quarta-feira, 27 de abril de 2022

Em sintonia

 

Como os dias passam rapidamente quando a companhia é boa!

Observar a mamãe beija-flor alimentando os filhotes sobre um fio enquanto se balança vagarosamente numa rede ou ouvir os causos que surgem durante as longas conversas fazem parte do descanso mental.

Subir numa escada para colher jabuticaba ou raquetear os mosquitos, tudo é motivo de alegria.

As refeições são regadas de mais "causos" e risadas.

O chá de capim limão antes de dormir não pode faltar.

As caminhadas sem pressa, apenas observando a paisagem e as casas silenciosas nas noites de outono.

A imaginação fértil da sobrinha enquanto alguém abre a porta e sai na área da frente.

Será que a pessoa vai ver aqueles dois casais e pensar que são ladroes estudando o terreno para cometerem o assalto na calada da madrugada? A manchete no jornal no dia seguinte: assaltos são cometidos durante a noite e os suspeitos foram vistos nos arredores.

Na caminhada de volta mais uma parada para observar o comércio da pequena cidade.

A conversa no final da noite na rede vai noite adentro.

O tio tem muitas histórias para contar. Muitas já foram repetidas algumas vezes, porém a sobrinha não se incomoda. Ela ouve como se tivesse ouvindo-as pela primeira vez. Para seu namorado algumas histórias são inéditas.

O moço conta sobre suas peraltices da infância. Entre todas as traquinagens cometidas pelo rapaz, uma fica na memória da tia.

A mãe fazia a compra mensal e apesar de avisar os filhos, o menino de oito e a irmã de três anos comiam as guloseimas em poucos dias. Uma manhã quando a mãe havia saído, o menino e sua irmã pularam a janela da casa vizinha que estava silenciosa para procurar as guloseimas. Comeram o que acharam e ao ouvir um barulho, do dono da casa que estava chegando, o jeito era pular pela janela rapidamente. O pior era que teriam que sair por outra janela, um pouco mais alta do que aquela que usaram para entrar. O menino usando da sua esperteza fez com a que a irmã pequenina pulasse na frente e fosse buscar um colchãozinho para amortecer a sua queda. A menina pulou e mesmo sentindo uma dorzinha na perna obedeceu o irmão.

Mas, como todas as peraltices do menino eram descobertas, essa também foi, pois a vidraça havia sido quebrada por ele.

Segundo o rapaz a irmã ria quando ele apanhava, então ele se vingava se aproveitando da ingenuidade dela. E ele apanhou muito durante a sua infância.

Ouvindo-o contar as suas façanhas era possível entender porque as surras eram constantes.

E assim, com as horas preenchidas pelas lembranças ou simplesmente deitados na rede para ouvir o canto dos pássaros os dias voaram.

É chegada a hora de voltar para a cidade grande.

Um abraço apertado, emocionado e a promessa do até breve.

No dia seguinte o café da manhã já não é igual aos dias anteriores.

 

Obrigada pela visita,

Cidália.