Contos da cabana
Cada leitor tem o seu estilo e gosto preferido pela leitura. O blog surgiu pela imensa vontade de escrever e apresentar aos leitores contos variados para seu momento de lazer.
segunda-feira, 16 de junho de 2025
O retorno
Há uns quatro meses desaparecido.
Numa certa manhã, a sua falta foi notada.
-Tia, adivinha quem apareceu? Magro, machucado, sujo, com os dentes moles, esfomeado.
A dona entra em contato com a veterinária.
Como na música de Roberto Carlos,
segunda-feira, 28 de abril de 2025
Vida mansa
Vida boa, dormindo ali naquele canto.
Pessoas vêm e vão e ele ali a dormir.
Horas observando-o e apenas uma vez ele se levantou, andou um pouco sem se afastar do lugar, voltou ao seu canto, mudou de posição e caiu no sono novamente.
Será que seu dono está por ali?
Não tem nenhuma vasilha de água ou ração por perto.
É a primeira vez que ela o vê naquele lugar.
Provavelmente ele está esperando alguém.
Vida mansa.
O lugar escolhido por ele é fresco.
Ele se espreguiça, muda de posição e dorme.
Que sono!
Ela deixa seus pensamentos fluírem. Pensa na tranquilidade daquele cachorro.
As pessoas passam por ele e ele sequer levanta a cabeça.
Não está nem ai.
O que ele quer é ficar ali deitado, dormindo.
Ela volta a pensar que ele está esperando alguém, seu dono.
Mas a verdade ela não saberá.
Só poderá imaginar.
quarta-feira, 26 de março de 2025
Um amor maduro
Um dia como outro qualquer.
Uma manhã normal.
Ela chama um Uber para levá-la ao laboratório.
Ela saiu de casa como sempre, sem se preocupar com a aparência. Ela gosta de se sentir confortável dentro de um moletom. No rosto apenas o protetor solar. Nada de maquiagem. Naquela manhã fria ela queria se sentir aquecida.
Eles se encontram na fila da triagem.
Ele passou por ela e foi sentar-se, logo em seguida fez sinal para que ela se sentasse ao seu lado. Quando seus olhares se cruzaram ela notou que os olhos dele eram azuis. Os cabelos grisalhos o deixavam sedutor. Ela esboçou um sorriso enquanto o encarava.
“Que homem distinto!" Ela pensou.
Ele também, naquele momento, ficou encantado por aquela mulher que lhe dirigia um olhar travesso. Uma mulher madura com um sorriso cativante.
Ambos sentiram algo que há muito tempo não sentiam.
Foi uma atração mútua.
Ela fez a sua ficha e foi sentar-se ao seu lado. Por coincidência foram fazer os exames no mesmo andar. Sentaram juntos, novamente, enquanto aguardavam a vez. Desceram o elevador e ele perguntou se ela estava de carro. Ela disse que tinha pego um Uber, então ele se ofereceu para levá-la para casa. No momento ela relutou, pois não o conhecia. Em seguida viu que ele era uma pessoa confiável e aceitou a carona. Ele a levou e conversaram um pouco dentro do carro. Trocaram um beijo de despedida. Ela se encaminhou em direção a sua casa, feliz por ter conhecido um homem lindo, alto, de olhos azuis e educado.
Cada um tomou seu rumo levando consigo, no pensamento, aqueles momentos que passaram juntos.
Naquele mesmo dia, no final da tarde, trocaram mensagens.
Depois daquele dia ele a convidou para almoçar e aí tudo começou.
O que aconteceu com eles foi amor à primeira vista.
O casal se tornou inseparável, passeios nos finais de semana, academia no final do dia e jantares românticos.
Por enquanto o casal aproveita cada momento junto para curtir a vida.
Passar o domingo num parque, subindo em árvores, fazendo piquenique e admirando a natureza enquanto caminham são coisas que gostam de fazer. Querem somente viver!
Estão juntos há oito meses.
O que o futuro reserva para eles? Só o tempo dirá!
Soneto da fidelidade | Vinícius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
quarta-feira, 12 de março de 2025
Ouvidos aguçados
Olhos curiosos observam àquela senhora de calça jeans e um salto fino, altíssimo. Como ela, no auge dos sessenta e tantos anos, consegue se equilibrar naquele salto?
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Sala de espera
Pacientemente, ela espera por ele do lado de fora. A sala de espera está cheia, o calor é muito, apenas um ventilador para refrescar o ambiente.
Enquanto espera, ela observa as pessoas ao seu redor.
Pacientes que esperam ser chamados.
Pacientes que entram deitados em macas.
Pacientes que esperam pela ambulância.
Pacientes que descem de diferentes tipos de carros.
Acompanhantes e pacientes que olham o celular.
Crianças que brincam enquanto esperam seus pais.
Ela sente a dureza do banco de cimento.
Quanto tempo ele vai demorar para terminar a medicação?
Pacientes saem apoiados em muletas.
Funcionários usando jalecos brancos ou apenas com um crachá, dependurado no pescoço, passam por ela.
Pacientes, impacientes, balançam as pernas, olham o relógio.
Ela observa e digita.
Ela digita e observa.
Ela pensa em se levantar. Precisa esticar as pernas.
Pacientes saem com um sorriso nos lábios apesar dos problemas que os afligem.
Cada paciente que por ali passa, carrega dentro de si sofrimentos inimagináveis.
De repente o cheiro de comida que sai do refeitório entra pelas suas narinas.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
O sono
Ela se vira pra lá e pra cá, estica uma perna, depois a outra, encolhe as pernas, levanta os braços. Levanta-se, liga o ventilador, vai ao banheiro, volta para a cama, se cobre. O barulho do ventilador a incomoda, ela o desliga. Abre a janela. Olha o relógio. Começa a fazer a contagem regressiva a partir de 1000. Respira profundamente. Volta a olhar o relógio. Procura novas posições. A hora passa e ela continua à espera do sono. Não tem como tomar um copo de leite, precisa ficar em jejum para fazer um exame de sangue na manhã seguinte.
Então, ela se levanta e muda para o outro quarto. Deita-se e rola pra lá e pra cá esperando encontrar a melhor posição. Olha o relógio. Ela precisa dormir. A falta do sono é prejudicial à saúde.
Enfim, após muita briga, o sono chega. Ela acorda com o toque do celular. É hora de levantar-se. A vontade de permanecer mais um pouquinho é grande, mas a preocupação de perder a hora é maior.
Após o almoço ela deita-se no sofá com o ventilador ligado e dorme meia hora. Ela espera que a noite seja melhor que a anterior.
Dizem que a pessoa idosa dorme muito, basta sentar-se e já está dormindo. Sinceramente, penso que acontece isso, porque o idoso dorme pouco durante a noite.
Ficar dependente de medicamentos para dormir não é algo que ela queira, então vai procurar outras formas de se conectar com o sono. Talvez começar a ler algum livro a ajude, quem sabe?
Sentada, assistindo um filme ou seriado, ela cochila, a cabeça pende. O sono é uma coisa interessante, quando ela quer ficar acordada ele aparece.
Certamente muitas pessoas sentem dificuldades para dormir. O que fazer quando o sono sumir?
Isso acontece com você?
O que você faz para ter um sono de qualidade?
Fazer uso de medicamentos é a solução?
Um chá de camomila ou um copo de leite é a melhor opção? Uma amiga disse que quando perde o sono, ela toma um copo de leite com farinha de milho. Será que funciona?
O sono ideal deve ser reparador, sem interrupções, e a quantidade de horas necessárias depende da idade. (Frase copiada da internet)
Obrigada pela visita,
Cidália.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Um dia qualquer
O cheiro do combustível entra nas suas narinas enquanto ela espera, pacientemente, pelo marido.
De vez em quando uma brisa suave sopra em seus ouvidos.
Sentada na mureta do restaurante, celular nas mãos, pensamentos afloram a sua mente.
Carros, motocicletas e caminhões passam a sua frente, num frenesi enorme.
Outros param, enquanto ela passa a mão pelo rosto para limpar o suor.
Ela apenas observa o vai e vem de automóveis e pessoas.
Um conhecido para e a cumprimenta.
Seus dedos voltam-se para o teclado do celular..
O vento volta a soprar seus cabelos.
Ela descruza as pernas, olha ao redor.
O telefone toca, um número desconhecido, ela não atende.
O marido, gentilmente, lhe oferece um copo de água.
A água refresca a sua boca e desce suavemente pela garganta.
O ponteiro do relógio não para.
Ela lembra da panela elétrica que ficou cozinhando o arroz e do feijão cozido na panela de pressão esperando para ser temperado.
O dia está apenas começando, mais um dia de fé e esperança.
No dia anterior, no mesmo horário, ela estava recebendo um prêmio por ter sido uma das vencedoras do sorteio natalino.
Sim, vencedoras, foram quatro mulheres. Após alguns minutos o marido avisa que o serviço no carro foi concluído. Já podem voltar para casa.
Eu vou ouvir uma voz que me chama
Eu vou subir a montanha e ficar bem mais
Perto de Deus e rezar
E acompanhar toda minha escalada
E ajudar
A mostrar como é o meu grito de amor e de fé
Que as estrelas não parem de brilhar
E as crianças não deixem de sorrir
E que os homens jamais
Se esqueçam de agradecer
Obrigado, Senhor, por mais um dia
Obrigado, Senhor, que eu posso ver
Que seria de mim sem a fé
Que eu tenho em você por mais que eu sofra
Obrigado, Senhor, mesmo que eu chore
Obrigado, Senhor, por eu saber
Que tudo isso me mostra o
Caminho que leva a você mais uma vez:
Obrigado, Senhor, por outro dia
Obrigado, Senhor, que o sol nasceu
Obrigado, Senhor, agradeço: obrigado, Senhor
Por isso eu digo:
Obrigado, Senhor, pelas estrelas
Obrigado, Senhor, pelo sorriso
Obrigado, Senhor, agradeço: Obrigado, Senhor
Mais uma vez:
Obrigado, Senhor, por um novo dia!
Obrigado, Senhor, pela esperança!
Obrigado, Senhor, agradeço: Obrigado, Senhor
Por isso eu digo:
Obrigado, Senhor, pelo sorriso!
Obrigado, Senhor, pelo perdão!
Obrigado, Senhor, agradeço: Obrigado, Senhor
Mais uma vez:
Obrigado, Senhor, pela natureza!
Obrigado, Senhor, por tudo isso!
Obrigado, Senhor