sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Domingo de primavera




Quem é que não gosta de passear? Meus domingos geralmente são iguais quando estou em casa. Missa na parte da manhã, almoço e TV. Se o dia está ensolarado, um livro é uma boa companhia para ser lido no jardim.

Porém, no domingo 21, surgiu uma viagem bate e volta a Curitiba. No roteiro, alguns passeios legais.

A noite foi mal dormida, o celular despertou uma hora antes, achei que tivesse feito algo errado na hora de colocar o alarme para despertar.

Ao chegar à rodoviária ouvi comentários sobre uma pane nos celulares. Cheguei a pensar que tinha perdido o ônibus.

No entanto, uns dez minutos depois do combinado, o ônibus chegou. Sentei-me ao lado de minha amiga e entre conversas e cochilos, fizemos uma ótima viagem.

Uma parada para o café e logo depois o motorista nos deixou para o primeiro passeio, uma feirinha. Uma das guias da excursão nos deu uma hora. Pouco tempo para ver tanta coisa bonita. Ainda bem que não sou consumista. Apenas admirei os belos trabalhos no curto espaço de tempo.

Saindo dali fomos ao Jardim Botânico. Teríamos que desfrutar daquela beleza por uma hora.







Confesso, que a princípio, eu esperava mais daquele lugar. Penso que pelas fotos que eu via minha expectativa era grande. Mesmo assim achei o lugar muito inspirador.

A próxima parada foi para o almoço, num restaurante em Santa Felicidade. Comida italiana. Após o almoço visitamos uma vinícola e uma loja de chocolates.












Ainda havia mais um parque no roteiro, o parque Tanguá. Pena, que sobrou apenas meia hora para ficarmos lá. Eu e minha amiga achamos o parque lindo.













Às 17 horas já estávamos no teatro para assistirmos uma peça infantil. Na nossa turma havia apenas três crianças, mas no momento em que a peça começou, a criança dentro de nós despertou. Gostamos muito da apresentação dos Saltimbancos. O espetáculo foi ótimo.



Na volta para casa, uma parada no mesmo restaurante que paramos de manhã.

E entre conversas e cochilos, todos cansados, mas felizes, voltamos já pensando na próxima viagem.

Toda viagem é um pouco cansativa, porém, nossa memória volta com novas bagagens!

Obrigada pela visita,

Cidália.


terça-feira, 16 de outubro de 2018

Uma data especial



Enquanto os colegas de profissão estão trocando homenagens nas redes sociais, ela está alheia a tudo, reclusa em sua moradia. Será que ela lembra que é o dia do professor, uma data especial para os educadores?

Ela já recebeu muitos abraços de seus alunos. Recebeu flores, participou de muitas homenagens. Fez amigos entre os colegas de trabalho. Sempre foi uma pessoa brincalhona na sala dos professores e uma profissional competente na sala de aula.

Atualmente sua vida virou às avessas. Sente saudades dos velhos tempos. Saudades do calor humano, das amizades que conquistara e se perdera com o passar do tempo.

Deitada sob o cobertor, na tarde chuvosa e fria, ela ouve seu nome. Deve ter cochilado e sonhado.

Quem iria aparecer ali naquele dia chuvoso para vê-la? A voz é insistente. Então, ela se dá conta de que tem alguém na área da frente. Ela não estava sonhando. Levanta-se meio zonza por ficar tempo demais na cama e abre a porta.

O sorriso que ela abre quando vê as três amigas é contagiante. Sente-se amada.

- Hoje é o dia do professor e vocês vieram me ver, que bom! 

- Não podíamos deixar de passar este dia com você, disse uma delas.

- A chuva não nos impediu de estarmos aqui, disse outra. 

- Um viva para nós, professoras aposentadas, completou a terceira amiga.

As quatro se abraçaram, riram e jogaram muita conversa fora. Em dado momento ela mostrou um livro e disse que estava pensando em voltar a estudar. As três se entreolharam e a incentivaram. 

- Nunca é tarde para estudar, já vi uma reportagem de uma senhora com mais de 80 anos  que se formou advogada, pois era o sonho dela, comentou uma delas. 

Os assuntos foram surgindo, inclusive algumas piadinhas. Ela precisava ficar a par das novidades e ao mesmo tempo rir um pouco.

Na hora do lanche tiraram fotos e riram mais um pouco. Aqueles momentos descontraídos eram ótimos. 

Ela perguntou à amiga que estava sentada ao seu lado se ela esquecia as coisas. A amiga respondeu que sim, que conhecia muitas pessoas, mas não lembrava o nome delas, por exemplo. Ela falou que, às vezes, mentia que esquecia das coisas para a família.

As horas passaram sem que elas percebessem. Quando se deram conta já era noite. Era hora de irem embora. Era a hora dela ficar sozinha novamente. Porém, aquela tarde lhes trouxe uma alegria imensa.



"O Tempo passa,
A vida acontece,
A distância separa,
As crianças crescem,
Os empregos vão e vêm,
O amor fica mais frouxo,
As pessoas não fazem o que deveriam fazer.
O coração se rompe,
Os pais morrem,
Os colegas esquecem os favores,
As carreiras terminam,
Os filhos seguem a sua vida como você tão bem ensinou.
Mas... Os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilômetros estão entre vocês.
Um amigo nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, e abençoando sua vida!
E quando a velhice chega, não existe papo mais gostoso do que o dos velhos amigos... As histórias e recordações dos tempos vividos juntos, das viagens, das férias, das noitadas, das paqueras... 
Ah! Tempo bom que não volta mais... 
Não volta, mas pode ser lembrado numa boa conversa debaixo da sombra de uma árvore, deitado na rede de uma varanda confortável ou à mesa de um restaurante, regada a  bom vinho, não com um desconhecido, mas com os velhos amigos. 
Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante, nem sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros."

(Rolando Boldrin)

É uma alegria receber a sua visita neste blog!!
Sinta-se à vontade para deixar um comentário, obrigada!

Cidália


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Coisa de criança?


Aos dez anos de idade, cursando o quinto ano do ensino fundamental, Carlinhos é um menino retraído. Não tem amigos do sexo masculino. Na hora do intervalo prefere a companhia de algumas meninas.

Carlinhos é um ótimo aluno. Acompanha com facilidade todas as disciplinas. Seu boletim é um exemplo para alguns meninos que vão à escola e só querem saber de bagunçar.

Desde o primeiro ano ele começa a sofrer bullying por parte de uma colega. Entre os dois há uma aversão. Ele não a suporta, mas é obrigado a tolerá-la. Ela não perde a oportunidade de humilhá-lo. Ao passar por ele, ela sussurra: “bichinha”.

Quando era mais novo ele não tinha ideia do significado da palavra. Chegava em casa e chorava ao contar para os pais. Dizia apenas que a colega tinha mexido com ele chamando-o de bichinho.

Os pais achavam que a menina o chamava de bichinho porque ele era muito quieto, acanhado. Não davam muita bola.

- Uma hora ela vai cansar de mexer com você, ignore-a.

No segundo ano os dois continuaram na mesma turma. Pobre Carlinhos. A danada da menina passava perto dele e não perdia a chance de provocá-lo. Ele não tinha coragem de contar para a professora. Contar para os pais não adiantava. O jeito era suportar tudo aquilo calado.

A turma do terceiro ano era maior. Mas qual não foi a surpresa de Carlinhos quando, no primeiro dia de aula, descobriu que a colega que atazanava sua vida sentaria atrás dele.

- Oi bichinha agora estou bem pertinho de você.

Não adiantava fingir que não a ouvia. Ela escrevia bilhetinhos ofensivos e colocava na sua carteira quando passava por ele.

Com posse de um dos bilhetes Carlinhos mostrou à sua mãe. Porém, sua mãe não deu atenção. Disse apenas:

- Isso é coisa de criança.

Ao iniciarem o quarto ano, Carlinhos ficou feliz da vida quando não a viu no primeiro dia de aula.

Mas no segundo dia, na fila, a menina fez questão de passar por ele:

- Mais um ano juntos, bichinha.

Carlinhos tentou contar para a professora. Agora ele já conhecia o significado da palavra. A professora lhe disse:

- Na hora do recreio vá jogar bola com os meninos. Pare de ficar brincando com as meninas, assim você não ouvirá mais os insultos.

A questão era que ele não gostava de jogar futebol. Ele preferia ficar com as meninas.

Sem poder contar com a compreensão da professora e dos pais, Carlinhos continuou aguentando os desaforos em silêncio.

Ao pisar na sala de aula, no ano seguinte, e dar de cara com a dita cuja que o atormentava por anos, Carlinhos pressentiu que seu ano seria trágico. Além da colega que o atazanava, ele viu que a professora era a mesma do ano anterior.

Como ele não podia se abrir com os pais porque já sabia que eles não iriam perder tempo com uma bobagem, como já haviam falado uma vez, Carlinhos começou a desabafar com uma parente. Pelo menos assim se sentia mais leve. Estava cansado de sofrer calado. Ele precisava entender porque aquela colega de classe não gostava dele.

A parente, que se tornou sua confidente, não sabia como ajudá-lo. A única coisa que ela podia fazer era ouvi-lo ou ler suas mensagens. Ela torcia para que os pais do menino tomassem uma providência. Que dessem atenção a ele. Que fossem conversar com a diretora e a professora. Que os pais da tal menina fossem chamados para uma conversa.

O que não podia acontecer era Carlinhos ter que aguentar o bullying até o final do ensino médio, pois ele não pretendia mudar de escola. A tal colega precisava respeitá-lo. 


As palavras podem  machucar mais que uma bofetada!

Obrigada pela visita,

Cidália.