terça-feira, 25 de outubro de 2022

Esperança

 


Quando um diagnóstico deixa a pessoa arrasada, sem chão, só lhe resta a esperança.

Quando a pessoa sabe que ninguém tem uma palavra de conforto porque, na realidade, não há nada para dizer, o melhor é a aceitação.

A fé é a sua única companheira.

A pessoa se torna refém de si mesma.

A pessoa precisa de cuidados.

A pessoa não tem mais independência.

Da noite para o dia o mundo da pessoa pode ruir, desmoronar.

A pessoa ativa que caminhava muitos quilômetros por dia, de repente vai perdendo as forças.

Como uma pessoa embriagada seus passos vão perdendo o equilíbrio.

Mas, a única coisa que resta para essa pessoa é a esperança.

Esperança de que as dores sejam amenizadas.

Esperança de que seus dias sejam mais suportáveis.

Olhar para trás e viver das lembranças a ajudarão a passar por tal provação?

Como ela gostaria de cuidar do neto recém-nascido!

Um dia quando esse neto tiver idade suficiente compreenderá a ausência da avó.

Da noite para o dia a vida da pessoa tomou um rumo diferente.

Como entender os desígnios de Deus?

Como estar preparada para enfrentar os desafios que lhe foram apresentados?

O diagnóstico revelou à pessoa algo de que ela nunca ouvira falar. Pesquisas foram feitas pela família. Era preciso entender sobre a doença. Como agir dali em diante?

Da noite para o dia a pessoa terá que aprender a conviver com uma doença rara.

Mas, assim é a vida.

A pessoa não sabe o que terá que enfrentar um dia.

Da noite para o dia tudo pode mudar na vida de uma pessoa.

As amigas ficam sem saber o que falar.

A fé inabalável da pessoa faz com que ela suporte tudo com coragem.

O choro e o desespero ao receber o diagnóstico ficaram para trás, pois de nada servirão.

É preciso se apegar a fé. Só Deus pode dar força e coragem para que tudo seja suportado.

 

Enquanto ela puder vai continuar digitando seu bom dia no grupo das amigas.

 

 Você já se perguntou: "Qual é o sentido da vida?" Quando surge a crise, você se pergunta: "Existe um propósito para o meu sofrimento?" (https://www.urantia.org/pt/inspiracao-diaria-com-pensamentos-para-refletir? )


Grata pela visita,

Cidália

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Pernas



Pernas de outrora que andaram milhas e milhas.

Pernas que subiram em árvores para colher frutas.

Pernas que ficaram dentro da água enquanto a roupa era lavada no rio.

Pernas fortes que estavam sempre perambulando pelos cômodos da casa em busca de coisas para fazer.

Pernas que não demonstravam cansaço mesmo quando o corpo por vezes arriava.

Pernas que movimentavam a máquina de costura, que corriam sempre que um dos filhos caía longe dos seus olhos.

Pernas que subiam num banquinho para pegar alguma coisa nos lugares mais altos.

Pernas que se ajoelharam muitas vezes nos momentos de oração.

Pernas bonitas e torneadas na sua juventude.

Pernas que estavam sempre depiladas.

Pernas que foram cobiçadas.

Pernas que pularam corda com a criançada.

O tempo passou.

Aquelas pernas tão fortes ficaram nas lembranças.

As pernas de hoje só querem descansar.

Seja na cama ou no sofá.

As pernas, após anos e anos, fraquejaram.

Hoje os pés se recusam a dar pequenos passos.

As pernas emagrecidas buscam abrigo debaixo do cobertor nos dias frios.

A energia há muito se foi e deixou aquelas pernas inertes.

As pernas de hoje estão fracas e trêmulas.

Aquelas pernas que quase não descansavam agora só querem sossego. 

Quantas coisas ficaram para trás, num passado distante!

O tempo se encarregou de apagar da sua memória algumas pessoas, lembranças e sensações. 

Ficar à mercê dos outros é tudo o que lhe resta. 

Assim como suas pernas desobedientes sua vida se apagou.

Não há mais esperança para aquelas pernas.

Os pés antes sempre com as unhas feitas, hoje, jazem ao longo das pernas fracas.

Benditos foram os anos de infância, adolescência e maturidade. 

Benditos foram os anos de velhice saudável.

Quanto mais o tempo passa, mas as boas recordações vão se perdendo num mar de desventuras.

O marasmo invadiu a sua alma e a deixou inerte.

Nem seus olhos se inclinam para ver como aquelas pernas estão, pois elas não respondem a nenhum estímulo.

 

PS: Este texto não é para entristecer o leitor, é somente uma reflexão para quem tem um idoso na família. Minha irmã comentou outro dia que muitos idosos precisam de um estímulo para viver, porém é necessário que os idosos queiram receber esse estímulo, que não desistam facilmente.

Na minha turma do Pilates tem uma senhora de 82 anos que faz direitinho todos os exercícios propostos. 

 

 Grata pela visita,

  Cidália.