domingo, 19 de outubro de 2025

A casa

 

 




Era uma vez uma casa.

Uma casa grande,
cheia de vozes,
e de berros.
Uma casa repleta de alegria.
Uma casa com crianças,
e animais de estimação.
Uma casa onde vivia uma família.
Uma família com seus problemas,
e desavenças.
Uma família como outra qualquer.
Um certo dia a matriarca se foi.
É chegada a sua hora.
Os familiares se afastaram.
Cada um seguiu seu rumo.
Quem ficou na casa não teve como se manter. 
Foram levados para serem cuidados.
A casa ficou abandonada,
com suas paredes corroídas pelo tempo.
A casa ficou sem vozes,
e sem os berros.
A casa se encheu de tristeza. 
A casa ficou vazia.
A casa ficou assombrada.
A casa ficou deteriorada.
A casa enfeava a rua.
Chegou, então, o dia em que a casa foi derrubada.
No lugar onde havia uma casa, que abrigou por muito tempo uma família, tem agora um amontoado de entulhos. Por pouco tempo.
Em breve haverá somente um espaço vazio entre os outros imóveis.
Somente os moradores antigos da rua conhecem a história daquela casa.
Daquela casa que, em breve, ninguém mais se lembrará.
O terreno pertence à prefeitura.
Algo novo surgirá no local? Ou não?
Somente os moradores antigos da rua lembrarão das pessoas que moraram ali.


Chegará o dia em que as velhas lembranças ficarão soterradas junto com o entulho em algum lugar bem longe dali.
 
 
Obrigada pela visita,
   Cidália. 

5 comentários:

  1. Esse texto mexeu lá no fundo de minha alma porque estou lembrando da minha casa meu cantinho amado onde tbm fazíamos festas e vivíamos felizes apesar de ter mos perdido muitos entes queridos ali naquela casa perdi meu esposo meu irmão meus pais e meu neto mais tínhamos conseguido a felicidade só que um dia alguém quiz comprar tudo ali e resolvemos vender aquela casa ficou na lembrança , obrigado pelo texto Cidália eu vivi naquela rua mais de 60 anos e novamente encontrei alegrias ao lado de filhos netos e bisnetos e a vida que segue

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    1. Muito obrigada, Cleuza, pelo comentário! Gostei do seu desabafo. É isso aí, vida que segue!! Bjs.

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  2. 🥺😔😪Nossa, que crônica triste e tão bem escrita! A escritora transmite sentimentos de uma forma lírica...

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    1. Muito obrigada, Vera, pelo comentário afetuoso, um abraço.

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  3. Cidália, haverá um tempo que nem.os moradores antigos lembrarão, pois eles não estarão mais aqui. É o ciclo.natural da vida e nào somos eternos. Conversei com conhecidos de minha infância sobre a rua onde moro, sobre a cidade.e essa mudança descrita no texto.ja está acontecendo de forma muito rápida por aqui. Então, vamos viver a vida que nos resta e não desperdiçá-la. Um abração Cidália. SARA

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