domingo, 20 de dezembro de 2020

2020

 



Parece que foi ontem que o mundo despertou numa pandemia. Notícias alarmantes e tenebrosas.

As pessoas, assustadas, com medo de sair de casa.

Escolas, igrejas e comércio fechados.

Lotações em ônibus, afinal os trabalhadores que precisam do transporte coletivo não têm opção.

Tudo isso vai passar, foi a frase mais falada e escrita nas redes sociais.

O número de óbitos aumentando consideravelmente.

Março, abril, maio...

Horário para os idosos são estabelecidos nos mercados.

Sair de casa? Só em caso de extrema necessidade.

Exames e consultas médicas desmarcados, adiados.

Quarentena, distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel, lavagem das mãos e higienização dos alimentos.

Cuidados com o calçado e a roupa de sair.

Muitas lives nas redes sociais de cantores e demais artistas.

Junho, julho...

Notícias tristes visualizadas quase toda semana no facebook.

Um conhecido, um amigo ou parente que estava contaminado.

Um primo que morava em Goiânia perde a batalha para o vírus, muito triste.

O número de óbitos aumentando nas pequenas cidades.

O país dividido, de um lado pessoas com medo respeitando os cuidados, do outro pessoas lotando praias e promovendo aglomerações.

Abre comércio, fecha comércio.

Agosto...

Uma triste notícia, um cunhado que não resiste ao vírus. Família inconformada. Ele estava trabalhando em casa e mesmo assim foi contaminado.

Igrejas reabrem as portas com todas as medidas de segurança.

Setembro, outubro, novembro....

Escolas continuam fechadas.

Viagens de excursão voltaram a ser realizadas.

Pessoas com medo x pessoas nem aí. Na concepção de muitos a diversão vence o medo.

Mais conhecidos e amigos perdendo a batalha.

A vacina dividiu opiniões. Uma questão de política. Obrigatoriedade x consciência.

Enquanto o número de infectados e óbitos está aumentando, a população continua dividida.

Março, com 300 mortes em um dia na Itália: todo mundo em casa, palmas na janela para os profissionais de saúde. Dezembro, com mais de 900 mortes por dia no Brasil, subindo, em pleno verão e chegando a 200 mil mortes: todo mundo saindo e os profissionais de saúde que se virem. (Átila Iamarino, biólogo)

Dezembro...

O Natal está se aproximando.

Recomendações para que não sejam promovidas aglomerações nem mesmo na família são feitas.

Em alguns lugares manifestações são feitas. Muita gente sem máscara.

Na tevê, imagens de aglomerações são exibidas diariamente.

Os casos positivos continuam aumentando.

Pessoas conhecidas e artistas famosos não conseguem sobreviver ao vírus.

Mensagens desestimulando as visitas são divulgadas.

O abraço e o aperto de mão continuam proibidos.

As luzes de Natal enfeitam as cidades.

As árvores natalinas são armadas e enfeitadas. A magia do Natal faz a esperança renascer.

Que o menino Jesus abençoe a todos!

Que em cada coração brote a paz, o amor, a empatia, a solidariedade...

Que, acima de tudo, a gratidão faça parte da vida de cada pessoa.

Que Deus proteja àqueles que precisam sair para trabalhar e que dependem de ônibus lotado.

Que a saúde, o bem mais precioso, seja preservada.

Que o respeito entre as pessoas seja mútuo.

Que 2021 seja um ano bom para todos.

Que o vírus seja exterminado.

Que os abraços sejam liberados.

Amém.

Grata pela visita,

Cidália.

 


domingo, 6 de dezembro de 2020

Força e coragem

 


Dentro do corpo pequeno, ainda forte, de 80 anos, habita uma mulher muito simpática e querida pelos vizinhos e amigos, com muita ânsia de viver.

Ela é vaidosa, gosta do cabelo enrolado, feito permanente, e de usar pulseiras e colares.

Devido a pandemia ela mesma pinta os cabelos e as unhas. Apesar de não sair para fora do portão, gosta de se sentir bonita. Sem poder ir à academia onde fazia Pilates, faz os alongamentos em casa.

É uma excelente cozinheira, faz deliciosos pratos salgados e doces.

Na época em que trabalhou numa escola fez muita coxinha para as quermesses anuais, assim como cozinhou para os professores.

Depois de aposentada reuniu uma turma por muitos anos na sua casa no mês de dezembro para a confraternização da poupança (ela e um professor eram os responsáveis).

Por 50 anos fez as famosas coxinhas para as quermesses anuais da igreja. Esteve presente em todos os eventos participando do coral e ajudando na cozinha. Uma mulher dinâmica e ativa que só deixou de participar dessas atividades por causa dos joelhos que a incomodam muito.

Ela anda com o apoio de uma bengala, mas isso não a impede de cuidar da casa e de limpar o quintal quando está sem dor. É uma mulher independente, paga suas contas e controla seu salário.

Seu passatempo é costurar, fez máscaras para ela e para a família.

Ela tem uma vizinha, amiga e confidente, que é seu braço direito.

No dia da eleição ela quis votar num amigo para vereador. Levantou-se às 7h e se arrumou. Escolheu a melhor roupa. Sua carona chegou às 9h. Ficou muito feliz em reencontrar as pessoas conhecidas após tantos meses sem sair de casa. Não pode abraçá-las, mas o carinho que recebeu foi gratificante.

Como estava arrumada, aceitou o convite da caronista para ir à igreja. As dificuldades para andar com o apoio de uma bengala foram esquecidas naquela manhã. Ela se sentiu muito bem na missa, feliz em ouvir a palavra de Deus.

Ela aguarda pacientemente ser chamada para fazer a cirurgia, tem esperança de ficar livre das dores que sente constantemente. Não vê a hora de não precisar mais dos medicamentos que só aliviam temporariamente as dores. Ela, ainda, tem muita força e coragem para enfrentar a vida.

Ela pretende voltar a receber os amigos para um almoço depois que essa pandemia passar e que seus joelhos parem de incomodá-la. A saudade de tê-los por perto é grande.

Por enquanto ela tem que se contentar com as lembranças dos abraços e o  sorriso dos amigos.


Obrigada pela visita,

Cidália.