domingo, 31 de julho de 2022

Cárcere privado

 

                                                              (foto copiada da internet)

Tem coisas que acontecem que é difícil compreender. Como um homem consegue manter a mulher e dois filhos presos, amarrados, dentro de casa por 17 anos e nenhum vizinho desconfia sobre o que acontece na casa ao lado?

Ao ler a notícia de que algo assim estava acontecendo no Rio de Janeiro e só agora um dos vizinhos ouviu choro parece inacreditável.

Segundo a notícia o morador estava sempre com o rádio ligado com o som muito alto. Os vizinhos deram a ele o apelido de DJ. Os filhos, um de 19 e outro de 22 anos pareciam crianças. Tanto eles como a mãe, estavam subnutridos e sem nenhuma higiene.

Quando penso nos vizinhos lembro dos meus. Aqui, todos nos conhecemos e ao passar pela casa do outro nos cumprimentamos e às vezes paramos para conversar um pouco.

Lembro, também, dos vizinhos que tive enquanto morava com meus pais. Todo mundo se conhecia e tinha amizade.

Sei que na cidade grande isso é diferente. Ninguém conhece ninguém. Quando a pessoa mora em apartamento, ainda cumprimenta o outro no elevador. Penso que quando moram em casas, é diferente. Muitas vezes as casas têm muros altos. É normal todo mundo vive com medo.

No caso desse ser repugnante até dá para entender que os vizinhos não quisessem fazer amizade. Infelizmente, penso que alguns vizinhos mesmo se desconfiaram de que havia algo estranho com esse homem, preferiram se omitir. Talvez não quisessem se envolver com problemas na vizinhança.  Talvez tivessem medo do homem.

Lendo outra reportagem foi possível saber que os moradores contaram que, antes da denúncia anônima que levou a polícia até à casa da família recentemente, outras denúncias já haviam sido feitas ao posto de saúde do bairro e ao Conselho Tutelar — mas nada adiantaram.

Então, os vizinhos só foram omissos por 15 anos. Mesmo assim, meu Deus!

Alguns moradores contam que levavam comida escondido, mas quando o dito cujo via jogava no lixo.

O que continua difícil de entender é porque só agora, depois de tanto tempo, a denúncia anônima obteve resultado. Será que essa denúncia já não poderia ter sido feita a mais tempo?

Por que só agora? Parece que se demorassem mais uma semana para socorrer a mulher e os filhos eles poderiam estar mortos.

Provavelmente se a justiça do homem não punir o carrasco a justiça divina se encarregará de tal missão.

Não se deve desejar o mal a ninguém e nem fazer nenhum julgamento, porém diante de uma notícia como essa é impossível fechar os olhos.

Que Deus tenha misericórdia dessa mãe e desses filhos que sobreviveram aos maus tratos e à fome durante tantos anos. Não dá para imaginar nenhum ser vivo numa situação dessas, capaz de viver com uma pessoa tão maldosa.

 

 

 https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/07/29/o-que-se-sabe-sobre-caso-do-homem-preso-por-manter-mulher-e-filhos-em-carcere-privado-em-guaratiba.ghtml

 

Obrigada pela visita,

Cidália.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Martírio?

 


Nascida na zona rural, na adolescência a jovem foi morar na cidade para seguir seus estudos. Ela foi morar com a irmã mais velha que era casada. Os pais continuaram morando na zona rural. Seu sonho era sair da pequena cidade para morar no exterior. Ela queria conhecer outros lugares, novas pessoas.

O tempo passou e a jovem conheceu, através da internet, alguém de outro país. Para ela, se desse certo aquele relacionamento, seria a oportunidade de concretizar seu sonho.

O encontro foi marcado após alguns meses de conversa.

Ela foi sozinha encontrá-lo na Capital, pois confiava cegamente nele. Durante as conversas ele sempre demonstrou ser uma boa pessoa, de coração nobre. E se ele chegou a fazer uma longa viagem por sua causa, certamente estava muito apaixonado. Ela, também, estava apaixonada.

Ele esperava por ela no lugar combinado.

A jovem, entusiasmada em morar no exterior, acabou acreditando na conversa dele. Acreditou, inclusive,  nas coisas que ele havia omitido nos encontros online e vieram à tona naquele primeiro encontro real. Ela aceitou o pedido de casamento.

O homem, ficou encantado com a linda moça. Uma moça romântica, de sorriso sincero. 

Dali mesmo, sem apresentá-lo à família, ela o acompanhou até o hotel onde ele havia se hospedado.

Os pais que haviam se manifestado contra, pelo fato do homem ser de outra nacionalidade, não quiseram se envolver na decisão da filha. Ela era maior de idade.

Assim que o passaporte foi tirado o casal viajou. A chegada em solo estrangeiro deixou a moça animada. O casamento foi realizado de acordo com os protocolos.

Algum tempo depois a moça teve uma linda filha. No início tudo ia bem, a moça se comunicava com a irmã e uma amiga pelo WhatsApp, mandava notícias e fotos. Parecia muito feliz.

Depois de certo tempo a amiga perdeu o contato da moça. Ficou preocupada, sem ter notícias, até que um dia, por acaso encontrou a sua irmã.

- Está difícil conversar com a mana. Quem controla o celular é meu cunhado. Não sei o que aconteceu entre eles, o porque dele estar agindo assim. É ele quem atende a chamada, nunca de vídeo, e passa para a mana que fala pouco. Ela sempre diz que estão bem e pede notícias daqui.

O que pode estar acontecendo com aquela moça sonhadora, que foi formar a família em outro país? Bem longe dos pais e da irmã.

O que levou o marido a ter uma crise de ciúme? Muitas coisas podem ter acontecido. Não tem como saber.

Quantas mulheres passam por uma situação parecida, sem ter com quem desabafar, presas numa vida que, a princípio, parecia a realização de um sonho e depois tornou-se um martírio?

Muitas vezes, a mulher não tem coragem de contar para a família ou para uma amiga. Pode sentir vergonha de assumir o fracasso do casamento.

Afinal, reconhecer que a união que acreditava ser um mar de rosas se tornou um mar de espinhos não deve ser fácil.

E como fica a filha? Se a mãe não pode se comunicar com a família, a menina criada longe dos avós e da tia, crescerá sem conhecê-los, sem ao menos manter contato.

A amiga fica pensando em como vive essa moça tão longe dos seus familiares, sem ter a quem recorrer. Ela está no país do marido. Sem ter uma independência financeira. Os familiares dele, talvez, não se envolvam na vida do filho. Se ele controla o celular pode ser que a mantenha prisioneira.

O que pode ser feito por ela?

Será que a irmã pode fazer algo?

Há mulheres que suportam tudo, caladas. 

Só depois de perder a vida para uma doença, uma jovem mulher teve o seu relacionamento desmascarado. Os pais se revoltaram ao saber o que a filha havia passado nas mãos do companheiro. Quem sabe teria sido melhor que os pais nem ficassem sabendo. Por uma ironia do destino tudo veio à tona após a morte da filha. Os pais se sentiram impotentes por não terem feito nada enquanto a filha estava viva. Se sentiram culpados por não desconfiarem de nada.

O que se passa em quatro paredes só o casal sabe e se o casal consegue esconder dos familiares ninguém pode fazer nada, nem mesmo os pais.

Por isso é importante que a mulher peça ajuda antes que seja tarde demais.

 

 Obrigada pela visita,

Cidália.