Sentada sob a janela do trem maria fumaça, a bela morena de
cabelos pretos, presos num rabo de cavalo, e olhos castanhos observa a paisagem
e as pessoas que vão ficando para trás.
Por um momento ela esquece as amigas que estão no vagão.
Seus pensamentos vagueiam através do tempo.
O balanço do trem lembra que a vida já teve um ritmo bem lento.
Numa época em que o dinheiro chegava pelo trem pagador e que as cabines eram
luxuosas para acomodar os membros da nobreza. (https://www1.folha.uol.com.br/turismo/2019/08)
Essas histórias que ela ouvia na escola e anos mais tarde
ensinava aos alunos, estavam vívidas na sua cabeça.
A bela morena se imaginou a própria imperatriz sentada naquele
vagão indo ao encontro do imperador. Os servos estavam ali para acompanhá-la.
Em breve ela estaria se curvando diante daquele que agia como se fosse seu
dono.
Assim como aqueles pensamentos apareceram, rapidamente se
distanciaram da sua mente.
Jamais ela trocaria a sua vida pela vida daquela imperatriz
do século XVIII. Nem mesmo por um segundo. Nem que fosse para usufruir do luxo
e mordomia. Nem que fosse para usar aquela roupa pomposa.
A liberdade não tem preço.
A bela morena é uma mulher independente. O marido é seu
companheiro, não seu dono. Ela continua a trabalhar porque gosta daquilo que
faz.
Quando quer viajar com as amigas o marido a apoia. Ele prefere
ficar em casa. Quem gosta de perambular e conhecer novos lugares é ela.
O trem chega ao seu destino e a bela morena desce com as
amigas. Elas tiram muitas fotos e planejam a próxima viagem.
Sentir-se como a imperatriz, mesmo que por um breve
momento, serviu para lhe mostrar quão boa é a sua vida.
Aquele passeio de 45 minutos, de São João Del Rei à cidade de Tiradentes, MG, mostrou a ela que cada um tem
que viver a vida da melhor maneira possível. Sem fazer comparações. Talvez a
imperatriz tenha sido uma mulher feliz curvando-se diante do esposo. Ou quem
sabe ela tenha encontrado um jeito de enganá-lo para buscar a sua felicidade.
Quanto a ela tem que pensar na sua realidade, nos dias atuais.
Quanto a ela tem que pensar na sua realidade, nos dias atuais.
Num próximo passeio de trem a bela morena quer se sentir
ela mesma. Não gostou de se imaginar alguém de um século que ficou para trás, mesmo essa pessoa fazendo parte da história do seu país.
E você, gostaria de ter vivido no século XVIII?
E você, gostaria de ter vivido no século XVIII?
Grata pela visita,
Cidália.