quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Era uma vez



Era uma vez, há muito tempo atrás, dois irmãos aconchegados dentro de uma caixa de papelão, a Nina e o Nick. 

No apartamento havia muitas caixas. Seus donos estavam se mudando. Cada um iria para um novo endereço. O relacionamento deles chegara ao fim.

Sem entrar nos pequenos detalhes, os irmãos Nick e Nina ganharam um novo lar. Um lugar espaçoso, um quintal para tomarem sol.

Lá, os irmãos tiveram que se entrosar com o pequeno cachorro e mais alguns gatos da família.

No início, assim que chegaram e saíram da gaiola sentiram-se deslocados, estranharam a nova casa e os outros animais.

Nina e Nick ficavam sempre juntos, não se largavam. Ela havia sido castrada. Os novos donos mandaram castrar o Nick.

Com o passar do tempo os dois irmãos foram se familiarizando com os outros gatos.

Na vizinhança existia alguém, segundo os boatos, que não gostava de gatos. Se algum gato chegasse no seu quintal, era envenenado.

Infelizmente, foi assim que aos poucos os gatos, do casal, foram desaparecendo. Um a um. Não tinha como impedi-los de subirem sobre os muros ou telhados da vizinhança.

A Nina, apesar de ter se aventurado uma noite, voltou sã e salva.

A partir daquele dia ela se tornou caseira, se arriscando a andar pelo jardim somente na companhia da sua dona.

O que aconteceu naquela noite que a deixou medrosa?

O Nick, infelizmente, assim como os outros gatos, também se foi. Ele era um gato curioso, aventureiro.

Por muitos anos ficaram apenas o pequeno cachorro e a Nina.

Porém, chegou o dia em que o cachorro, muito velhinho, se foi para outra dimensão.

A Nina, folgada, passou a comer a ração na mão dos seus donos.

Sempre companheira, amorosa.

Mas, como todo ser vivo, a única certeza da vida, chegou para ela.

Uma semana que ela se foi.

Quieta.

Deitada num canto da sala.

Apenas com alguns miados baixos.

Como um lamento.

Como um adeus, talvez.

Como um agradecimento, quem sabe.

Foram dezoito anos de vida, uma vida longa se comparada com o seu irmão, o Nick, ou com a Belinha, sua filha. Sim, antes de ser castrada, ela foi mãe.

Vivia dentro de casa, dormia no sofá, na cama, numa cadeira ou na poltrona do papai.

Comia a ração na minha mão.

Estava sempre ao meu lado ou no meu colo quando eu me sentava para ler ou ver televisão.

Quando eu saía no quintal eu a chamava. Ela me acompanhava.

Ela pedia para trocar a sua água. 

Ela tinha um banheiro onde ficava a sua vasilha de areia.

Ela não gostava muito de criança.

Enquanto, lentamente, sua vida se esvaía, eu falava com ela. Agradeci pelo tempo de convivência, pela companhia.

Estou, agora, me acostumando sem o seu miado na porta do quarto, de manhã, bem cedo. 

Estou, agora, me acostumando sem a sua presença na cozinha enquanto eu faço a comida.

O meu consolo é que ela teve uma vida longa e boa. 

Deu e recebeu carinho.

Agora ela repousa eternamente num canto do jardim.

Era uma vez, uma linda gata, chamada Nina, que viveu por dezoito anos e foi uma ótima companheira!



PS: sábado ela ainda subiu no sofá com a minha ajuda e ficou deitada ao meu lado. Comeu o sachê, mas estava fraca e ontem ela comeu um pouco de manhã, depois ficou no canto da sala, no chão, bem quietinha. Falei com ela e ela só deu um miado, penso que não sentiu dor. De vez em quando eu falava com ela e assim ela continuou na mesma posição até que se foi para sempre.

 

 Obrigada pela visita,

    Cidália.

 

 

6 comentários:

  1. Chorei lendo esse texto ,a gente se apega com os bichinhos de estimação ,eu perdi a tuty a pouco tempo ela morreu dorminho, tenho meu gato mingau ele tem 14anos é muito amoroso me preocupo com ele. de manhã ele vai miar na porta do meu quarto . Um dia todos partiremos desta vida ,linda homenagem Cidalia a nina mereceu

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  2. Uma história que faz a gente chorar, é muito triste quando os bichinhos morrem fica uma tristeza grande.

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  3. Olá
    Nossos bichinhos são tão amados que é como se fossem um familiar. É muito triste quando eles morrem....

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  4. Oi, tudo bem? Estava sentindo falta de ler os seus textos. Sempre trazendo reflexões importantes e nos fazendo pensar. Bichinhos de estimação são muito especiais, ainda mais quando nos apegamos a eles. Minha irmã ama gatinhos desde pequena, perdi a conta de quantos ela já teve. Um abraço, Érika =^.^=

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