quarta-feira, 17 de maio de 2023

Inspiração

 


A alegria habita o corpo pequenino e exala pelos poros. É contagiante. 

Enquanto ela conta os causos, muitos por sinal, sorri. Sorri o tempo todo. 

Na hora do café tira as coxinhas, feitas por ela, do freezer e as fritam. As amigas levaram algumas guloseimas. 

Claro que não podia faltar umas fotos para registrar o momento.

Quanto assunto, quantas histórias, quantas recordações!

A alegre senhora relembra as viagens que fez à capital, as aventuras no metrô, sozinha, há anos atrás, numa época em que o perigo era menos assustador. As amigas, menos corajosas, a ouvem com admiração e um pouco de inveja. Falam sobre o medo que impede uma pessoa de fazer determinada coisa.

A alegre senhora transborda vivacidade. Aos oitenta e dois anos, ela ainda tem alguns planos.

Em breve vai viajar com uma das filhas. Quer passear, sair de casa um pouco. Ela tem seus compromissos com a igreja e no final do mês vai fazer as coxinhas para as quermesses do mês de junho.

Uma das amigas a visita pela primeira vez, então ela mostra a casa, o piso que mandou trocar recentemente e os seus produtos de beleza. 

Ela abre o guarda-roupa e exibe os produtos organizados.

Ela é muito vaidosa, reserva alguns minutos do dia para cuidar de si. O cabelo já está pintado e com permanente para a viagem que fará.

Ela conta que o almoço do dia seguinte, domingo, já está preparado.

Na segunda-feira ela vai receber a visita de um padre que vem de outra cidade. Ela já tem tudo sob controle, o que vai servir no almoço, a sobremesa e café da tarde. Ela fará uma torta fria com pão integral, entre outras coisas.

Ela canta um hino a pedido de uma das amigas.  

 Maria, minha mãe (Padre Reginaldo Manzotti)

Maria, minha mãe, Maria
Queria te falar de amor
Mostrar que em meu peito aberto
Cultivo um jardim em flor

Cultivo um jardim de rosas
Que não têm espinhos pra te machucar
Cultivo um jardim tão lindo
Rosas perfumadas pra te ofertar

Maria, eu que não sabia
Como era tão sublime amar
Agora, mãe do céu, Maria
Contigo sigo a cantar

E canto pela vida afora
Embora encontre pedras não vou mais parar
Pois sei que com você, Maria
Minha mãe, Maria, vou sempre contar

Maria, minha mãe, Maria
Queria te falar de amor
Mostrar que em meu peito aberto
Cultivo um jardim em flor

Cultivo um jardim de rosas
Que não têm espinhos pra te machucar
Cultivo um jardim tão lindo
Rosas perfumadas pra te ofertar

Maria, minha mãe, Maria
Maria vou sempre te amar
Maria, minha mãe, Maria
Maria vou sempre te amar


Durante muitos anos ela fez parte do coral da igreja, então, se cobra. Diz que a voz não está boa. Para as amigas a voz dela passa emoção.

Durante as horas de conversa ela não se queixa de nada, diz somente uma vez que em agosto quer operar o outro joelho.

Essa pequena e grande mulher não se abala facilmente. Há dentro dela uma força gigantesca, uma grande vontade de viver. A sua fé é inabalável. Seu coração é grandioso. 

Quem a conhece sabe que ela passa boa energia para quem está ao seu lado.

As horas voaram. O papo rolou até às 20h, mais ou menos. Quando a conversa é boa a gente não vê o tempo passar.


Mês de maio, mês das mães, que Deus abençoe todas as mamães!


Grata pela visita,

Cidália.