segunda-feira, 27 de março de 2023

Vítima do sistema?

 


Têm coisas que acontecem na vida de uma pessoa que nos levam a refletir.

De quem é a culpa?

O que fazer quando dependemos de outras pessoas?

O jeito é esperar, esperar, esperar.

E quando a espera agrava mais e mais a situação do paciente?

Buscar um culpado pela situação? De que adiantará? 

E se?

Num jogo de empurra, empurra, o tempo passou e não adianta reclamar. Reclamar de quem? Para quem? 

Mas, a pergunta que não quer calar, e se? 

Não adianta reclamar, mas o desabafo servirá, talvez, como um alerta.

Tudo começou com o encaminhamento urgente de uma médica do P.S. para um dermatologista.

Deu-se início ao tratamento. A dermatologista queimava o local afetado com nitrogênio.

A primeira biópsia foi feita, mas parecia aos olhos leigos da família, algo comum, fácil de tratar.

Pesquisa no Google? Há controvérsia.

Porém, chegou uma hora em que devido ao avanço, a dermatologista encaminhou o paciente para outro dermatologista de outro município ao invés de encaminhá-lo ao especialista. Ela não conseguiu resolver o problema, passou adiante.

Esse dermatologista, muito conhecido e aclamado, fez uma biópsia no mês de agosto de 2021 e continuou observando o paciente. E assim o tempo foi passando.

No ano seguinte, nova biópsia no mês de abril.

O filho sempre pensando que talvez precisasse de um acompanhamento com o oncologista. 

Enfim, em julho de 2022, o dermatologista encaminhou o paciente para um especialista, um oncologista cirúrgico.

A preocupação da família continuou.

A demora do serviço público, infelizmente, é grande. Foi pedida a ajuda de um vereador que por sua vez falou com o diretor da área de saúde do município.

A consulta foi agendada para meados de janeiro. Nessa altura o câncer de pele já estava, além de uma orelha, numa das pernas, na canela.

Quando o oncologista olhou o paciente, exclamou:

 -O que é isso meu amigo? Como você deixou chegar a esse ponto?

 -Não foi por falta de correr atrás, doutor, mas sim o empurra, empurra dos médicos.

 -Agora não adianta criticar ninguém, comentou o médico.

 -Não estamos criticando, doutor, só relatando os fatos.

- Vocês não imaginam o que já ouvi hoje.

Realmente, criticar não vai resolver o problema. Sem contar que o especialista não teve culpa.

Criticar não vai devolver parte da orelha que será perdida por conta do tempo.

O paciente saiu do consultório consolando a esposa que ficou sem chão. Segundo ele, o que não tem remédio, remediado está.

No dia seguinte, bem cedo, ele foi fazer o exame de sangue e agendar a consulta com o anestesista.

No dia da consulta o paciente fez mais 2 exames. O anestesista soube dizer apenas que seriam 8 horas de jejum, após fazer algumas perguntas. Nada além disso. Não soube responder algumas perguntas feitas pela esposa do paciente.

  A enfermeira vai orientá-los.

Quando acontecerá a cirurgia? Só Deus sabe. Muitos pacientes para poucos profissionais. A fila de espera é grande.

A preocupação do paciente e da família era que a ferida, o câncer de pele, aumentasse.

Tanto o paciente quanto a esposa, familiares e amigos fizeram muitas orações pedindo a Deus que iluminasse a mente do oncologista para que ele agendasse a data da cirurgia logo.

Nem todos os membros da família souberam, no início, sobre os detalhes da cirurgia.

Um mês após passar na consulta, a data tão aguardada chegou, a cirurgia foi marcada. O paciente é uma pessoa de cabeça boa, que não se abalou pelo fato de perder a orelha, para ele o mais importante foi ficar sem a doença. Ele mesmo contou para os irmãos que moram longe.

E se tudo tivesse sido diferente?

Se o paciente tivesse sido atendido pelo especialista logo após a primeira biópsia?

E se?? Com certeza o paciente não teria perdido a orelha. Tem coisas que acontecem que nos levam a pensar!


                                                Muito obrigada pela visita!

Cidália.