Personagem de muitas histórias e músicas infantis, ele é
repelido por causa da sua feiura.
Desde a infância que esse animalzinho indefeso é temido por
ela e por muita gente.
Na sua memória ficaram cenas que ela gostaria de ter
esquecido.
Como por exemplo, numa certa noite, ela e a mãe foram
dormir na casa da comadre, pois seu pai havia viajado.
As duas dormiram no chão, numa esteira e de madrugada acordaram sentindo algo se mexer sobre o cobertor. Naquele tempo o facho de luz saía de um lampião. Mãe e filha se levantaram gritando ao se depararem com um sapo em cima delas.
Assustadas terminaram de passar a noite, sentadas na cozinha, com a comadre que acabou acordando sobressaltada com o barulho das duas. Bem cedo mãe e filha voltaram para casa e nunca mais quiseram dormir na casa da comadre.
Sua mãe tinha um imenso pavor do bicho porque, na sua adolescência, dois irmãos amarraram um sapo numa corda e a colocaram no pescoço dela num momento de distração, como se fosse um colar. Ela desmaiou e por conta disso ficou muito tempo sem falar com os irmãos.
Sua mãe passou para ela o medo pelo bichinho.
Outra cena marcante foi a de um colega correndo atrás dela e da
mãe com um sapo na mão. Os adolescentes gostavam de pregar peças uns nos
outros, principalmente quando sabiam dos seus medos. Era assim que se divertiam
numa época sem tecnologia.
Numa enchente grande na década de oitenta os sapos
invadiram a sua casa. Tinha sapo dentro de caixas e em vários lugares. Foi
aterrorizante. Ela nunca havia visto tanto sapo de uma só vez em cima das prateleiras.
Uma noite ela foi no escuro levar umas roupas para a lavanderia e ao se abaixar para pegar uma peça que caiu pegou num sapo, descobriu ao acender a luz. O susto foi tão grande que ela foi parar, não sabe como, em cima do tanque. Detalhe, ela já era uma mulher casada.
Uma outra cena foi ver um sapo dentro da privada. Seu filho, ao levantar a tampa, se deparou com o bicho lá dentro. Por muitos anos ela ficou com medo de sentar-se naquele vaso sanitário. Por sorte tinha outro banheiro.
Hoje em dia ela sente a falta dos bichos que há muito não vê.
Por causa do tempo seco eles estão desaparecidos, talvez
escondidos em algum canto úmido.
Ela o teme, mas nunca o maltratou, sabe da sua importância
para o meio ambiente.