Talvez alguns leitores pensem no fato deste blog falar muito sobre os idosos. Apesar de esquecer de vez em quando, como outro dia na fila da lotérica, eu sou idosa. Gosto, portanto, de refletir sobre muitas situações que vejo ou que escuto.
Desta vez quem me levou a escrever este texto foi um idoso de 80 anos que viveu sozinho e longe dos filhos durante muito tempo. Cada vez que ele recebia a visita de um dos filhos ficava muito feliz.
Morando no centro da pequena cidade, ele tinha acesso ao mercado, padaria, restaurantes, igreja, Banco, e principalmente, aos amigos.
Seu passatempo era sair após o almoço e se encontrar com os amigos para um bate papo. Sentados na calçada de uma loja ou num banco da praça, passavam horas conversando. Naquela roda de amigos ele ficava por dentro das novidades. Seu irmão caçula também participava desses encontros, às vezes. Quem disse que homem não fofoca?
De vez em quando ele ia tomar café na casa das sobrinhas ou na casa de alguma conhecida.
Sua vida seguia tranquilamente até o dia que alguém da sua família falou que na idade dele, ele não poderia mais morar sozinho.
Apesar de se virar muito bem, ser um homem organizado, ter autonomia para pagar as suas contas, aceitou se mudar para a cidade grande para morar perto do filho. Antes, construiu uma casa para si. Não queria morar junto com o filho. O bairro onde foi morar, um lugar perigoso, o assustou no início. Suas asas foram cortadas. A princípio, tudo transcorreu muito bem em família. Ali ele tinha alguém que o acompanhava em consultas médicas, etc. A dificuldade para ele andar de ônibus sozinho era grande.
Ele tornou-se uma pessoa dependente.
Ali naquele bairro, a área comercial era distante. Ao menos a marmita ele pedia por telefone como já era habituado.
O tempo foi passando e ele cada vez mais arrependido por ter deixado se levar. Segundo as suas palavras, passaram a decidir por ele, ele perdeu a voz. Não perdeu totalmente a autonomia, porque ainda é capaz de receber e pagar as suas contas.
A velha casa permanece fechada na pequena cidade de onde jamais deveria ter saído.
Ele passa os dias se lamentando por ter ido morar naquele lugar onde não consegue ter a liberdade para sair e fazer amizades. Seu sonho é voltar para a sua cidade natal.
Se ele não podia morar sozinho aos 75 anos, imagina agora aos 80 anos!
Os sonhos ninguém pode tirar dele, pois carrega dentro de si uma energia positiva.
Ele vive um dia de cada vez com a esperança de que ainda voltará para a sua velha casa. Ainda é um homem forte, lúcido que não quer ser um fardo para os filhos.
Que bom seria se os idosos tivessem autonomia para tomar as decisões até o final da vida. Claro, isso se estivessem com as faculdades mentais normais.
Hoje em dia vemos tantos idosos ativos, se exercitando ou até mesmo trabalhando. Sem falar em inúmeros idosos que estão ativos entre os políticos.
Podemos pensar que graças a Deus que o personagem deste texto tem uma família que se preocupa com o seu bem estar, enquanto sabemos da existência de idosos abandonados numa casa de repouso.
Enfim, fica aqui uma reflexão e o pedido a Deus de que todos os idosos vivam bem, com dignidade e amparo.
\você, leitor, jovem ou idoso seja feliz acima de tudo.
Obrigada pela visita,
Cidália.