domingo, 20 de dezembro de 2020

2020

 



Parece que foi ontem que o mundo despertou numa pandemia. Notícias alarmantes e tenebrosas.

As pessoas, assustadas, com medo de sair de casa.

Escolas, igrejas e comércio fechados.

Lotações em ônibus, afinal os trabalhadores que precisam do transporte coletivo não têm opção.

Tudo isso vai passar, foi a frase mais falada e escrita nas redes sociais.

O número de óbitos aumentando consideravelmente.

Março, abril, maio...

Horário para os idosos são estabelecidos nos mercados.

Sair de casa? Só em caso de extrema necessidade.

Exames e consultas médicas desmarcados, adiados.

Quarentena, distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel, lavagem das mãos e higienização dos alimentos.

Cuidados com o calçado e a roupa de sair.

Muitas lives nas redes sociais de cantores e demais artistas.

Junho, julho...

Notícias tristes visualizadas quase toda semana no facebook.

Um conhecido, um amigo ou parente que estava contaminado.

Um primo que morava em Goiânia perde a batalha para o vírus, muito triste.

O número de óbitos aumentando nas pequenas cidades.

O país dividido, de um lado pessoas com medo respeitando os cuidados, do outro pessoas lotando praias e promovendo aglomerações.

Abre comércio, fecha comércio.

Agosto...

Uma triste notícia, um cunhado que não resiste ao vírus. Família inconformada. Ele estava trabalhando em casa e mesmo assim foi contaminado.

Igrejas reabrem as portas com todas as medidas de segurança.

Setembro, outubro, novembro....

Escolas continuam fechadas.

Viagens de excursão voltaram a ser realizadas.

Pessoas com medo x pessoas nem aí. Na concepção de muitos a diversão vence o medo.

Mais conhecidos e amigos perdendo a batalha.

A vacina dividiu opiniões. Uma questão de política. Obrigatoriedade x consciência.

Enquanto o número de infectados e óbitos está aumentando, a população continua dividida.

Março, com 300 mortes em um dia na Itália: todo mundo em casa, palmas na janela para os profissionais de saúde. Dezembro, com mais de 900 mortes por dia no Brasil, subindo, em pleno verão e chegando a 200 mil mortes: todo mundo saindo e os profissionais de saúde que se virem. (Átila Iamarino, biólogo)

Dezembro...

O Natal está se aproximando.

Recomendações para que não sejam promovidas aglomerações nem mesmo na família são feitas.

Em alguns lugares manifestações são feitas. Muita gente sem máscara.

Na tevê, imagens de aglomerações são exibidas diariamente.

Os casos positivos continuam aumentando.

Pessoas conhecidas e artistas famosos não conseguem sobreviver ao vírus.

Mensagens desestimulando as visitas são divulgadas.

O abraço e o aperto de mão continuam proibidos.

As luzes de Natal enfeitam as cidades.

As árvores natalinas são armadas e enfeitadas. A magia do Natal faz a esperança renascer.

Que o menino Jesus abençoe a todos!

Que em cada coração brote a paz, o amor, a empatia, a solidariedade...

Que, acima de tudo, a gratidão faça parte da vida de cada pessoa.

Que Deus proteja àqueles que precisam sair para trabalhar e que dependem de ônibus lotado.

Que a saúde, o bem mais precioso, seja preservada.

Que o respeito entre as pessoas seja mútuo.

Que 2021 seja um ano bom para todos.

Que o vírus seja exterminado.

Que os abraços sejam liberados.

Amém.

Grata pela visita,

Cidália.

 


domingo, 6 de dezembro de 2020

Força e coragem

 


Dentro do corpo pequeno, ainda forte, de 80 anos, habita uma mulher muito simpática e querida pelos vizinhos e amigos, com muita ânsia de viver.

Ela é vaidosa, gosta do cabelo enrolado, feito permanente, e de usar pulseiras e colares.

Devido a pandemia ela mesma pinta os cabelos e as unhas. Apesar de não sair para fora do portão, gosta de se sentir bonita. Sem poder ir à academia onde fazia Pilates, faz os alongamentos em casa.

É uma excelente cozinheira, faz deliciosos pratos salgados e doces.

Na época em que trabalhou numa escola fez muita coxinha para as quermesses anuais, assim como cozinhou para os professores.

Depois de aposentada reuniu uma turma por muitos anos na sua casa no mês de dezembro para a confraternização da poupança (ela e um professor eram os responsáveis).

Por 50 anos fez as famosas coxinhas para as quermesses anuais da igreja. Esteve presente em todos os eventos participando do coral e ajudando na cozinha. Uma mulher dinâmica e ativa que só deixou de participar dessas atividades por causa dos joelhos que a incomodam muito.

Ela anda com o apoio de uma bengala, mas isso não a impede de cuidar da casa e de limpar o quintal quando está sem dor. É uma mulher independente, paga suas contas e controla seu salário.

Seu passatempo é costurar, fez máscaras para ela e para a família.

Ela tem uma vizinha, amiga e confidente, que é seu braço direito.

No dia da eleição ela quis votar num amigo para vereador. Levantou-se às 7h e se arrumou. Escolheu a melhor roupa. Sua carona chegou às 9h. Ficou muito feliz em reencontrar as pessoas conhecidas após tantos meses sem sair de casa. Não pode abraçá-las, mas o carinho que recebeu foi gratificante.

Como estava arrumada, aceitou o convite da caronista para ir à igreja. As dificuldades para andar com o apoio de uma bengala foram esquecidas naquela manhã. Ela se sentiu muito bem na missa, feliz em ouvir a palavra de Deus.

Ela aguarda pacientemente ser chamada para fazer a cirurgia, tem esperança de ficar livre das dores que sente constantemente. Não vê a hora de não precisar mais dos medicamentos que só aliviam temporariamente as dores. Ela, ainda, tem muita força e coragem para enfrentar a vida.

Ela pretende voltar a receber os amigos para um almoço depois que essa pandemia passar e que seus joelhos parem de incomodá-la. A saudade de tê-los por perto é grande.

Por enquanto ela tem que se contentar com as lembranças dos abraços e o  sorriso dos amigos.


Obrigada pela visita,

Cidália.

 

sábado, 28 de novembro de 2020

Níver blog

 


O mês de novembro terminando e só agora me dei conta de que o blog Contos da Cabana está completando mais um ano de existência.

Um ano conturbado, diferenciado. Um ano onde a inspiração foi insuficiente.

Muitas vezes sentada em frente a tv para acompanhar longas séries ou filmes me deixei levar pelo ócio.

Os projetos com poucas páginas escritas ficaram salvos numa pasta no computador. São três projetos inacabados.

Vez por outra quando a inspiração aparecia surgiram pequenos textos.

Desde o início da pandemia que saio apenas quando é extremamente necessário.

Antes, quando eu saía, qualquer palavra ou frase que ouvia era uma nova ideia para escrever.

Estou me sentido bitolada.

Sei que relaxei, é mais cômodo ficar assistindo as séries e filmes.

Porém, não quero deixar o blog morrer, afinal são cinco anos. Parece que foi ontem que comecei a colocar as ideias em pequenos textos e pequenas histórias.

Nesse meio tempo interagi com muitos blogueiros. Alguns sumiram, não sei o que aconteceu. Outros continuam firmes com seu propósito.

Alguns ainda vejo de vez em quando no Instagram.

Nesse meio tempo segui muitos blogs e percebi que o número de seguidores do meu blog diminuiu. Talvez muitos tenham desistido.

Durante todo esse tempo conto com o apoio da minha irmã, minha maior incentivadora.

É ela que ajuda a divulgar o blog compartilhando-o nas suas redes sociais.

Mantenho a página Contos da Cabana e um grupo feito pela minha irmã.

O blog continua com o mesmo layout, tem coisa que não sei fazer e não quis incomodar meu filho.

Pretendo continuar com o blog até quando Deus quiser.

Espero que a inspiração volte para eu terminar ao menos um dos projetos.

E vamos que vamos, lendo, escrevendo e assistindo àquilo que nos propicie momentos de distração nesse tempo em que a saudade toma conta da gente.

 

Sou feliz e agradecida pela sua visita e comentário,

Cidália.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Sem compaixão

 

                                                             (foto copiada da internet)


Cada vez mais, Mary pensa na maldade do ser que se diz humano. Um ser sem coração e sem alma que age como se fosse um monstro.

Um ser insensível que mata o próprio filho ou um outro membro da família. Um ser que pega uma criança ou adolescente numa emboscada e a maltrata sem piedade enterrando-a viva. É um ser vazio, perverso, insano, que tira a vida de uma pessoa por pura maldade. 

Entender o que se passa na mente desses psicopatas é o trabalho dos especialistas.

Outra noite, Mary perdeu o sono lembrando das cenas brutais que viu num filme baseado numa história real.

O que aquele monstro fez com duas mocinhas que conheceu através das redes sociais foi uma barbaridade. Ele fez coisas inimagináveis e deixou a câmera com as imagens da tortura que praticou numa lixeira para ser encontrada. 

Mary não se conformou ao ver que aquele caso era somente mais um entre tantos casos sem solução.

Provavelmente o tal psicopata continuou matando suas vítimas com a certeza de que não seria pego.

Quantos casos são arquivados enquanto o autor dos crimes anda por aí à espreita!

Mary pensa nas pessoas indefesas que a qualquer momento podem se tornar vítimas das barbáries desses assassinos desequilibrados.

Como reconhecer o olhar de um criminoso se muitas vezes o (a) tal está dentro da sua casa? Ela viu isso em outro filme baseado em fatos, onde o marido matou a esposa grávida e as duas filhas. O casal se conheceu através do Facebook e durante os sete anos de convivência tiveram duas filhas.

Não são apenas os filmes de histórias reais que a deixam sem sono, pois a tv mostra que o mal está mais perto das pessoas do que se pode imaginar. Basta assistir os programas sensacionalistas. O mal está enraizado em algumas pessoas.

Como se diz, há muito lobo em pele de cordeiro.

Mary quer acreditar nas pessoas, porém, é difícil.

Sua avó contou a ela que não conseguiu terminar de ver um filme de uma história verdadeira onde a própria mãe, desnaturada, maltrata o filho.

Cenas fictícias num filme ou livro de suspense são aterrorizantes, mas são irreais, o pior é quando essas cenas fazem parte da realidade de muita gente.

Para conseguir dormir, Mary tenta pensar em coisas boas para esquecer o filme. Ela precisa parar de pensar naquelas pessoas desajustadas, sombrias, malvadas.

Mary espera que esses filmes sirvam de alerta para os pais e os adolescentes.

Afinal, existe muita gente boa por aí.

O amor há de prevalecer.


Obrigada pela visita,

Cidália.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Documentário

 

                                                                 (foto copiada da internet)

Assistindo o documentário sobre a mãe que fez o impossível para colocar na prisão o assassino da sua jovem filha, penso nos filhos que não ouvem seus pais.

Aquela mãe diz que antes ela tivesse se metido na decisão da filha, mas sabemos que quando os jovens tomam uma decisão não tem nada que os façam mudar de ideia. Eles não levaram em consideração que os pais querem somente o bem dos filhos.

A jovem em questão perdeu a vida, causou a morte da sua mãe e destruiu a vida da família, colocando em risco a vida de um dos irmãos (ele teve que se mudar de cidade).

Muitos adolescentes pensam que sabem o que é melhor para si e não imaginam que às vezes suas escolhas têm consequências desastrosas. Consequências desastrosas não apenas para si, mas para a família.

A menina da documentário tinha 13 anos quando se envolveu com um rapaz de vinte e poucos anos e jamais ia imaginar que ao escolher ficar com ele estava assinando a sua sentença de morte. A sua e da sua mãe.

Dizem que as mães têm um sexto sentido e a mãe dessa jovem desde o início não gostou do rapaz.

Ele não deixou a menina ter contato com a família, principalmente com a mãe.

A menina falava de vez em quando com os irmãos, mas nunca os visitavam e nem os recebiam em casa.

Quando a mãe soube que o casal e a filhinha estavam passando necessidade, ela os acolheu.

Porém, um certo dia eles foram embora sem dar satisfação, sem ao menos dizer adeus.

A mãe foi atrás e encontrou o genro na casa dos pais. Ao perguntar pela filha, o genro disse que ela havia fugido com outro homem.

- Impossível, disse a mãe, ela não ia abandonar a filhinha.

O genro percebendo que a sogra desconfiava dele foi embora com a criança para outro lugar.

E aí começa o martírio da sogra para provar que a filha não tinha fugido. Ela estava morta.

Se alguém se interessar pelo documentário, vale a pena assistir “As três mortes de Marisela”.

 Você poderá ver o que aconteceu com o assassino.

Este documentário acompanha a jornada incansável de uma mãe para capturar o assassino da filha e expõe as falhas do sistema judiciário do México. 

Espero que goste desta indicação. 

Obrigada pela visita, 

Cidália.




quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Indagações

 


Uma foto do tempo em que ela era criança despertou-lhe algumas indagações.

Logicamente que é impossível fazer comparação entre o ontem (antigamente) e a atualidade. Ela sabe disso.

A sua infância apesar de pobre e sem brinquedos comprados foi muito divertida e criativa.

As brincadeiras feitas na rua onde não tinha trânsito ou na casa de amigos, a casa imaginária sobre uma árvore, o faz de conta numa mesa de escritório (inspirada numa novela), uma peça teatral com direito a pipoca ou ouvir os “causos” contados pelo pai. Tudo era divertido.

Antes da chegada da tecnologia ela incentivou o seu filho a brincar com os amigos no quintal, na rua não era mais possível. Brincou e participou de jogos com ele e alguns sobrinhos netos.

O que ela vê agora são pais orgulhosos da sabedoria dos filhos que desde pequenos sabem mexer no celular. Isso é ótimo contanto que eles tenham um tempo para brincar com os amigos, com seus brinquedos e que tenham um momento para os livros.

Outra preocupação dela é como estará o planeta Terra no futuro para as crianças de hoje.

As pessoas vivem como se não houvesse o amanhã. Ela não tem nada contra. Cada um vive da maneira que lhe convém.

Porém, com o que está acontecendo no meio ambiente, a destruição da Amazônia e do Pantanal, estará o planeta como ela vê nos filmes apocalípticos?

A consequência imediata tem sido o assoreamento dos rios na planície, o que tem intensificado as inundações - com sérios prejuízos à fauna, flora e economia do Pantanal. ... A pecuária, principal atividade econômica da região, tem sido drasticamente afetada. (https://www.embrapa.br/pantanal/impactos-ambientais-e-socioeconomicos-no-pantanal)

 

As principais consequências do desmatamento da Amazônia, além das já citadas anteriormente, são: Espécies da fauna da região perdem seu habitat à medida que as áreas são devastadas. ... O desmatamento favorece o empobrecimento do solo, os processos erosivos e o assoreamento dos rios. (https://brasilescola.uol.com.br/brasil/desmatamento-da-amazonia.htm)

 

“Que Deus abençoe as crianças”, ela lembra de uma música que cantava no dia da criança na escola.

Que as crianças sejam adultos felizes. Que encontrem daqui uns anos um planeta habitável, é tudo que ela espera.

Que as pessoas se conscientizem sobre a importância de cuidar do meio ambiente para oferecer às crianças um mundo melhor.

É preciso preservar a natureza para que haja equilíbrio ambiental.

É preciso abandonar o egoísmo e a ganância e se preocupar mais com o futuro das novas gerações.


Grata pela sua visita,

Cidália.



terça-feira, 29 de setembro de 2020

O sapo

 


Personagem de muitas histórias e músicas infantis, ele é repelido por causa da sua feiura.

Desde a infância que esse animalzinho indefeso é temido por ela e por muita gente.

Na sua memória ficaram cenas que ela gostaria de ter esquecido.

Como por exemplo, numa certa noite, ela e a mãe foram dormir na casa da comadre, pois seu pai havia viajado.

As duas dormiram no chão, numa esteira e de madrugada acordaram sentindo algo se mexer sobre o cobertor. Naquele tempo o facho de luz saía de um lampião. Mãe e filha se levantaram gritando ao se depararem com um sapo em cima delas.

Assustadas terminaram de passar a noite, sentadas na cozinha, com a comadre que acabou acordando sobressaltada com o barulho das duas. Bem cedo mãe e filha voltaram para casa e nunca mais quiseram dormir na casa da comadre.

Sua mãe tinha um imenso pavor do bicho porque, na sua adolescência, dois irmãos amarraram um sapo numa corda e a colocaram no pescoço dela num momento de distração, como se fosse um colar. Ela desmaiou e por conta disso ficou muito tempo sem falar com os irmãos.

Sua mãe passou para ela o medo pelo bichinho.

Outra cena marcante foi a de um colega correndo atrás dela e da mãe com um sapo na mão. Os adolescentes gostavam de pregar peças uns nos outros, principalmente quando sabiam dos seus medos. Era assim que se divertiam numa época sem tecnologia.

Numa enchente grande na década de oitenta os sapos invadiram a sua casa. Tinha sapo dentro de caixas e em vários lugares. Foi aterrorizante. Ela nunca havia visto tanto sapo de uma só vez em cima das prateleiras.

Uma noite ela foi no escuro levar umas roupas para a lavanderia e ao se abaixar para pegar uma peça que caiu pegou num sapo, descobriu ao acender a luz. O susto foi tão grande que ela foi parar, não sabe como, em cima do tanque. Detalhe, ela já era uma mulher casada.

Uma outra cena foi ver um sapo dentro da privada. Seu filho, ao levantar a tampa, se deparou com o bicho lá dentro. Por muitos anos ela ficou com medo de sentar-se naquele vaso sanitário. Por sorte tinha outro banheiro.

Hoje em dia ela sente a falta dos bichos que há muito não vê.

Por causa do tempo seco eles estão desaparecidos, talvez escondidos em algum canto úmido.

Ela o teme, mas nunca o maltratou, sabe da sua importância para o meio ambiente.

PS: O sapo desta foto foi encontrado num canto úmido do jardim, no meio de umas plantas.


Os sapos, rãs e pererecas são animais de extrema importância para o equilíbrio da natureza: eles controlam a população de insetos e de outros animais invertebrados e servem de comida para muitas espécies de répteis, aves e mamíferos. ... Os sapos, rãs e pererecas devem ser numerosos para controlar a quantidade de insetos. (Texto copiado da internet)


Obrigada pela visita, 

Cidália.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Refúgio

 


Com a boca tapada, o sorriso oculto, os braços ao longo do corpo sem poder dar um abraço, ela se refugia num canto da sala de espera com um livro na mão. Nem vê o tempo passar enquanto aguarda a sua vez para ser atendida.

Quando está em casa ela gosta de aproveitar o seu refugio.

Ela busca o silêncio para ler. Na verdade, reler. Os livros outrora lidos e esquecidos são seus companheiros das longas tardes.

Seus olhos acompanham avidamente cada página do suspense.

Os personagens parecem tão reais que ela fica entristecida com a morte de um deles, um personagem marcante nas suas leituras de suspense. Muitos personagens ficam na sua memória por um tempo indeterminado.

Histórias fictícias ou baseadas em fatos.

Enquanto ela escreve, pensa no pequeno Adú, um menino de seis anos de idade.

Ao longo do filme acompanhamos o julgamento de um grupo de polícias acusados da morte de um refugiado na fronteira de Espanha com Marrocos, um ativista ambiental empenhado na luta contra caçadores furtivos de elefantes em África e um menino chamado Adú que, com a sua irmã Alika, tenta chegar à Europa, após a morte da mãe.

Ela pensa também, na Jane, da série Jane the virgin.

Jane trabalha em um hotel. Ela tem um noivo que a ama muito e respeita o fato de ela querer chegar virgem ao altar. Mas seus planos mudam, quando ela é inseminada por engano. Para piorar, o sêmen é de seu chefe, um antigo amor platônico de Jane.

Ou no Luke e na Lorelai, do seriado Gilmore girls.

Em uma pequena cidade que mistura sonhadores, artistas e pessoas comuns, este drama multigeracional sobre família e amizade gira em torno da relação de Lorelai Gilmore e sua filha, Rory.

Tem também o Nemo Bandeira (série: O Sucessor).

A trama gira em torno de Nemo Bandeira, que tem uma fachada de empresário, mas é realmente um traficante.

E muitos outros protagonistas marcantes de filmes, séries e livros estão vivos em sua memória.

As histórias se misturam na sua cabeça.

E assim ela vai passando o tempo tentando descobrir o assassino de uma trama ou assistindo as séries e os filmes indicados.

 


Obrigada pela visita, 

Cidália.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Coisas de avós

 


Numa pequena e pacata cidade do interior, moravam os avós de uma linda menina.

A linda menina desta história é uma menina especial. Especial, linda e inteligente.

Como todas as crianças da sua idade, a linda menina gosta de interagir com outras crianças, com seus amiguinhos, gosta de nadar e dançar.

Até os três primeiros meses do ano de 2020, a rotina da pequena era bem corrida. Escola, terapias, natação, festas, passeios.

De tempos em tempos, brincadeiras com os avós ou na pacata cidade ou na cidade grande, quando os avós iam visitá-la.

O avô construiu uma casa de bonecas para ela embaixo da jabuticabeira. Fez uma mesinha e cadeira.

Desde o final de março que os avós e a menina brincam através do Skype ou face time.

Os abraços são trocados virtualmente. Abraços cheios de saudades.

Assim foi a festa junina com direito aos trajes e comida típica, a menina com os pais do outro lado da tela.





Algumas vezes a menina senta-se com um livro na mão e a avó sente uma enorme vontade de estar ao seu lado.

A avó lê algumas histórias de vez em quando para a menina, porém não é a mesma coisa que estarem juntas.

A avó a observa com o coração apertado.

Então, a avó se lembra da sua infância e das histórias inventadas pelo pai. Ela lembra do título de uma das histórias, “A cidade de Tantuca”, mas não lembra do enredo.

De onde surgiu o nome Tantuca? Quais eram os personagens? O que faziam? Como viviam?

Antigamente os livros infantis eram inacessíveis, pois o dinheiro era curto. O recurso utilizado pelo biso da pequena era inventar as histórias para entreter a filha. Hoje em dia, as condições são favoráveis. A pequena tem inúmeros livros. Livros que a pequena aprecia muito.

Quando a vida voltar ao normal, quando os abraços voltarem a ser reais, a avó talvez invente uma história para contar à neta sobre o vírus que causou a separação delas por um longo tempo.

Quem sabe o título da história seja a “A cidade de Tantuca” com a diferença de que o enredo será verídico.

Nessa história os personagens serão classificados em precavidos e despreocupados.

Os precavidos, principalmente àqueles do grupo de risco, ainda continuam com medo de se expor e os despreocupados, àqueles que desfilam pelas praias e ruas como se nada estivesse acontecendo.

Pacientemente, a avó espera e espera.

Os parabéns à pequena foram cantados através de vídeo chamada. O abraço foi virtual.


A avó espera que a linda menina entenda e a compreenda.

Nem sempre podemos fazer o que queremos.

Assim é a vida.

Grata pela sua visita!

Cidália.


quinta-feira, 23 de julho de 2020

Pássaro ferido




Dentro da gaiola o pobre passarinho apenas observa. Imagina-se voando entre aqueles pássaros felizes. Seu canto seria alegre. Ele passaria o dia desfrutando da sua liberdade. Poderia fazer o que quisesse. Faria morada em alguma árvore.

Porém, ali, repousando numa gaiola dependurada na área da frente daquela casa, o lindo pássaro tem somente o pequeno espaço para se movimentar.

Do lado de fora os pássaros livres se movimentam para lá e para cá causando-lhe inveja. Cantam alegremente. Sobrevoam as flores. Descansam nos galhos das árvores.

Ah, se ele pudesse, voaria para lá e para cá pousando nas árvores frutíferas e se deliciando com o néctar das flores.

Ali, naquela gaiola, seu canto era triste. Seu dono não percebia a sua melancolia. De vez em quando alguém olhava para ele e apreciava a sua beleza.

Mas, de que adiantava ser admirado se ninguém se preocupava com seus sentimentos?

Se ele pudesse escolher, queria viver solto na natureza. Ser prisioneiro naquela gaiola não o agradava. Preferia ser um pássaro feio, comum, desses que podem desfrutar desse mundo encantado do que ser admirado pela bela plumagem engaiolado e solitário.

Como essa escolha lhe foi negada, o jeito era aceitar o seu destino. Destino imposto pelo homem que o aprisionou. O homem que tirou dele o direito de ir e vir. O homem que o fez refém. O homem que teve a ideia de fazer uma gaiola para aprisionar os pequenos e indefesos seres. 

Ali, dentro daquela gaiola, o lindo e exótico pássaro continua a apreciar seus semelhantes. Não lhe resta outra alternativa.

Com um lamento ele se encolhe num canto da gaiola.




PORQUE TAMANHA JUDIAÇÃO
(Edson Nelson Soares Botelho)

Passarinho preso em uma gaiola
Admirando o sol, as árvores e o vento
Sonhando com a liberdade de voar
E os ninhos que existem nas árvores

O pesadelo de viver aprisionado
Longe da presença dos amigos
Em noites mal dormidas sem nenhuma esperança
A lembrança constante de seu último voo

Distante do sonho de um dia ser livre
Desejos contidos pela mão do carrasco
Que o fez prisioneiro até a morte

Vivendo na angústia e solidão
Procurando entender o motivo de estar aprisionado
E mesmo preso ainda cortaram suas asas



Grata pela sua visita,
Cidália.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Mistério divino



Ao olhar para o céu e admirar o pôr do sol ou o amanhecer, ela se surpreende como se fosse a primeira vez. As belíssimas imagens enchem seus olhos e ela agradece a Deus pela magnitude, pela vida, pelo amor e por todas as bençãos que recebe todos os dias ao acordar.













Uma amiga vê um anjo numa das fotos do pôr do sol. Com certeza, os anjos estão presentes nesses momentos em que apreciamos as obras de Deus, seja um lindo pôr do sol ou uma bela noite de lua cheia.

Todo dia recebemos um presente, mais um dia de vida. Enquanto muitos agradecem, outros o desperdiçam.

Ela não julga ninguém, pois cada um sabe o que é melhor para si. Afinal, somos responsáveis pelos nossos atos, pelas nossas escolhas.

Muitas postagens sobre o amor são vistas ultimamente, porém, infelizmente, ainda há quem destile o ódio.

Quem não sabe apreciar a beleza do sol e da lua, quem não se encanta com o mistério divino, jamais semeará o amor.

PS: Entre essas fotos algumas são recordações de viagens inesquecíveis.

Obrigada pela visita!

Cidália.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Até quando?

(Máscaras confeccionadas pela sobrinha)

Ela observa a montanha à sua frente. Observa a evaporação da água que sobe pelos ares.
Pena que ela está sem o celular para tirar uma foto.

A espera é longa. Ela pensa em sair do carro. Mas, ir aonde?

Ela prefere usar o tempo para observar.

As nuvens dançam no céu num ritmo lento.

O vento balança as folhas das árvores.

Os pássaros se movimentam para lá e para cá.

Pessoas transitam pela avenida. Algumas mascaradas e outras não. Outras, com a máscara no lugar errado.

Uma cena chama a sua atenção, duas moças sem máscaras, abraçadas. Cadê o distanciamento? 

O silêncio é quebrado pelo barulho dos automóveis.

A escola ao lado está fechada há mais de dois meses.

Ela se dá conta que há mais de dois meses não vê as amigas e não sai a pé à rua.

O contato com as amigas é somente através do WhatsApp. Ela percebe que algumas amigas estão sumidas até mesmo do WhatsApp. Outro dia que ela foi ao Banco, viu uma amiga e se cumprimentaram com um aceno. Apenas um “oi”. Em outros tempos quando se encontravam ficavam horas conversando. Mesmo que os maridos tivessem que ficar esperando.

O isolamento social tornou-se também virtual? Pode ser falta de assunto? Talvez!

Do outro lado da rua ela vê a igreja enfeitada com bandeirinhas. Nos anos anteriores, nessa data, as missas eram realizadas todas as noites durante 13 dias (31/05 a 12/06) e no dia 13, além da missa, havia a procissão em louvor ao Santo Antônio, o padroeiro.

Nos finais de semana aconteciam as famosas quermesses. Uma tradição de longa data.
Na cidade, as barraquinhas de comes e bebes, e de tudo que se possa imaginar para vender.

O mês de junho sempre foi festivo também nas escolas com suas tradicionais e divertidas festas juninas.

Este ano as missas são realizadas pela internet.

Na TV as notícias continuam alarmantes.

Com a flexibilização da quarentena os cuidados devem continuar. É importante que as pessoas se conscientizem que a saúde deve ser preservada. A saúde delas e a do próximo. Sempre.

Todos temos o direito de ir e vir, mas temos que ter consciência do risco.

Até quando? Só Deus sabe.


Grata pela visita,

Cidália.