quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A Casa ao Lado (Dúvidas e segredos)





Na mercearia, d. Gertrudes voltou a conversar com o marido sobre a arma que escondera na casa do seu Joaquim.

- Eu pretendia matar aquele patife que acabou com a vida da nossa filha. Nem que passasse o resto da vida na prisão. Naquele momento não estava pensando nas consequências.
- Minha querida, ainda bem que você foi esperta e não deixou as digitais na arma. Senão você já teria sido pega.
- Pensei em tudo direitinho, agi com prudência e você sabe que não fui eu quem apertou o gatilho. Havia mais alguém querendo a morte daquele rapaz. Alguém que chegou na minha frente.
- Como você vai provar se descobrirem que estava lá?
- O tiro que acertou o moço saiu antes que eu chegasse à sala. Dei meia volta e saí de fininho.
- Por que a arma que estava na casa do seu Joaquim, a minha arma, foi identificada como a arma do crime?
- Querido, você está achando que fui eu e que estou mentindo? Se eu fosse a culpada não iria guardar segredo para você. Tive a ideia de esconder a arma na casa do nosso vizinho, dois dias depois, porque percebi os olhares atravessados dele, cada vez que me encontrava. Pensei que ele tinha me visto naquela casa na hora do tiro.
- Você tinha me contado essa história pela metade outro dia. Ficou de continuar numa outra oportunidade e acabou esquecendo.
- Pois é, você não tocou mais no assunto, pensei que não estivesse interessado. O que importa é que estou contando agora. Aproveitei o momento em que ele saiu para caminhar, de manhãzinha, para entrar na casa dele e esconder a arma. A rua estava deserta. Você e os vizinhos ainda dormiam.
- Coitado do homem! Quando será que a polícia vai descobrir a verdade?
- Eles não devem ter feito o exame de balística e quando fizerem seu Joaquim será inocentado.
- Mulher, porque você não conta a sua versão à polícia? Você não poderá ser incriminada só porque a arma é minha.  Assim a polícia apressará o exame, libertará aquele inocente e irá atrás do verdadeiro culpado.
- Não quero me envolver mais do que já estamos envolvidos. Já é do conhecimento da vizinhança que nossa filha era namorada daquele rapaz. Sem contar que a arma era sua. Ainda bem que você tinha feito o boletim de ocorrência na época em que ela foi roubada.
- Você acabou de dizer que o tiro não partiu da minha arma. É só uma questão de tempo, então, para a verdade aparecer. Não é justo aquele senhor pagar por um crime que não cometeu. Ele é inocente! Não estou aguentando guardar esse segredo. O remorso está me corroendo por dentro.
- Vamos esperar um pouco mais. Assim que o resultado sair, você vai ver que estou com a razão. A polícia se concentrará na busca do assassino e da arma. Não precisamos nos expor, querido.
- Preste atenção no que vou falar, se dentro de duas semanas, seu Joaquim não for liberado, vou me oferecer para depor a favor dele.
- E se te acusarem de cumplicidade? Você terá que explicar porque demorou para falar o que sabia, Antônio e eu serei indiciada por omissão dos fatos. Poderíamos ter evitado a prisão do nosso vizinho, porém, eu ficaria presa até a conclusão da investigação.

O casal que já estava passando por uma crise por causa da filha, chegara ao limite. D. Lúcia havia percebido que o clima entre os dois estava diferente. Ela roía as unhas de tanta curiosidade, desde o dia em que ouvira a conversa entre os dois. Qual o segredo que ambos escondiam? Pensou em dar mais um telefonema anônimo à polícia, porém acabou desistindo. Seu marido exigira que ela não se metesse naquele caso. Já tinha se metido uma vez. Não queria contrariá-lo.
A polícia constatou, após o exame de confronto balístico, que o revólver calibre 38, encontrado na casa do seu Joaquim, não havia causado a morte do jovem Roberto. A dúvida que permanecia era o motivo de alguém esconder a arma na geladeira da casa dele. Quem e por quê faria isso? Uma hora ou outra tudo seria esclarecido.

Sem provas contra ele, aquele senhor não podia continuar preso. Seu Joaquim foi liberado, pois o único delito cometido foi seguir o Roberto, quando descobriu que era o namorado da Eloísa. No dia que o seguiu, pegou-o passando algo na frente de uma escola, para um adolescente. Jamais pensou em matar alguém, muito menos aquele rapaz. Entendera que a moça era comprometida. Achou melhor deixar para lá o dinheiro que tinha emprestado a ela. Nem sabia que o jovem estava lá, naquela casa, naquele dia fatídico.
Tudo o que seu Joaquim esperava era que a moça não contasse à família que ele a importunara. Se isso acontecesse teria que ir embora dali. Não suportaria ser apontado como "velho safado" pelos vizinhos.
De volta a sua casa se fechou no seu mundinho. Estava arrependido da sua atitude com a Eloísa. Ela não era uma qualquer. Era moça de família. Precisava de conselhos, de ajuda e o que ele fez? Tentou tirar proveito da situação. Perdera a cabeça!
Talvez a melhor coisa a fazer, seria ir embora daquele bairro. A tristeza e o arrependimento pelo que fizera à moça e mais a lembrança dos dias que passara na prisão, injustamente, povoavam-lhe a mente e ele não conseguia dormir. A insônia era a sua companheira, noite após noite.
Em pouco tempo a depressão o arrematou. Sem comer, sem conversar com ninguém e sem dormir, ficou a espera da morte. Os vizinhos, até mesmo aqueles que sempre acreditaram na sua inocência, viraram-lhe às costas.

D. Lúcia até sentira a sua falta, mas tinha vergonha de procurá-lo depois de entregá-lo à polícia. O marido dela, era o tipo de pessoa que preferia ficar na dele. Não queria se envolver com nada. Sentia saudades da monotonia que havia no bairro antes daquele casal se instalar na casa ao lado da sua.

Seu Joaquim estava no lugar errado, na hora errada e acabou se dando mal. Foi acusado injustamente e abandonado pelos vizinhos.

Será que d. Gertrudes merece perdão pelo que fez com o pobre homem?

Em breve mais um capítulo, não deixe de dar a sua opinião, obrigada!

Abraços,
Cidália

32 comentários:

  1. nossa, fiquei curiosa pra saber que fim você vai dar pra essa
    história. Cidália, seus contos são incríveis. adorei

    Taynara Mello | Indicar livros
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  2. Aí meu Deus esse suspense ta de arrepiar ,to com muita raiva da dona Gertrudes ,mesmo não tendo puxado o gatilho ela tem que pagar o que fez ao pobre velho . estou adorando essa trama parabéns Cidalia .

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    1. Obrigada, Cleuza! Pois é, ela agiu muito mal com seu Joaquim e teve a intenção de matar o Roberto!

      Beijos ❤

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  3. Ah mel dels! Gostei muito do conto. Vou ler o início porque né, curiosidade bateu. Parabéns, você escreve muito bem mesmo.
    Beijo

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  4. Nossa, a cada vez vez que leio fico mais encantada com sua escrita. Parabéns!!!

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  5. Cidália, seus contos são sempre incríveis. Nos prende do início ao fim.
    Beijos

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    1. Fico feliz em saber que você gosta dos meus contos, Luciana!

      Obrigada, beijos.

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  6. Coitado do Sr.Joaquim!! Não deu sorte mesmo!! Adorei o conto Cidália! Acho que a turma não vai perdoar o d. Gertrudes, agiu feio.
    Estarei aguardando o próximo capítulo!

    Beijos!
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    1. Pois é, Raquel!
      Será que ela não merece perdão?

      Oba, obrigada! Beijos.

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  7. Olá, Cidália. Tudo bem ?

    As consequências de uma omissão é tão grave quanto a mentira. Neste cado Dona Gestrudes está confusa, perdeu a filha de forma trágica, isso, deixa qualquer mãe embaralhada, mas coitado do Seu Joaquim que pagou o pato sem ter nada haver com o enredo. Mas aconteça o que for não podemos deixar um inocente na prisão. Bjs

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    1. Olá, Sandra, tudo bem!
      Adorei sua opinião, concordo com você!

      Obrigada, beijos! ❤

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  8. Tadinho de sr. Joaquim ... rsrs
    te seguindo gata.
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  9. Nossa !! Que legaal !!! Estou mega ansiosa para os próximos capítulos rs...
    Está deixando todo mundo doido para o capítulo final. rs

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  10. Olha como essa história tá se desenvolvendo bem! Sinceramente o perdão é caso de se pensar...

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  11. Oi Cidália,
    Esta história esta cada vez mais intrigante... Ansiosa pelo desfecho final!
    Agora só aguardar os próximos capítulos.
    Bom fim de semana!
    Bjs❤
    Abrir Janela

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  12. Nossa, Cidália, quantas revelações, hein? Meu Deus, coitado do sr. Joaquim. Eu, particularmente, achei muita sacanagem o que a d. Gertrudes e o marido dela fizeram com o pobre homem. Eu acho que eles precisam ser responsabilizados pelos danos que trouxeram a vida do Joaquim. Adorei esse capítulo, achei incrível. A cada dia que passa, mas curioso fico para saber quem realmente matou o Roberto. Ainda acho que o Elias tem alguma relação com o assassinato. Que amanhã, tenhamos um novo capítulo cheio de surpresas. Depois desse, já estou ansioso.
    Um ótimo final de semana para você, Cidália e um grande abraço.

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    1. Pois é, Leandro! Coitado mesmo!
      Gostei muito da sua opinião. Suas palavras me deixam animada, como sempre!
      Obrigada, uma ótima semana!
      Abraço.

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  13. Seu Joaquim já saiu da prisão. Pagou caro por ter dado em cima da mocinha. Aliás, nesse conto não tem ninguém inocente. Cada um tem seu pecadinho...
    Intrincado o suspense!! Muito bom.

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  14. Quantas revelações hein?! Ansiosa demais pelo final dessa história!
    Estou amando! ♡
    Beijos
    Lilica

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  15. Está história está ficando cada vez melhor Ci... estou amandoooooo

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  16. Nao acho justo que um siposto erro seja imposto a outro, ela não merece perdão. Mas amei a historia. Parabéns.

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