segunda-feira, 30 de junho de 2025

Apenas um desabafo

                                            (foto copiada do Instagram)
O choro contido por anos

de repente vem à tona.
No desabafo,
no pedido de socorro.
Sua voz, silenciada por anos,
de repente grita,
enquanto ele vê sua vida se esvaindo.
Mas o que fazer, quando se é o alicerce da família?
Quando aos oitenta e tantos anos, é o muro de arrimo de alguns familiares?
Ele não se cansa de repetir que está onde está porque não teve opção, foi forçado a deixar seu refúgio por causa da idade.
Ele repete com a voz embargada pelo choro que gostaria de voltar para a sua antiga morada.
Sua autonomia foi perdida.
Ele não pode mais tomar decisões.
O lamento por envelhecer longe do lugar onde viveu grande parte da vida.
A tristeza de saber que não pode mais ter vontade própria.
Seu coração vive em profunda tristeza.
Ele sente-se dentro de uma prisão.
Não tem amigos,
não pode sair para caminhar sem hora para voltar.
Não visita ninguém e nem recebe nenhuma visita.
Sabe das coisas pelo noticiário ou quando fala por telefone com amigos e familiares. Gosta de estar a par das novidades, de saber sobre os parentes e conhecidos.

 A pergunta que não quer calar:
- O que esses familiares fariam se ele não existisse?

Do outro lado do telefone, a ouvinte não sabe como confortá-lo. Ela conhece a sua história, porém nada pode fazer para ajudá-lo, a não ser ouvi-lo.

Ele tem a opção de morar com a filha em outra cidade onde será bem cuidado e amado. Basta se decidir, basta deixar tudo para trás e entender que morar sozinho na sua cidade natal já não é mais possível. 

 

Deixe a sua opinião, ela será bem-vinda!

 Obrigada pela visita,

Cidália.

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