domingo, 29 de maio de 2016

Uma pipa no ar

 
Quão belo é o outono! As folhas das árvores, ao vento, caindo pelo chão.
Algumas crianças soltando pipas nas tardes preguiçosas.
O canto dos pássaros, livres, ao voar pelos jardins das casas.
As borboletas coloridas desfilam, alegremente, suas belezas.
E o poeta busca inspiração nessas maravilhas para escrever seus poemas.
Ah, quem é que não gosta desses dias de mansidão, onde tudo é tão sereno e tranquilo?
Aqueles dias de calor intenso ficaram para trás. Agora as tardes são amenas, propícias para um passeio a pé, uma caminhada ou uma visita.
E é numa dessas tardes que sento-me debaixo da jabuticabeira para ler. A leitura está interessante, mas dou uma parada e olho para o céu.
Vejo, então, uma pipa colorida voando na minha direção.  Mil ideias passam pela minha cabeça.
Na minha infância brinquei muito, tive muitos amiguinhos, corri, pulei corda, brinquei de roda e de boneca. Mas, nunca empinei uma pipa. Será que era brincadeira apenas de menino?  Não lembro nem mesmo de algum amiguinho empinando pipa. Não era do meu tempo?
Lembro de brinquedos como estilingue, bolinha de gude, carrinho de rolimã, bola, carrinho e pião.  Eram os brinquedos dos meninos, mas, algumas meninas também gostavam.
E pipa ou papagaio como alguns chamam, não lembro! Talvez não fosse comum naquela época.
Hoje penso que nem todos os meninos da nova geração brincaram com uma pipa. Principalmente, aqueles que se apoderaram da tecnologia. Somente alguns moleques que não possuem um celular ou tablet, divertem-se, ainda, com as brincadeiras simples.
Felizes são as crianças que brincaram livremente durante a sua infância!
Muitos pais se esqueceram do tempo de criança e não sabem como entreter os filhos, que perdem horas vendo um vídeo ou jogando no celular.
Cabe, então, aos professores resgatar as brincadeiras e brinquedos de antigamente para que essas crianças aprendam, que existem outras maneiras de diversão.
Além de poderem se divertir, terão a chance de desenvolver a criatividade.


Como foi a sua infância? Muitas pipas coloridas pelo ar? 

Se tiver um tempinho, conheça as outras histórias, acessando o blog neste link! http://contosdacabana.blogspot.com.br/
Ah, e se quiser deixar um comentário, responderei com o maior prazer, obrigada.

domingo, 22 de maio de 2016

Quando a saudade dói!

Num dia sombrio e melancólico, a saudade do meu marido, que se foi há muito tempo, invadiu meu coração. Naquele momento, conversar com alguém, não me ajudaria. Preferi o silêncio, a solidão e as palavras escritas. Gosto de usá-las para desabafar.
Peguei uma folha de papel, uma caneta e comecei a escrever uma carta a ele. Sei que jamais será lida pelo destinatário, mas, o que quero é extravasar a dor que consome minh'alma. A dor da saudade! Só quem viveu um amor assim vai me compreender.


   Meu querido,
  Já se passaram cinquenta e seis anos, desde o dia em que nos unimos para vivermos um grande amor. Um amor que mal sabíamos que duraria tão pouco. Quis o destino que um terrível acidente tirasse você de mim. Fiquei sem chão! No início senti como se tivessem tirado uma parte de mim. Você partiu tão de repente, foi tudo tão inesperado. Ainda não consigo esquecer aquele dia fatídico! 
  Quando fecho os olhos, ainda sinto seus carinhos como naquela manhã. Naquele dia, você levantou cedo e antes de sair me beijou com um gostinho de adeus. Beijou seus filhos e ficou olhando para eles pensativo. Até parecia que sabia que era uma despedida. Na hora do almoço recebi a terrível notícia! Durante anos, olhando a sua foto sobre o criado mudo, cheguei a culpá-lo por ter me deixado tão cedo. Somente com o passar do tempo, entendi que a culpa não era sua; que seu dia havia chegado.
  Muitas e muitas vezes, busquei você em novos amores, mas ninguém jamais o substituiu. Até cheguei a viver com alguns, porém, acabava ficando com raiva de mim por estar te traindo. Você foi e será eternamente o grande amor da minha vida. Durante o pouco tempo de convivência, você foi um marido carinhoso, gentil e companheiro. Ao seu lado aprendi a ser uma boa esposa. Continuo carregando seu sobrenome com muito orgulho.
  Como gostaria que você estivesse ao meu lado acompanhando o crescimento dos seus filhos! Seu filho é um grande homem, trabalhador, honesto, e tem a mesma profissão que você. Aliás, ele puxou você, também, na aparência (a sua altura e a sua beleza). Só não herdou os olhos verdes. Suas filhas, também, são batalhadoras e honestas. Você seria um pai orgulhoso. 
  Trabalhei muito para cuidar deles, mas valeu a pena. Hoje, eles cuidam de mim com amor e carinho. Sou uma mãe feliz e realizada. Nossos netos e bisnetos só o conhecem através de fotos. 
  Fico imaginando como seria o relacionamento entre vocês. Com certeza você seria um avô amoroso e presente. Um bisavô que carregaria os bisnetos nas costas.
  Estou chegando aos setenta anos e sonho com você ao meu lado, um amparando o outro. Nós dois, bem velhinhos de mãos dadas, passeando pelas ruas. Ou, vendo os nossos bisnetos brincando na praça. Como seria bom, se a vida fosse como queremos, não é mesmo? 
  Pena, que o destino não quis que fosse assim! Vivemos juntos apenas seis anos, que apesar da minha pouca idade, foram intensos. Tivemos três filhos que se tornaram a razão da minha vida, depois que você se foi. Tive que batalhar muito para criá-los, mesmo tendo a ajuda dos meus pais, mas graças a Deus, venci todas as provações pelas quais passei.
  Parte da minha infância passei ao seu lado, troquei as bonecas pela maternidade e hoje não me arrependo. Sinto, apenas, ter que viver a velhice sem tê-lo ao meu lado. 
  Talvez eu esteja sendo repetitiva, a memória já me trai, mas, quero te dizer que estas palavras: "você menina moça, mais menina que mulher, joia preciosa, cada um deseja e quer" (trecho da nossa música predileta), jamais sairão da minha memória.
  Muitos pensam que não devemos viver do passado, que temos que seguir em frente. Para mim, recordar é viver. Não posso e não quero esquecê-lo. Você fez parte da minha vida, da minha história e tem um lugar especial no meu coração.
   Sabe o que lembrei? Da nossa promessa, aquele que fosse primeiro viria buscar o outro. Espero que Deus permita que quando chegar a minha hora, você esteja me esperando, que venha ao meu encontro. Então, ficaremos juntos por toda a eternidade!

Colaboração de L.C.

      E você, já viveu um grande amor, desses que deixam saudades?

Leia também  http://contosdacabana.blogspot.com.br/2016/05/a-forca-do-amor.html


domingo, 15 de maio de 2016

A força do amor

Enquanto voltava da escola, Luna apressou seus passos conforme o ritmo de Beethoven’s 5 Secrets, em seus fones. Aqueles minutos eram seus preferidos, pois saía de si e esquecia a maior parte de seus problemas. Porém, aquilo não durou muito tempo.
Ao chegar em casa, jogou a mochila no chão do seu quarto e fez a mesma rotina de sempre. Sem ao menos ser notada (isso já não importava tanto), pois a falta de atenção era algo tão comum para ela, que tinha aprendido a conviver com aquilo. 
Naquele dia, ela tinha tirado sua maior nota na aula e empolgada foi mostrar para seus pais. Quando ia falar sobre isso, eles a interromperam e começaram a reclamar, dizendo coisas com total ignorância. Descontaram todos os seus problemas nela, que não fazia questão de ganhar aquela discussão. 

Assim, abaixou sua cabeça e voltou para seu quarto, amassando a folha com a nota que a tinha deixado feliz. Junto, veio um choro que parecia não ter fim. Seus pais não eram presentes em sua vida. 
Alguns dias, nem se falavam; para eles, sustentá-la já era suficiente. Não precisavam lhe dar amor, porque, em suas cabeças, Luna era grande demais para ganhar um abraço ou qualquer gesto carinhoso. 
Ela tinha dois irmãos, gêmeos, e toda atenção era voltada a eles. Era como se ela fosse invisível, como se não servisse para nada e não tivesse nenhum valor. Com esses pensamentos, acabou pegando no sono.
Naquela mesma tarde, ao acordar, Luna foi para sua aula de piano, o único lugar que alguém acreditava em seu potencial. 
Enquanto tocava, dava sua alma para a música, como se fosse um desabafo. Ficou lá até seu professor pedir para que fosse  embora. 
Ao chegar em casa, sua mãe começou a reclamar sobre o horário. Disse que ela era imprestável, que não fazia nada direito, que só queria saber dessa porcaria de música. Disse, ainda, que seus irmãos eram melhores que ela. Ao ouvir tudo aquilo não pôde fazer nada, para sua mãe qualquer questionamento era inválido.


Luna carregava sentimentos errôneos dentro de si, precisava de alguém, precisava de algo e foi naquela noite que tudo mudou. Ela decidiu ver uma chuva de meteoros em seu telhado, durante aquela madrugada. Amava o céu de uma forma que ninguém saberia explicar!  Acabou vendo uma estrela cadente e com toda força do mundo fez um pedido. 
- Por favor estrela, me tire daqui, me leve para algum lugar onde gostem de mim. Por favor estrela, preciso de alguém,  preciso sair daqui pelo menos por hoje.

E para sua surpresa, acordou em um lugar totalmente diferente. Era tudo azul e ela conseguia andar sobre as estrelas, e podia ser quem ela quisesse. Poderia ser ela mesma, isso já era suficiente e tudo o que imaginava aparecia ali. Luna estava sendo feliz pela primeira vez, ninguém  julgava-a e ela se sentia amada.
Seu pai acordou de madrugada e viu a luz do seu quarto acesa. Levantou-se para lhe dar uma bronca por estar acordada naquele horário, mas se deparou com a falta dela. 
Começou a procurá-la pela casa e não obtendo resultado, acabou acordando os outros. Preocupados por não achá-la em lugar nenhum, um dos irmãos correu para o telhado, lembrando que a irmã gostava de ficar lá, às vezes. Quando chegou, encontrou sua irmã desacordada e gritou para os outros. 
Seus pais, desesperados, tentaram acordá-la, porém, ela não respondia. Todos começaram a chorar, sacudiram-na e nada dela acordar. Na mente de Luna, ela corria e pulava sobre as estrelas, enquanto uma linda sinfonia tocava ao fundo. Tudo era tão lindo e ela não tinha vontade de voltar.
Seus pais, percebendo que sua pulsação estava praticamente parando, se ajoelharam e a abraçaram. Olharam para o céu e pediram:
- Meu Deus, se realmente existe, traga nossa filhinha de volta. Nós prometemos ser mais presentes na vida dela, não tire-a de nós! Não somos nada sem ela, porque a amamos.
Luna, via uma porta com uma claridade enorme, e não tinha certeza se queria entrar, pois, estava tão bom ali. Porém, acabou cedendo, fascinada pela luz branca que era muito bonita. Abriu os olhos, devagar e se deparou com os pais e seus irmãos chorando. Ficou sem entender nada. 
Ao reparar que a filha estava acordando, seus pais agradeceram a Deus, abraçando-a com  muita força. Afinal, quase a perderam.
À partir daquele dia, eles passaram a agir diferente. Davam-lhe amor e atenção. Entenderam a falta que ela faria e tornaram- se pais de verdade. O medo de perdê-la fez com que passassem a valorizá-la. 
Perceberam, enfim, que o amor que sentiam pelos filhos era igual. Não podiam ignorar a filha, achando que só os mais novos precisavam de atenção e carinho.
A vida da família mudou para melhor; a união entre pais e filhos se fortificou. Luna começou a viver com plenitude, depois de sentir que era amada pela família. Dava e recebia amor!

Na sua opinião, o que aconteceu com Luna sobre o telhado? 
Se os pais dela não ficassem com medo de perdê-la, será que teriam percebido que Luna sentia-se rejeitada?

Colaboração de C,M.F.

sábado, 7 de maio de 2016

Perfis de mães

Sabemos que as mães deveriam ser homenageadas todos os dias. Mas, pelo motivo que conhecemos, criaram um dia especial, o segundo domingo de maio.
Então, pensei em falar um pouco sobre as mães, lembrando da minha que já partiu há um bom tempo, infelizmente. Ela deixou uma grande saudade. Uma mãe tão simples e humilde, que sabia apenas cuidar da família e da casa.
Gostava muito de conversar e quando se encontrava com a amiga e vizinha o papo rolava solto. Às vezes, parecia que as duas falavam ao mesmo tempo, mas acabavam se entendendo. E como tinham assunto! Ai de mim se abrisse a boca para desmentir a minha mãe na frente da amiga!
Minha mãe, assim como muitas mães da época, foi submissa e sem nenhuma vaidade. Nunca usou, sequer, um batom. Sua pele foi enrugando ao longo do tempo sem conhecer um protetor solar. Tinha nos pés as marcas do chinelo, pois, sapatos usava raramente; não gostava. Quanto às pernas, não tinham nem um vasinho, foram sempre muito bonitas.
Foi protetora com os filhos e netos até o último suspiro. Protetora até demais, apesar de não deixar de dar umas chineladas, quando achava que era necessário. Sei que o excesso de zelo e proteção é prejudicial. Muitas vezes os pais pensam que estão ajudando os filhos e no entanto acabam deixando-os medrosos e inseguros.
Minha saudosa mãe, de coração puro, deu e recebeu muito amor. Amor que era expresso por meio de gestos e atitudes. As palavras "eu te amo" não eram pronunciadas, porém, da sua maneira soube transmitir os valores para que nos tornássemos pessoas do bem.
Eu, minha irmã e minhas sobrinhas nos tornamos mães e só os nossos filhos poderão falar como somos.
Quais os exemplos que seguimos ou que deixamos de seguir? Os bons, com certeza!
Como dizem os poetas, as mães deveriam ser eternas. Mães que dão a vida pelos filhos. Que comem o pé do frango e deixam a parte melhor para seus filhos. Que os defendem com unhas e dentes! Mães, que criam e educam o filho, sozinhas.
Há muitas mulheres que, se dizem mães e, chegam a abandonar o filho por um motivo ou outro. Essas recebem o título de mães, sem merecimento. Não cabe a mim julgá-las, mesmo não compreendendo tal atitude. 
Para as mães, em geral, mãe Ana, mãe Olga e mãe Georgina (in memória) e todas as mães, jovens; imaturas; sofridas; guerreiras; maduras; trabalhadoras; batalhadoras; carinhosas; amorosas e acima de tudo felizes e agradecidas, vou deixar o trecho de um poema:

 PS: Às mães que, devido ao Alzheimer, não lembram mais dos filhos e àquelas que estão esquecidas num asilo!
AS PALAVRAS SÃO TÃO POUCAS
E TAMBÉM TÃO INFIÉIS,
PRA QUE EU DIGA NUM POEMA                       
UM POUQUINHO DO QUE ÉS.   
             
MÃE, NÃO CREIO QUE EXISTA,
SEJA LÁ POR ONDE FOR,
MAIS AUGUSTO E GENUÍNO,
DO QUE MÃE, O TEU AMOR!

POIS, TU ÉS O ACALANTO,
ÉS O LEITE QUE ALIMENTA,
ÉS A NOITE A SENTINELA,
SEMPRE ALERTA, SEMPRE ATENTA.
 (autor do poema: Marcos Ferreira)


Gostaria que no comentário, você deixasse o nome da sua mãe e uma pequena homenagem a ela. Sinta-se à vontade para expressar o seu amor. 
Afinal, qual o melhor presente para uma mãe? 

domingo, 1 de maio de 2016

Vítima do preconceito

Numa clínica de olhos, Artur encontrou sua alma gêmea! Bastou um olhar e meia hora de conversa para ele se apaixonar por Emília.
Que moça era aquela? Tão linda e simpática! Com cabelos longos e claros e um leve sorriso, ela o cativou. Mesmo percebendo que ela não encarava-o enquanto falava, não se incomodou. A voz dela era fascinante.
Durante o pouco tempo que conversaram ele ficou sabendo sobre a história dela. Emília nascera cega, mas levava uma vida normal. Estava habituada a se virar sozinha. Tinha um cão guia que a acompanhava.
Antes de ir embora, Artur marcou um encontro. No sábado seguinte se encontraram na praça e passaram a tarde juntos. Continuaram se encontrando durante dois meses. Artur foi conhecer os pais dela e a pediu em namoro. Ele estava muito apaixonado. Emília também se apaixonara por aquele rapaz tão carinhoso.
Artur era filho único e muito paparicado pelos pais. Trabalhava como contador numa grande empresa. Estava decidido a se casar e quis apresentar a namorada à família. Num final de semana levou Emília para almoçar em casa. Quando chegaram e ele a apresentou como namorada os pais a rejeitaram assim que viram que ela não enxergava.
Foram grosseiros e mal educados durante o almoço e Emília ficou sem graça, quis ir embora. Nunca se sentira tão rejeitada dessa maneira. Artur ficou abismado com a reação dos pais. Não esperava aquele comportamento deles. Nunca havia desconfiado que eles eram preconceituosos.
Levou Emília embora e pediu desculpas pelos pais. Ela achou melhor romperem o namoro, não queria ser motivo de discórdia entre Artur e sua família.
-Não vou deixar de amá-la só porque eles querem. Eu sou adulto e capaz de decidir a minha vida.
-Eles são seus pais e querem para você uma moça normal, não uma deficiente visual.
-É você que eu amo, que quero para minha esposa! Eles vão ter que aceitar a minha decisão.
Artur deixou-a em casa e retornou em seguida, disposto a ter uma conversa séria com os pais. Eles nem sequer deram oportunidade para que o filho abrisse a boca. A mãe falou por ela e pelo marido.
-Eu e seu pai já decidimos que não queremos mais que você traga essa moça aqui em casa. De agora em diante só receberemos a sua futura esposa se for uma garota normal. Como você pensa que uma cega vai cuidar da casa e dos filhos? Ela não consegue nem cuidar dela mesma!
Ouvindo aquelas barbaridades, Artur preferiu ficar quieto. Estava tão decepcionado com os pais que acabou emudecendo. Foi para o quarto e planejou o que faria.
Na segunda-feira, no intervalo do almoço, aproveitou para procurar um apartamento e planejar a sua saída de casa. Tinha idade suficiente para cuidar da sua vida. E assim, um mês depois foi morar sozinho. Pediu Emília em casamento e não convidou os pais para a cerimônia.
Como todo casal, um cuidava muito bem do outro. A sogra do Artur ajudava a filha com o serviço da casa. Emília estava acostumada a sair acompanhada pelo cão guia, quando precisava. Eles levavam uma vida normal.
Artur, com o passar do tempo, descuidara um pouco da saúde e devido à pressão alta, teve glaucoma agudo e perdeu a visão dois anos após o casamento. Quando ele conheceu Emília, na clínica de olhos, o oftalmologista havia alertado-o sobre a possibilidade.
Emília ensinou ao amado a leitura em braille e ele teve que aprender a viver do jeito dela. Para ela que estava acostumada com a escuridão, tudo parecia mais fácil. Para ele, foi difícil, quase entrou em depressão. Emília sempre paciente, ajudou-o a aceitar a nova condição.
Para os pais do Artur, antes tão arrogantes e preconceituosos, foi uma tremenda paulada na cabeça! Chegaram a pensar que foram castigados pelo fato de não aceitar a nora cega. Pediram perdão a Deus e ao filho. Se lamentaram perante a nora pelo que fizeram a ela.
Emília os perdoou, ela não era de guardar rancor, mesmo tendo sido vítima do preconceito deles. Ela sofrera na época, mas depois acabara aceitando a escolha dos sogros. No fundo ela sabia que eles haviam agido como todos os pais, que apenas querem o melhor para os filhos.
O amor que unira Artur e Emília transportara os dois para um mundo colorido e feliz apesar da escuridão! Um mundo repleto de carinho, solidariedade, tolerância e perdão.
Afinal, as melhores coisas da vida só podem ser sentidas pelo coração!

Como você agiria se fosse a mãe ou pai do Artur, quando conhecesse a Emília? 
Você já foi discriminado (a) de alguma maneira? Se foi, como reagiu?