sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Aventura em Capitólio



Uma semana de chuva de acordo com a previsão. A viagem programada há meses, chegou enfim. Na mala arrumada à véspera, biquínis, saídas de praia e shorts, além do protetor solar. O dia amanheceu chuvoso.

No grupo de viagens alguém comenta sobre a dança do sol. Outra, mais otimista diz que desde que não molhe a câmera, tudo bem, o resto é festa.

Eu, na dúvida, acrescento uma calça comprida, um agasalho e um guarda-chuva na mala. É melhor pecar por excesso do que por falta. Melhor prevenir do que remediar.

Não é certo reclamar do tempo, sabemos que a chuva é necessária, mas no final de semana anterior, foquei o pensamento positivo no sol.

Na rodoviária uma conhecida diz que nas viagens que faz, ela tem levado chuva, inclusive à Fortaleza que pouco chove.

- Por favor, não vá então, disse minha amiga, companheira de algumas viagens. Rimos muito!

Viajamos com chuva na esperança de que o sábado nos surpreendesse.

Na cidade próxima embarcaram mais duas amigas chegadas e outras pessoas conhecidas. Muita farra no reencontro.

Nas três paradas seguintes as poltronas foram todas ocupadas.

A viagem foi longa, a distância de acordo com a pesquisa no Google é de 652,3 km. Duas paradas para o lanche e banheiro.

Na última parada uma passageira passou mal e foi socorrida pela SAMU.

Chegamos no hotel em Piumhi, por volta das 8 horas onde trocamos de roupa e escovamos os dentes após o café.

Por causa da chuva o roteiro foi alterado. Não pudemos fazer as trilhas que estavam programadas.

Fizemos o tour acompanhados pelo guia turístico, pela cidade de Capitólio, sem descer do ônibus. Passamos por mansões de artistas e de políticos conhecidos que usufruem do dinheiro publico para benefício próprio.


Vimos a bela paisagem composta de plantações de milho, soja e café.

Fomos conhecer a Usina Hidrelétrica de Furnas. 





Na hora do almoço trocamos de roupa para o passeio de lancha. Nessa altura a chuva caía em pancadas. Usamos sombrinha e capa de chuva.

Eu já havia andado de lancha em Salvador, curti muito o passeio. Uma conhecida achou horrível, pensou que fosse morrer.

Algumas pessoas não quiseram fazer o passeio, preferiram ficar no ônibus.

Apesar do mal tempo conseguimos conhecer os cânions de Furnas (Serra da Canastra, Lago de Furnas, Capitólio, Minas Gerais, Brasil).

Nos encantamos com as cachoeiras magníficas. Maravilhas que encheram nossos olhos com tamanho esplendor.

Na volta paramos na casa de uma senhora onde além de saborear um ótimo café, pudemos comprar queijos, salame, goiabada e algumas bebidas da região.
Entramos no quarto lá pelas 19 horas. Tomamos um banho quente, nos arrumamos e fomos ao jantar com música ao vivo.

Uma comida muito boa. Muita alegria compartilhada. Algumas pessoas até dançaram um pouquinho.

A noite foi chuvosa e embalou nosso sono.

Na manhã seguinte, após o café, o guia nos esperava no saguão do hotel. Ele nos explicou que não poderíamos fazer uma trilha que constava no roteiro para aquele dia. Por causa da chuva constante durante a noite, a cachoeira estava interditada.

Fomos ao Mirante do Canyon de Furnas para tirar umas fotos. No mesmo lugar do dia anterior, só que do alto, uma vista incrível.






No almoço teve bolo para os aniversariantes do mês. Saímos às 14:20h. Já tínhamos no despedido do guia, uma pessoa simpática e carismática, no término do passeio.
O tempo havia melhorado.

Quando entramos no estado de SP o sol nos presenteou com uma imagem ofuscante.

Mais uma longa viagem com direito a duas paradas. Na primeira parada fui abordada no banheiro por uma das passageiras que estava sentada num banco da frente que me reconheceu. Trabalhamos juntas durante um ano na década de 90 numa escola rural. Trocamos contato. Senti não termos nos reconhecido no início da viagem.

Nesse final de semana pudemos constatar que não importa o clima, ensolarado ou chuvoso, o que vale são as amizades conquistadas ao longo do tempo ou àquelas feitas durante o passeio que fazem o dia ser perfeito.

Não podemos prever o clima ao programarmos uma viagem, o jeito é curtir o passeio com alegria.
Para nossa turma foi uma aventura, a primeira viagem em que pegamos mal tempo.

PS: Perdão pela quantidade de fotos que postei, mas não resisti. 

Neste post quero agradecer as organizadoras da RBR Tur que nos proporcionaram a oportunidade de conhecer Piumhi e Capitólio e o guia local, Adauto, que foi muito simpático e atencioso.


Obrigada pela visita,

Cidália.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

O tempo


Um pouco antes do almoço, numa manhã ensolarada, ela está na área da frente para apreciar o movimento da rua.

Seus cabelos molhados deixam marcas na fina e curta camisola de algodão. Foi a roupa mais fresca que encontrou no guarda roupa.

Há mais de três anos não compra uma única peça de roupa. Veste o que ganha dos filhos.
A última vez que saiu sozinha e comprou umas almofadas, ela nem se lembra quando foi.
Ali, em pé, encostada na parede, ela fica refletindo sobre a sua vida.  

Seus dias são sempre iguais.

De segunda a segunda.

Aliás, ela nem sabe mais em que dia, mês e ano está.

Ela não tem sequer um calendário.

Sua vida já foi tão movimentada e agitada como a de todas as mulheres que trabalham fora e cuidam dos filhos e da casa.

Nessa época, a melhor época da sua vida, ela era feliz e não sabia.

Às vezes reclamava da correria e da falta de tempo.

Mas e agora que ela tem tempo de sobra, de que lhe adianta? Tornou-se refém da solidão.
Os dias são longos. Ah, se os dias fossem assim quando ela precisava de tempo para realizar suas atividades diárias. Quanta coisa poderia ter feito. Ela poderia ter aproveitado muito melhor o tempo.

As viagens que poderia fazer ficaram distantes de tal maneira que nem em sonho ela viajava mais.

As amigas que nunca visitou por onde andavam? Provavelmente nem se lembravam mais dela. Eram apenas colegas de trabalho. Amigo verdadeiro se preocupa, procura saber como a outra pessoa está.

Ela não pode reclamar, pois tem amigas verdadeiras. Amigas que ela conta nos dedos de uma mão. Amigas que se importam, mas que não podem fazer nada para que sua vida volte a ser como nos velhos tempos.

De vez em quando ela pensa nessas “amigas”. O que elas estão fazendo?

Outras vezes ela se recolhe na sua concha e não pensa em nada.

Passa o dia em frente à TV sem se concentrar na programação. Só sabe as horas quando as refeições chegam a sua mão. 

Se ela voltasse no tempo agiria de maneira diferente. Continuaria dona de si, dona da sua vida, dona das suas vontades.

O tempo pode ser seu aliado ou implacável. Ah, se ela pudesse voltar no tempo! 

E você, o que faz com seu tempo disponível? Aproveita-o da melhor maneira possível?


Grata pela sua visita,

Cidália.



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Aborrecência


Adolescentes, chamados por muitos de aborrecentes, só querem curtir a vida sem pensar nas consequências.

PS: Não estou generalizando, conheço muitos jovens bem educados e responsáveis.

Acordei uma manhã ouvindo um bate boca entre uma vizinha e seu filho adolescente. Não entendi o que estava acontecendo, porém pela alteração das vozes, deduzi.

Sei que não é da minha conta o que acontece na casa ao lado. Então, por que estou falando sobre isso neste texto?

Talvez para fazer uma comparação com os adolescentes de antigamente e os de hoje em dia.

Comecei a trabalhar aos 13 anos com meu pai num pequeno comércio que vendia de tudo, material escolar, doces e bebidas. Eu o ajudava muito no período em que não estava estudando.

Tive algumas paqueras. Naquele tempo era comum os pais serem os últimos a saber sobre os namoricos dos filhos.

Uma vez pedi par ir à festa do sorvete na escola e acabei indo ao clube me encontrar com um rapaz que eu estava paquerando. Minha sobrinha mais velha, que era um ano e oito meses mais nova que eu, era a minha cúmplice.

Um parente que me viu beijando o tal rapaz (era uma aula de beijo, rsrsrs), contou ao meu pai. Quando cheguei em casa fui recebida com violência. Foi a única surra que levei do meu pai, ele já tinha me dado um tapa no bumbum quando subi numa árvore na infância, mas aos quinze anos apanhei para valer.

Depois desse acontecimento namorei um garoto da minha rua para fazer o gosto da minha mãe. Um belo dia terminei com ele, cansada de fazer os gostos dela.

Aos dezesseis anos comecei a namorar com a aprovação do meu pai, isso após ele correr atrás de mim para me bater quando soube que eu estava voltando acompanhada da escola. Dessa vez ele não conseguiu, escapei dele. Três dias depois dele ficar sem falar comigo, meu namorado foi pedir a minha mão.

Esse namorado se tornou meu marido quase quatro anos após essa data.

Hoje a maioria dos adolescentes não tem horário para chegar em casa. Os pais perderam a voz. São poucos os que ainda ouvem seus progenitores. Em algumas famílias são os filhos que falam mais alto.

Quantas vezes ouvi, nas reuniões de pais e mestres, algumas mães dizerem que não sabiam o que fazer com os filhos, crianças de apenas 8 ou 9 anos. Eu pensava: meu Deus, como será então na adolescência!

Sou totalmente contra a violência, meu filho nunca levou um tapa sequer de mim. Do pai ele levou duas palmadas, ao meu ver, desnecessárias.

Educar um filho não é tarefa fácil, mas os papéis não podem ser invertidos.

Com a evolução do tempo muitas coisas mudaram e infelizmente alguns valores ficaram adormecidos.

Tenho pena dos professores que têm que aguentar a rebeldia de alguns alunos. Alunos que não têm limite, que são desobedientes e mal-educados. Alunos que se tornam jovens infratores como alguns menores que estão constantemente nos noticiários.

É comum ouvirmos que um menor de idade assaltou ou até mesmo matou uma pessoa. Isso é muito triste.

As crianças e os adolescentes têm seus direitos, porém devem ter, também, deveres a cumprir. 

Obrigada pela visita,

Cidália.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Noite aterrorizante



Aquele dia foi um dia corrido, porém, muito bom. No roteiro, vários passeios em Curitiba, PR. Após a parada para o café, uma feirinha para quem estava a fim de comprar alguns presentes ou simplesmente admirar os trabalhos dos artistas locais.

A turma, animada, andou muito em pouco tempo. A próxima parada foi um parque muito conhecido. Ali a turma teve uma hora para as fotos.

Saindo dali a turma foi para o restaurante. O almoço foi muito bom. Em seguida, todos tiveram um bom tempo para mais fotos e comprar chocolates, vinho e queijo se quisessem.
Depois foi a vez de conhecer um outro parque e tirar mais fotos.

Para finalizar o passeio, uma peça de teatro, enquanto a pipoca era saboreada.

No retorno para casa, uma parada para o lanche.

Mas, depois de algum tempo que tínhamos saído do restaurante, algo inesperado aconteceu.

De repente o ônibus parou bruscamente, por volta das 20 h, em meio a um tiroteio. Alguém gritou para deitarmos no chão. Parecia que estávamos numa cena daquelas que a gente vê nas reportagens policiais.

- Deitem-se no chão, disse alguém, enquanto os tiros eram ouvidos.


Alguns passageiros dormiam e outros conversavam. O desespero foi geral. Aqueles que dormiam acharam que estavam tendo um pesadelo. Pessoas gritavam e choravam a cada tiro. Eu e minha amiga nos abaixamos no chão com a cabeça sobre as poltronas. 

- Quem tem sinal para ligar para a polícia, outra pessoa perguntou.

Uma das guias conseguiu, enfim, ligar para a polícia que, depois de algumas perguntas, pediu que a ligação fosse transferida para a polícia federal.

Nunca rezei tanto na minha vida como naquele momento. Não gritei, não chorei. Pedi à minha amiga para que fizesse as orações comigo. Essa minha amiga já havia sido assaltada dentro do ônibus em que estava indo para o Brás. 

Outras mulheres também começaram a rezar. 

Alguém pensou no motorista.

Lá fora os tiros continuavam. Dentro do ônibus, mais gritos, choros e orações.

As guias ficaram preocupadas com o motorista sozinho lá na frente. Depois de um tempo conseguiram fazer com que as pessoas parassem de gritar a cada tiro. Pediram para que todos fizessem suas orações em silêncio.

Dentro do ônibus tudo escuro. O motorista deitou-se, também, no chão. Mais tiros e tiros. Os passageiros tentaram esconder alguns pertences mais importantes.

Ficamos ali abaixados por um bom tempo até que os tiros cessaram.

Dali a pouco um policial mandou que o motorista seguisse viagem, o alvo não era o nosso ônibus. Os alvos dos bandidos eram dois ônibus que estavam seguindo para fazer compra no Brás, em São Paulo. 

Os tiros foram trocados com a escolta deixando um dos seguranças ferido.

Nós só demos o azar de estarmos ali naquela hora.

Graças a Deus que nada aconteceu conosco. O susto foi grande, porém a fé foi maior.

Os passageiros levantaram-se do chão agradecendo a Deus o livramento. Ocuparam seus lugares, enquanto o motorista seguia seu percurso.

- Estamos vivos mamãe, comentou uma das crianças presentes, que estava a minha frente.
  
 Ao descer na rodoviária, onde meu marido me esperava, minhas pernas estavam bambas. Ele fez um chá calmante para eu dormir.

No dia seguinte uma das guias me mandou o link da notícia que havia saído num jornal do Paraná. 

Na notícia eram citados 3 ônibus. 

Se a polícia não chegasse a tempo, será que os bandidos abordariam o nosso ônibus?

Graças a Deus que tudo terminou bem para nós. Nos ônibus em que eles entraram além de roubar ainda agrediram os passageiros. Infelizmente, fugiram!

Grata pela visita,

Cidália.