domingo, 24 de novembro de 2019

À espera



Caminhando lentamente com o apoio de uma bengala, ela consegue chegar até o portão.

Ali, ela fica durante algumas horas esperando ver alguém conhecido. Faz muito tempo que não conversa com ninguém a não ser os membros da família. 

O coque, na cabeça, feito por uma das filhas, talvez. A bolsa, vazia, dependurada no braço. A vontade de sair caminhando, pela rua, para ver gente e jogar conversa fora era grande. 

Um ventinho gelado a faz tremer e ela pega o casaco que estava no canto do portão. Ela não lembra quando o colocou ali. Nem sabe se aquele casaco era seu ou de alguém que o deixou por algum motivo.

Ela sente falta das amigas que sumiram. Não sabe por que a abandonaram. Quem sabe na última visita ela tenha ficado de boca fechada e isso as afastou. Será que pensaram que ela não queria mais recebê-las? Naquele dia, ela não estava se sentindo bem, estava muito distraída.

Enquanto ela deixa a mente vagar continua ali encostada no portão até que passa uma conhecida. Ela a aborda e aproveita para conversar um pouco. Precisa desabafar.

As duas ficam horas ali, em pé, uma do lado de dentro e a outra do lado de fora do portão.
Como ela estava precisando daquilo! Há muito tempo não conversava daquela maneira. Ela nem se importa com as dores nas pernas.

Depois de algum tempo a conhecida vai embora, ela dá meia volta e caminha lentamente para dentro de casa. 

As pernas cansadas precisam de repouso. Ela sobe com dificuldade os poucos degraus que a separam da sala. Chega ao sofá e desaba. Fica ali sentada lembrando das suas saídas do passado.

Sim, num passado, agora distante, ela gostava de sair para ir ao mercado, ao salão de cabeleireira ou às lojas para comprar algo. Cumprimentava as pessoas que encontrava e às vezes parava para conversar com elas.

Nesse mesmo passado ela participava de encontros com o pessoal da terceira idade e chegara a paquerar. Era uma turma animada que gostava de dançar e viajar.

Ela nunca mais tivera contato com qualquer uma daquelas pessoas. Não tinha ideia do que havia acontecido com aquela gente tão animada. Será que eles também estavam impossibilitados de sair de casa, assim como ela?

O final do ano se aproxima e ela nem se dá conta que em breve será natal novamente e que um novo ano está para chegar. Ela nem sequer imagina que a cidade já começa a ser enfeitada. Ou que há uma programação para o final do ano.

Para ela todos os dias são iguais. A diferença é que em alguns dias ela fica inerte no sofá, olhando para a TV sem prestar atenção na programação, com a cabeça vazia, e em outros dias sente muita saudade da mulher que foi um dia. Lembra das amigas e de tudo que ficou no passado.

Os momentos de lucidez estão ficando cada vez mais raros. Mas, nesses momentos as amigas não saem da sua mente. Quem sabe elas deixaram de visitá-la porque ficaram entristecidas com a sua debilitação.

E as vizinhas por onde andam? Será que a família proibiu as visitas? Ela espera que qualquer dia desses, num desses dias em que a memória esteja ativa, suas amigas apareçam. É triste sentir que a memória está ficando cada vez mais esquecida e mais triste, ainda, se sentir esquecida, abandonada.

Petição por Presença: (Texto retirado da internet)

APENAS ESTEJA AQUI COMIGO.

Assinado: A Lua. As estrelas. O verão. Sua xícara de café ainda quente. Sua filha. Seu filho. Seu amor. Seu coração. A grama verde. As flores selvagens. As águas em que você tanto quer nadar. A cor amarela. A cor azul. Seu poema favorito. Seu cobertor favorito. O vento no seu cabelo. As ondas do mar. O ar da montanha. Seu pai. Sua mãe. A chuva. O cone de sorvete. A manteiga derretendo com alho na frigideira. O atendente da mercearia com olhos tristes e gentis. Cartões postais esperando para serem enviados. O esquilo da cidade. O esquilo do país. Júpiter. O álbum de fotos. O rosário da sua avó. Sua música favorita. Papel e caneta. Seu melhor amigo. O dinheiro na sua carteira. O garfo na sua mão. Pincéis e tintas. A postura do cachorro. A cor turquesa. O quase invisível tom de rosa. Deus. O horizonte. A terra sob seus pés. Seu projeto de paixão. A sombra de uma árvore gigante. Este momento, aqui e agora. Seus ossos. Sua gargalhada de doer. Sua respiração. Sua respiração. Sua respiração.


PS: Ilustração do meu sobrinho Marcos Wagner.

Grata pela visita,

Cidália.

domingo, 10 de novembro de 2019

Alimentação x Saúde



Recentemente fiz um curso online sobre os segredos da longevidade. Em apenas 4 aulas pude aprender muita coisa.

“É possível reverter o envelhecimento não importa a idade.” (Flávio Passos)

Para isso acontecer a qualidade de vida é fundamental; o estilo de vida faz muita diferença.

Estamos cansados de ouvir sobre a relação da alimentação com a saúde, como diz o ditado, o peixe morre pela boca.

Porém, segundo o palestrante o ser humano não pensa na saúde como projeto a longo prazo, só se dá conta quando a perde ou quando surgem alguns sintomas.

As doenças crônicas aumentaram consideravelmente, mas poderiam ser evitadas.

Devemos ter consciência na escolha dos alimentos (bons nutrientes, boa qualidade).

“Faça do seu alimento o seu remédio.” (Flávio Passos)

“É possível reverter as doenças crônicas fazendo a escolha certa dos alimentos e ainda desacelerar a velhice.” (Flávio Passos)

“Cuidar do corpo é como cuidar de um jardim. (Flávio Passos)

“Açúcar em excesso enfraquece, engorda, prepara o terreno para o surgimento de doenças graves; acelera o envelhecimento das células e dos tecidos do corpo.” (Flávio Passos)

Outro dia encontrei uma senhora no sacolão que contou que a diabetes dela chegou a 500. Ela estava comprando batata doce porque lhe disseram que faz bem. Espero que ela se cuide.

Eu já havia tirado o açúcar do café há um bom tempo, agora só falta diminuir o doce (numa festa meus olhos vão direto para os docinhos). Em casa estou me policiando, pois a cada colherada de açúcar novas rugas surgem.

Em contrapartida refleti sobre a dificuldade que temos em seguir uma alimentação saudável. Para conseguirmos uma verdura fresca, por exemplo, temos que ter uma horta em casa.

Os produtos orgânicos são muito caros e difíceis de serem encontrados numa cidade pequena. Ingredientes usados em determinadas receitas não fazem parte da nossa lista.

Os suplementos indicados têm um preço inacessível, pois de acordo com a recomendação devem fazer parte da rotina.

Após assistir as aulas comecei a pesquisar sobre os alimentos e a procurar receitas saudáveis e fáceis para fazer. Farei o que estiver ao meu alcance para estar bem comigo mesma. Cada um sabe o que é melhor para si.

PS: Já me inscrevi para fazer outro curso online na terça-feira.


Grata pela visita,

Cidália.