sexta-feira, 28 de setembro de 2018

O mentiroso


Antigamente a palavra de uma pessoa tinha um valor imenso. Qualquer um que desse a palavra fazia questão de cumpri-la. Era questão de honra.

Responsabilidade, compromisso, honestidade, eram valores que faziam parte da índole de cada pessoa.

 Ah, mas espera aí!! Desde que a humanidade surgiu existem as pessoas desonestas, sem palavra, prontas para passarem a perna no próximo.

Sim, certamente, mas as pessoas de caráter faziam parte da maioria. Eram confiáveis. Cumpriam seus compromissos.

Hoje em dia essas pessoas continuam firmes com seus valores. Se acontece algum imprevisto que as impossibilitam de cumprir a palavra, justificam-se. Porém, parece que o número de pessoas desonestas aumentou. 

Ouvi uma conversa, sem querer, no ônibus, de uma pessoa que bateu na porta do vizinho para pedir um dinheiro emprestado.

- O cara prometeu que no final de semana, sem falta, devolveria o dinheiro.

- E você acreditou nele? Não dá mais para acreditar em qualquer um.

- A pessoa não era um desconhecido, eu o conheço há muito tempo, por isso acreditei nele.

- Quanto tempo se passou? Pode ter acontecido alguma coisa que o impediu de cumprir a palavra.

- Vai completar um mês no final de semana. Ele desfez a amizade no Facebook e me bloqueou no Messenger, depois que perguntei se o negócio que ele tinha para resolver dera certo. Se tivesse acontecido alguma coisa ele poderia ter se justificado pelo atraso do pagamento.

- Poxa, que cara de pau! Provavelmente de agora em diante ele vai desviar o caminho para não correr o risco de te encontrar na rua.

- Ainda bem que foi um valor pequeno que emprestei a ele. O cara se sujou por muito pouco.

- Quem sabe ele não fez a mesma coisa com outras pessoas? Pode ter levantando uma boa grana e dado no pé.

A viagem chegou ao fim e tive que descer do ônibus. A conversa que ouvi, porque os dois passageiros sentados atrás de mim falavam muito alto, me inspirou a escrever este texto.

Bom, nem mesmo promissórias assinadas são pagas, quanto mais um empréstimo sem comprovante algum. Há casos e casos. Têm pessoas que estão acostumadas a dar o calote e pessoas que, por algum motivo, se apertam e não podem pagar em dia suas contas.

As pessoas honestas justificam e negociam suas dívidas. Fazem de tudo para andarem com a cabeça erguida e dormirem tranquilos, pois com a crise, fica complicado arcar com as responsabilidades em dia!

Obrigada pela visita!

Abraços,

Cidália.





sexta-feira, 21 de setembro de 2018

A cidade das flores





Eu estava no banheiro, na estação em Curitiba, para fazer o passeio de trem quando fiquei sabendo da viagem para Holambra que fica na zona norte de São Paulo.

Desde que passou a novela Sangue Bom, no horário das 19 horas, que mostrava cenas gravadas na cidade eu fiquei encantada e com muita vontade de visitar o campo de flores.

Como meu marido é apaixonado pelas flores, não que eu não seja, admiro-as e muito, mas é ele quem cuida do jardim, resolvi presenteá-lo com o passeio.

Ao saber que reservei as passagens ele começou a anotar os nomes de plantas que pretendia comprar. Contava nos dedos o tempo que faltava para a viagem.

Enfim o dia tão esperado chegou. O ônibus estava lotado. Entre os passageiros estava a amiga que fiz na viagem para Morretes.

A viagem foi tranquila, mas muito cansativa. Levou mais de oito horas com algumas paradas. Mesmo tomando a metade do dramin, não consegui dormir.

Numa das paradas ouvi uma senhora, que conhecia a cidade, dizer que assim que chegássemos esqueceríamos o cansaço.

Quando avistamos o local e adentramos no recinto da expoflora, realmente ficamos encantados.

Flores de todas as cores. Flores para todos os gostos. Flores deslumbrantes. Eu pensando nas fotos e meu marido querendo encontrar o local de vendas.

Visitamos vários locais, todos muito floridos. Ainda bem que estávamos com calçados confortáveis.

O dia estava maravilhosamente lindo. Eu havia dado uma olhada na previsão do tempo e marcava chuva. Graças a Deus a previsão havia mudado na última semana. Se choveu foi no sábado. O domingo estava ensolarado, perfeito.

Entramos no shopping das flores para a compra de mudas, sementes e bulbos. Enquanto eu e meu marido fomos à seção das dálias, minha amiga ficou na seção de suculentas. Ao nos darmos conta a perdemos de vista.

Fiquei parada num canto enquanto meu marido a procurava. Tentei me comunicar com ela, mas o celular ficou sem sinal. Só a reencontramos no local combinado para aguardarmos o ônibus na hora da saída. Ela também tentou nos encontrar. 

Paramos num mercadão com preços mais acessíveis e compramos mais algumas plantas. Aproveitamos para tomar um café.

Pena que o passeio que eu mais ansiava acabamos não fazendo! Voltei para casa insatisfeita por não ter feito o passeio completo. O campo de flores ficou para o próximo ano!! Espero que gostem das fotos. 


Obrigada pela visita! 

Cidália.
























sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Momento de FÉ


A vida é feita de momentos. Momentos alegres, tristes, de esperança, de aprendizagem, de compartilhamentos, de escolhas, decisões, de partilha, e sobretudo de FÉ.

Desde a minha adolescência comecei a ir à Aparecida do Norte com meu pai. Viajávamos em excursões. Sempre uma turma animada. Turma da farofa. Cada família levava suas comidas e oferecia aos demais. Parecia um piquenique. Acostumada com a vida no interior eu amava observar a cidade grande, iluminada, quando passávamos em São Paulo a noite.

Depois que me tornei adulta continuei indo à Aparecida, mas esporadicamente. Depois de ficar uns sete anos sem viajar para lá, fui no ano passado e este ano novamente. Em cada viagem, eu e meu marido visitamos determinados pontos.

Não tem como visitar todos os lugares em poucas horas. Os pés não aguentam. O calor incomoda. Se bem que este ano levei bermuda e chinelos.

Escolhi algumas fotos para postar aqui no blog.












Sua visita me deixa muito feliz, obrigada!

Cidália.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Através do espelho


Parada diante do espelho ao observar sua cabeleira desalinhada com os fios brancos se sobressaindo, Adelaide olha para dentro de si.

O que seus olhos encobertos pela catarata lhe mostram a deixam assustada. As rugas profundas numa pele sem vida, desnutrida. As sobrancelhas embranquecidas, os cílios ralos, os lábios enrugados.

Ela fica ali se analisando por alguns minutos. O que aconteceu com a mulher vaidosa que só andava com os cabelos bem cortados e penteados? 

Ela é consciente que desistiram dela e mais ainda de que ela própria desistiu de si. Olha-se mais uma vez e se enche de tristeza ao notar que suas roupas estão muito velhas. Os chinelos nos seus pés estão pequenos. Deve ser por causa do inchaço que deixaram seus pés maiores.

A imagem assustadora que ela vê diante de si não pode ser da mesma pessoa que foi até outro dia. Parece um espantalho.Seus dias são todos iguais, cinzentos, por mais que o sol brilhe lá fora.

Adelaide olha para as mãos e pensa em quanto tempo suas unhas não veem a cor de um esmalte.

O peso do seu corpo está bem acima do normal. A única coisa que ela faz durante o dia é comer. Ou melhor, uma das únicas coisas, a outra coisa é ficar sentada ou deitada diante da TV.

A TV é um mero passatempo que ela olha sem prestar atenção, sem se concentrar. A TV é sua companheira. Ela não presta atenção, mas ouve as vozes. Não se sente tão sozinha.

Pensa que seria bom ter uma revista para ler se seus olhos enxergassem as letras miúdas.
Quase não reconhece mais as pessoas que a cumprimentam quando a veem na frente de casa. Algumas pessoas ela reconhece pela voz.

Ainda diante do espelho ela fecha os olhos e se imagina há três anos antes de seu martírio começar.

Adelaide gostava de se arrumar, de comprar roupas novas como toda mulher, de comprar os calçados da moda, de frequentar o salão de beleza, de passear com as amigas.

No dia do pagamento parava nas lojas para pagar as contas e acabava sempre comprando algo mais.

Ela se adornava com brincos, colares e anéis de ouro. Chegara a frequentar a terceira idade. Era uma turma animada que gostava de viajar e dançar. Muitas vezes ela notara que algumas mulheres ficavam com ciúme dela. Ela chegara a arrumar uns dois pretendentes, mesmo com a escassez de homens naquela turma com um grande número de mulheres.

Sua casa estava sempre limpa, bem arrumada. Ela gostava de cozinhar e receber as amigas para o café da tarde.

Porém, um certo dia, lhe disseram que sua mente estava conturbada e que ela não poderia mais dirigir sua vida nem sua casa.

A partir daquele dia a cortina se fechou para ela. Sua sina era viver trancafiada no calabouço sem direito de sair à rua sozinha.

Para Adelaide, mesmo sem cadeado nas portas, a casa se tornara sua prisão.  Não lhe restou uma alternativa a não ser se entregar de vez. Uma voz lhe dizia para reagir. Ela precisava dar um grito de independência. Precisava voltar a ser uma mulher independente, útil e capaz de tomar suas próprias resoluções. Não podia desistir de si, pois as pessoas já haviam desistido dela.

Nenhuma vizinha se atrevia a visitá-la com receio de se afundar naquela melancolia. Adelaide exalava tristeza e derrota por todos os poros. 

Não, ela não queria contaminar ninguém com sua triste sina, nem queria que sentissem pena dela. Sabia que só ela poderia fazer algo por si mesma. Ela estava nas suas próprias mãos.

Aquela reflexão diante do espelho precisava lhe dar força para que ela escalasse o calabouço, abrisse a cortina e voltasse a ser a estrela principal no palco da vida.

                                                  Obrigada pela visita,

Cidália.