvi muita gente dizer: antes só do que mal acompanhado.
      Beijinhos ❤

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  15. Fiquei com pena do Adilson ): não sei. Fiquei desejando um relacionamento bacana pra ele, rs! Beijos

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  16. Amei o texto e é bem provável de acontecer né ? adorei mesmo beijos

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