(Máscaras confeccionadas pela sobrinha)
Ela observa a montanha à sua frente. Observa a evaporação
da água que sobe pelos ares.
Pena que ela está sem o celular para tirar uma foto.
A espera é longa. Ela pensa em sair do carro. Mas, ir
aonde?
Ela prefere usar o tempo para observar.
As nuvens dançam no céu num ritmo lento.
O vento balança as folhas das árvores.
Os pássaros se movimentam para lá e para cá.
Pessoas transitam pela avenida. Algumas mascaradas e outras
não. Outras, com a máscara no lugar errado.
Uma cena chama a sua atenção, duas moças sem máscaras,
abraçadas. Cadê o distanciamento?
O silêncio é quebrado pelo barulho dos automóveis.
A escola ao lado está fechada há mais de dois meses.
Ela se dá conta que há mais de dois meses não vê as amigas e
não sai a pé à rua.
O contato com as amigas é somente através do WhatsApp. Ela
percebe que algumas amigas estão sumidas até mesmo do WhatsApp. Outro dia que ela
foi ao Banco, viu uma amiga e se cumprimentaram com um aceno. Apenas um “oi”. Em
outros tempos quando se encontravam ficavam horas conversando. Mesmo que
os maridos tivessem que ficar esperando.
O isolamento social tornou-se também virtual? Pode ser falta de assunto? Talvez!
Do outro lado da rua ela vê a igreja enfeitada com bandeirinhas.
Nos anos anteriores, nessa data, as missas eram realizadas todas as noites
durante 13 dias (31/05 a 12/06) e no dia 13, além da missa, havia a procissão em
louvor ao Santo Antônio, o padroeiro.
Nos finais de semana aconteciam as famosas quermesses. Uma
tradição de longa data.
Na cidade, as barraquinhas de comes e bebes, e de tudo que
se possa imaginar para vender.
O mês de junho sempre foi festivo também nas escolas com
suas tradicionais e divertidas festas juninas.
Este ano as missas são realizadas pela internet.
Na TV as notícias continuam alarmantes.
Com a flexibilização da quarentena os cuidados devem
continuar. É importante que as pessoas se conscientizem que a saúde deve ser
preservada. A saúde delas e a do próximo. Sempre.
Todos temos o direito de ir e vir, mas temos que ter
consciência do risco.
Até quando? Só Deus sabe.
Grata pela visita,
Cidália.