segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Aniver x depoimento





Alegria, muita alegria e sobretudo, gratidão! Poder completar mais um ano de vida, é uma grande dádiva.

Estou entrando na semana do meu aniversário. Na terça, 26, estarei assoprando mais uma velinha, se Deus quiser. (PS: não haverá bolo)

Por um triz não fui chamada de Natalina ou Natália. Bem que eu preferia ser Natália. Por muitos anos detestei meu nome. Gostaria que meu nome fosse mais comum.

Minha avó paterna me chamava de Dalica. Um dos meus sobrinhos me chamava de Dália. Mas, até por Cidade fui chamada uma vez. Meu pai me chamava carinhosamente de Girgo, confesso que não tenho ideia de onde surgiu esse apelido.

Por falar em apelidos, fui muito zoada na infância. Rimavam meu nome com sandália. Como eu achava feio meu nome!

Meu nome não foi escolhido pela minha mãe ou pelo meu pai. Nem pelos meus irmãos. Quem o escolheu foi uma vizinha da minha família.

Segundo as informações que me passaram, essa vizinha era fã de uma cantora portuguesa da época.

Depois da adolescência conheci outras com o mesmo nome, uma portuguesa (irmã do dono de uma padaria), uma enfermeira e anos depois, uma outra senhora, cliente de uma loja de roupas que eu tinha conta.

Com a chegada da internet, descobri outras mulheres com o mesmo nome. Descobri que em Portugal o nome é comum.

A ironia que vejo na origem da escolha do meu nome, é que tenho um enorme complexo de voz. Meu nome que foi em homenagem a uma cantora portuguesa!

Como, Cidália, complexo de voz? Sim, talvez tudo tenha começado na infância. Meus irmãos cantavam muito bem. Um dia meu pai me ouviu cantando um trecho da música, Menino da Porteira e falou:

- Girgo, você não tem voz para cantar como seus irmãos.

Hoje, imagino que ele falou sem maldade. Não pensou que aquela frase dita por ele naquele momento, quem sabe, de brincadeira, fosse ficar enraizada na minha memória.

No magistério, numa aula prática, de música, a professora de didática criticou a minha voz. A ela eu respondi, educadamente.

- Vou ser professora e não cantora.

Como professora minha voz foi muito usada. Falei e cantei com os aluninhos. Sem vergonha, sem complexo. Uma única vez, uma aluna do quinto ano escreveu-me uma cartinha, das muitas que recebi ao longo da carreira, onde dizia que quando eu falava parecia que eu estava chorando.

Sem nenhum problema falei com os pais em todas as reuniões, porém, nunca gostei de microfone.

Dependendo do lugar, passei maus momentos por causa do complexo. Vergonha e nervosismo.

Creio que seja por isso que prefiro a escrita. Tenho mais facilidade com as palavras redigidas do que com as palavras pronunciadas em público.

Na semana do meu aniversário, resolvi escrever esse texto, para saber se há mais alguém entre os leitores que assim como eu não gostava do nome e acabou se acostumando com ele. Ou se tem alguém com complexo de voz ou alguma história da infância que queira compartilhar.

Que 2018 seja um ano repleto de saúde, amor, determinação, paz, prosperidade e sucesso em todos os campos profissionais!”

Aos blogueiros que a caminhada seja de muito sucesso!!

Um carinhoso abraço,

Cidália.









domingo, 17 de dezembro de 2017

Alegria de Natal



                                                 


Na semana que antecede o Natal, me vem à mente a música do Roberto Carlos (E as mesmas emoções sentindo; São tantas já vividas; São momentos que eu não esqueci). São muitas emoções!

Eu estava numa loja de variedades, na manhã de sexta feira, quando fui abordada por duas mulheres.

A mais nova olhou para a outra enquanto me abraçava:

- Mãe, essa é a professora de quem falo sempre. (Naquele tempo alguns pais não participavam das reuniões e sequer levavam os filhos à escola).

Retribuindo o abraço ao mesmo tempo que buscava na memória de onde nos conhecíamos, perguntei-lhe:

- Oi, qual é o seu nome?

- Sou a Lurdes, eu e meus irmãos estudamos com você no Ribeirão do Salto. 

Ali, paradas no corredor da loja, trocamos algumas informações que me fizeram retroceder no tempo. Ela me contou que ainda tem uma boneca que ganhou num sorteio que fiz na sala de aula. Uma boneca que ela guarda com muito carinho e ciúme.

Nos despedimos e saí da loja deixando-a na fila do caixa com a mãe.

Entrei no sacolão que estava sendo inaugurado e dali uns minutos vi que a Lurdes e a mãe tinham acabado de entrar.

Fui até elas e conversamos mais um pouco. Trocamos o número de telefone. 

Fiquei de enviar à Lurdes algumas fotos antigas para que ela identificasse os colegas.
Ao chegar em casa olhei o whatsapp e lá estava a foto da boneca que tem mais de trinta anos. Meus olhos ficaram marejados.

Enviei a foto para dois grupos, um da turma do magistério e o outro de amigas, ex-colegas de trabalho. Quis compartilhar aquele momento especial.

Meu coração encheu-se de sentimentos indescritíveis ao imaginar aquela menina passando a infância, a adolescência e chegando a idade adulta, ao casamento e conservando consigo aquela pequena e simples boneca. 

Uma boneca que representava para ela a lembrança da primeira professora. Nas fotos que eu enviei, ela identificou os colegas e me ajudou a lembrar de fatos que estavam guardados num canto da memória.

Aquela escola da zona rural era distante do ponto de ônibus uns três quilômetros, mais ou menos. Havia três rios, rasinhos, que podíamos atravessá-los arregaçando as pernas das calças compridas. 

Quando chovia era preciso atravessá-los passando sobre um tronco de árvore que era usado como a ponte. Como eu tinha medo, dois alunos seguravam minhas mãos, um de cada lado, e passávamos de lado.

No ano seguinte, abriram uma estrada paralela. Era necessário andar a pé, mas uma boa opção para desviar os rios.

Aquela foi a segunda escola da zona rural na minha trajetória profissional. As lembranças compartilhadas com a ex-aluna, foram a colheita de amoras na beira do rio, na hora do recreio, a merenda (macarrão e arroz à grega), e as dificuldades de aprendizagem de um determinado aluno.

São momentos como esses, a demonstração de carinho, o reencontro feliz, que torna gratificante o trabalho do professor. 

O professor, um profissional desvalorizado, que não mede esforços para atingir seus objetivos durante o ano letivo. Para ele não tem final de semana ou feriado. As aulas precisam ser preparadas com antecedência, os materiais didáticos confeccionados de acordo com o conteúdo desenvolvido. Os relatórios precisam ser redigidos. Etc.etc.etc.

Tudo o que o professor faz, faz por amor e com amor.

Nas fotos antigas, alguns colegas foram reconhecidos pela ex-aluna e as fotos foram encaminhadas para eles através do whatsapp. 








Minha lista de contatos aumentou depois desse reencontro. Um presente antecipado de Natal. Uma grande alegria.

Assim como o presente que recebi, o gesto de carinho representado por uma boneca de crochê, desejo aos leitores amigos e seus familiares, um Feliz Natal!!

OS SINOS DE NATAL
NOS CONVIDAM
A COMUNICAR
A MENSAGEM
DE PAZ E AMOR
QUE ESTÁ
EM NOSSO CORAÇÃO.

Um grande abraço,
Cidália.


domingo, 10 de dezembro de 2017

Piscar de olhos



O tempo passou para Naldo num piscar de olhos. Com a pele totalmente enrugada, as dores incomodando-o todos os dias, desde as primeiras horas da manhã, até o pôr do sol, ele lembra de tudo que deixou para trás.

Um dia foi jovem, bonito e teve muitas mulheres. Formou uma família, teve alguns filhos. Porém, virou-lhes as costas. Caiu no mundo para voltar a “aproveitar” a vida, sem cobrança de ninguém.

Por onde andou conquistou os corações de moças de família e de mulheres solitárias.

Morou com algumas delas por períodos curtos. Não conseguia fincar raízes. Sentia-se perdido, injuriado. Preferia ser livre, fazer o que quisesse, sem cobranças.

Como tudo na vida passa e de uma maneira tão acelerada que perde-se a noção, quando Naldo se deu conta, a juventude estava distante. Tão distante, que embora sabendo que quem anda para trás é caranguejo, não lhe restava outra alternativa a não ser relembrá-la.

Teve tudo e ficou sem nada.

Com a vista cansada, ele enxerga as palavras escritas, numa folha amarelada, todas embaralhadas.

UM DIA A MAIS OU A MENOS? 

TODOS O DIAS, DIANTE DO ESPELHO, AO ME BARBEAR, ENCONTRO A IMAGEM DE ONTEM, SEM NOTAR GRANDE DIFERENÇA.

PASSOU-SE APENAS MAIS UM DIA! MAS SERÁ APENAS MAIS UM DIA EM NOSSAS VIDAS? OU UM DIA A MENOS NO TEMPO QUE NOS RESTA?

QUANDO SOMOS JOVENS, É SEMPRE UM DIA A MAIS ATÉ QUE, CERTO DIA, NOS DAMOS CONTA DE QUE AQUELE DIA QUE VIVEMOS FOI GASTO NO CALENDÁRIO DE NOSSA EXISTÊNCIA. 

E MUITAS VEZES O PERDEMOS! EM COISAS FÚTEIS OU DISCUSSÕES DESNECESSÁRIAS. 

ENQUANTO VOCÊ NÃO REVER O ÁLBUM DE FOTOS QUE SUA MÃE GUARDOU, VOCÊ SERÁ O MESMO, QUER TENHA SE OLHADO NO ESPELHO AO SE BARBEAR OU APENAS PARA VER OS SINAIS DEIXADOS PELO TEMPO.

Essa reflexão, escrita num momento de desespero, leva-o a pensar que não adianta se iludir, pintando o cabelo ou fazendo uma cirurgia plástica. Ele sabe que viveu um dia a mais e tem um dia a menos para viver.

Para Naldo o tempo desperdiçado não volta mais, ele está ciente do que deixou para trás. Sabe que não pode corrigir seus erros. Ele abandonou sua família para viver sozinho. Fez a sua escolha. Precisa, agora, arcar com as consequências da vida.

Quando as pernas não aguentarem mais caminhar, chegará o momento de procurar uma casa de repouso. Falta pouco para isso acontecer, os pés já estão sendo arrastados pelo chão.

Os anos acumulados sobre as costas deixaram cicatrizes no corpo e na alma. Ele foi uma pessoa errante. Foi egoísta, intolerante, machista e soberbo. 

Não há nada que possa fazer para se redimir dos pecados cometidos. Não pode mais voltar atrás no tempo para pedir perdão àqueles que abandonou à própria sorte. Só pode pedir perdão a Deus! 

As lamúrias agora fazem parte da sua rotina. Não pode e nem quer esquecer o passado. As lembranças, mesmo sendo tristes, são tudo o que lhe resta. 

Se pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente? Não sabe responder, pois quando se é jovem e tem a vida pela frente, não perde tempo pensando no futuro. Quando se é jovem, quer viver intensamente o presente. 

Com a idade avançando aceleradamente, Naldo  continua sem se preocupar com o futuro, pois só lhe resta pensar no que acontecerá naquele momento. O que tiver que ser, será! Ele não sabe se estará vivo no dia seguinte. O futuro a Deus pertence!

Os anos agora são contados por ele em dias! 

Gratidão pela visita!!

Cidália 💋💋

PS: Se gostou do texto deixe um comentário.


domingo, 3 de dezembro de 2017

Anseios


Ela já passou dos cinquenta e depois de viver alguns anos sozinha, anseia por alguém. Está carente de amor. Precisa de um carinho. A solidão a incomoda. Ela espera e espera. A espera é longa, porém, ela não desanima. 

Ela quer um companheiro que leve-a para passear de mãos dadas pela praça ou para tomar um chope no bar da esquina.

Alguém que faça-a sentir, novamente, o calor de um abraço e a paixão desenfreada pela vida.

Ela não quer uma pessoa que sinta vergonha dela e queira manter o “caso” em segredo. Alguém que não confie e não inspire confiança. Alguém que entre e saia sorrateiramente, de madrugada, da sua casa. Alguém que aja como um ladrão, furtivo, na calada da noite. Alguém que se comporte como um amante, que tem medo de ser pego em flagrante.

Ela é dona do seu nariz, não deve nada a ninguém, não tem que se preocupar com opiniões alheias. O que faz ou deixa de fazer só a ela diz respeito.

O alguém que ela procura é especial e romântico, carinhoso e orgulhoso por conquistá-la.

Ao ler um poema que recebeu de uma amiga sentiu-se a protagonista. As palavras contidas nos versos a descreviam.

"Por fora tenho tantos anos que vc nem acredita.
Por dentro, doze ou menos, e me acho mais bonita.
Por fora, óculos;  algumas rugas, gordurinhas, prata nos tintos cabelos.
Por dentro sou dourada, alma imaculada, corpo de modelo.
Por fora, em aluviões,  batem paixões contra o peito.
Paixões por versos, pinturas, filosofia e amigos sem despeito.
Por dentro, sei me cuidar, vivo a brincar, meio sem jeito.
Não me derrota a tristeza; não me oprime a saudade;
Não  me demoro padecente.
E é  por viver contente q concluo sem demora: é  a menina que vive por dentro, que alegra a mulher de fora! " 
(Ela desconhece a autora, mas já a admira)

Muitas de suas amigas não dependem de ninguém para ser feliz. Por que com ela é diferente? Por que ela espera pela “alma gêmea” como nos contos de fadas?

Talvez por ter sido sempre uma mulher dependente. Mesmo sendo uma profissional competente, ela sente a falta de alguém ao seu lado.

Os encontros com as amigas, nos finais de semana, já não bastam mais. Dentro dela ainda há um fogo que a consome durante as noites solitárias.

Ela sente-se viva e quer extravasar todo o amor que lhe invade a alma. Seu coração precisa ser preenchido. Seu corpo continua atraindo os olhares por onde passa.

Por anos, que perdeu a conta, ela teve uma pessoa carinhosa e amorosa, uma pessoa que satisfazia todos os seus desejos. Uma pessoa que a compreendia e a enchia de mimos em todas as datas, mesmo as mais insignificantes.

Talvez ela não encontre outra pessoa como o seu marido, porém ainda tem um pouco de esperança.

Ainda espera encontrar esse grande companheiro antes de ser consumida pela desilusão.

Como toda mulher, independente da idade, ela sonha e vai continuar sonhando até o momento em que os sonhos a abandonarem.

Ela quer viver, intensamente, o tempo que ainda tem ao lado de alguém que valha a pena!

Se for uma pessoa que goste das mesmas coisas que ela será perfeito. Se não for, tudo bem. Afinal, dizem que os opostos se atraem.

Enquanto ela espera por alguém que a tornará mais feliz, leva a vida como no últimos anos. Faz de tudo para driblar a solidão.

PS: "Ela" não sou eu, é apenas uma personagem deste texto. Uma personagem fictícia.


Obrigada pela visita, abraço!

Cidália.