Lígia, uma menina tímida e retraída, sentia-se muito solitária. Na escola não tinha amigos. Sentava-se na primeira carteira e como era a melhor aluna da classe, era a primeira a terminar as tarefas.
Enquanto esperava os demais terminarem a lição, sonhava de olhos abertos. Imaginava-se num palco, cantando para milhares de pessoas.
Aos dezessete anos começou a cantar na igreja onde seu pai era o pastor. Nesses momentos em que a música invadia sua alma, ela não sentia solidão. As pessoas gostavam de ouvir a sua voz e isso lhe trazia conforto.
Seus irmãos eram fãs e perdiam horas assistindo seus ensaios. Eles não eram de muita conversa com a irmã mais velha porque ela não lhes dava atenção, mas sempre a rodeavam.
Quando descobriu que sentia atração por outras meninas, o desespero tomou conta dela. Sabia que se revelasse seus sentimentos não seria aceita, nem pelos pais e nem pela comunidade. Seria apedrejada.
Continuou sufocando seus sentimentos e só sentia-se livre quando estava cantando para os fiéis, na igreja.
Seus pais pensavam que ela não tinha namorado por causa da timidez. E ela estava sempre na escola ou na igreja. Não saía com amigos. Para os colegas da escola ela era antipática, pois conversava apenas o essencial com alguns deles, quando precisavam se agrupar, para fazerem determinados trabalhos.
Ao completar dezoito anos, seus pais encontraram cartas de amor que ela tinha escrito para outra menina, colega da faculdade, e recebeu ameaças de seu pai.
Tanto sua mãe quanto seu pai ficaram horrorizados com a descoberta de que a filha tinha uma namorada e cortaram o relacionamento com ela.
- A partir de hoje você não será mais nossa filha - disse o pai - eu e sua mãe queremos que saia de casa e que cuide da sua vida bem longe de nós.
- E a faculdade? Vocês vão me ajudar até que eu consiga bancá-la sozinha?
- Tranque a matrícula, faça o que achar melhor, mas não conte conosco – disse a mãe.
- Você pode ficar com o carro que foi presente e o dinheiro da poupança que foi presente de seus avós - o pai falou, sem olhar para a filha.
- Por favor, arrume suas coisas e saia antes que seus irmãos cheguem da escola, não queremos que eles saibam sobre a sua vida - a mãe foi rude.
- O que vocês vão dizer a eles, quando perguntarem onde estou? Vão mentir?
- O que diremos a eles não é da sua conta. Contaremos apenas o necessário quando perguntarem por você - o pai já estava perdendo a paciência.
Lígia foi para o quarto sem derramar uma lágrima sequer, arrumou suas coisas e pegou seu violão, o companheiro de todas as horas. Colocou a mala no bagageiro e o violão no banco do carona. Verificou o combustível e deu partida no carro. Seguiu em frente com um aperto no coração. Gostaria de ter se despedido de seus irmãos. Mesmo não sendo muito ligada a eles, amava-os. No fundo, talvez sentisse ciúme deles.
Luiz e Leda, eram gêmeos e tinham quatro anos a menos que ela. Desde que eles nasceram, Lígia sentiu-se rejeitada pelos pais. A atenção era toda para os bebês.
O dinheiro que ela tinha, na conta, teria que ser economizado até que arrumasse um trabalho.
Conseguiu emprego no restaurante, onde fazia suas refeições, numa cidade próxima. Alugou um quarto num pensionato.
Conseguiu emprego no restaurante, onde fazia suas refeições, numa cidade próxima. Alugou um quarto num pensionato.
Nos finais de semana se apresentava em bares e lanchonetes. Com o apoio da namorada, sentia-se mais confiante e enquanto dedilhava as cordas do seu violão a timidez não a incomodava tanto.
Seis meses depois, já familiarizada com a nova rotina, voltou para a faculdade. Sabia que precisava pensar no futuro, não poderia viver de sonhos. A música continuaria sendo um maravilhoso passatempo.
Ela estudava durante o dia e trabalhava a noite. Começou a manter contato com os irmãos através das redes sociais. Soube que seus pais nem queriam ouvir o seu nome. Era como ela tivesse uma doença contagiosa.
A família da namorada era muito diferente da sua. Eram pessoas legais. Aceitaram a escolha da filha numa boa. Recebiam a Lígia com alegria. Eles moravam na mesma cidade que a família da Lígia, porém num bairro distante.
Com esforço e dedicação, Lígia conseguiu terminar a faculdade. Se formou nutricionista e continuou no restaurante, onde foi promovida a gerente. Assim que possível pretendia abrir seu consultório.
Porém, a nutricionista que prestava serviços ao restaurante foi embora para outra cidade e Lígia assumiu seu lugar.
Porém, a nutricionista que prestava serviços ao restaurante foi embora para outra cidade e Lígia assumiu seu lugar.
A música continuou fazendo parte da sua vida e nos dias de folga ela se apresentava com a banda formada pela namorada, em festas de casamentos e aniversários.
A esperança de fazer sucesso como cantora ainda existia. Quem sabe sua estrela ainda brilharia?
Quanto aos pais perdera a esperança de uma reconciliação. Eles não compareceram na sua formatura.
Seus irmãos foram contra a vontade dos pais. Lígia ficou feliz por ter o amor e o carinho deles, num momento marcante da sua vida.
Seus irmãos foram contra a vontade dos pais. Lígia ficou feliz por ter o amor e o carinho deles, num momento marcante da sua vida.
Ela sentia falta dos pais, mas não podia fazer nada se eles não aceitavam a sua escolha.
Será que seus pais voltariam atrás, um dia, e se aproximariam dela?
PS: não deixe de acompanhar o blog e de segui-lo.
http://contosdacabana.blogspot.com.br/
Será que seus pais voltariam atrás, um dia, e se aproximariam dela?
Obrigada pela visita!
Beijos,
Cidália.
PS: não deixe de acompanhar o blog e de segui-lo.
http://contosdacabana.blogspot.com.br/
Oiii flor tudo bem?
ResponderExcluirMais um conto fantástico e dessa vez tu conseguiste me emocionar com Ligia, eu não pensaria duas vezes para conhecê-la melhor, te recomendo a escrever um livro de contos, compraria com toda certeza.
Beijinhos
Olá, Morgs, tudo bem!
ExcluirQue alegria saber que você gostou deste conto!
Vou pensar com carinho na sua recomendação, obrigada!!
Beijinhos.
nossa muito legal e vou aguardar pelos proximos
ResponderExcluirOi, Sadhia, obrigada pelo comentário!
ExcluirBjos.
Ah que delícia ler esse conto! Estava sedento por isso! E que surpresa maravilhosa a minha ao vir aqui e me deparar com uma verdadeira promessa de contista. Se me permite dizer, seu conto tem uma estrutura narrativa muito elegante e de leitura fácil. A narrativa em terceira pessoa permite uma auspiciosidade melhor para o leitor... descreves tudo muito bem! E obviamente os diálogos - em pegadas mais ágeis - torna a tuso mais dinâmico! O que é muito bom. Normalmente e naturalmente a narrativa deixa tudo mais pesado, o que no seu caso nem acontece.
ResponderExcluirAgradou-me bastante estar aqui! Continues! Tens afinidade com o universo literário!
Grande Abraço.
Ps: O final aberto me deixou curioso... será que não poderias continuar? Deixaste um gancho maravilhoso para uma continuidade!
Olá, Oscar!
ExcluirVocê não imagina o quanto fiquei feliz com o seu comentário! Suas palavras motivadoras me incentivam a continuar escrevendo. Sempre gostei de ler e meu sonho era ser escritora. Comecei com o blog (sugestão do meu filho) para colocar em prática esse sonho. Sua opinião é muito importante para mim!
Muito obrigada!! Abraço.
Ps: Vou pensar na sua sugestão!
Cidália que conto mais lindo, é um conto muito emocionante, vou torcer para os pais dela se aproximar dela, se eles amar ela eles vão procurar ela, bjs.
ResponderExcluirOlá, Lucimar, muito obrigada pelo comentário!
ExcluirPois é, o amor precisa prevalecer!!
Beijos.
Que conto emocionante, tocante, necessário para uma segunda, fiquei com gosto de quero-mais. pena ter perdido a esperança de reconciliação com os pais.
ResponderExcluirOlá Lilian!
ExcluirQue bom que você gostou!!
Muito obrigada pelo comentário!
Beijos.
Oiê!
ResponderExcluirVai ter continuação?
Adorei o conto! Fico triste por saber que, infelizmente, coisas assim acontecem de verdade, mas pelo menos com Lígia a situação conseguiu ser revertida e ela cresceu em todos os sentidos, espero que haja uma conciliação...
Bjss
Olá, Andrea!
ExcluirJá estou pensando na continuação.
Que bom saber que você gostou! Obrigada pelo comentário!!
Beijos.
Olá!
ResponderExcluirJá quero mais flor!
Que conto maravilhoso. Já pensou em postar em outras plataformas, tipo Wattpad, LuvBook?
Acho que renderia boas leituras, afinal fiquei muito emocionada com esse texto.
Beijos e parabéns pelo trabalho!
Camila de Moraes.
Olá, Camila!
ExcluirEstou feliz sabendo que você gostou deste conto. Já tenho duas publicações no Wattpad.
Muito obrigada de coração pelo incentivo!!
Beijos,
Cidália.
Uma mãe jamais deixa de amar seus filhos , parabéns Cidalia muito emocionante esse conto quem sabe uma continuação vou adorar .
ResponderExcluirPois é, Cleuza, verdade!!
ExcluirMuito obrigada pelo comentário!! Já estou pensando.
Beijos.
Infelizmente, a situação que você descreveu no texto é a situação de muitos... Mas gostei que sua personagem não se deixou inibir e continuou sendo quem era.
ResponderExcluirBeijos
Mari
www.pequenosretalhos.com
Olá, Mari!
ExcluirNem fale, infelizmente!!
Muito obrigada pelo comentário!
Beijos,
Cidália.
Já quero ler mais
ResponderExcluiradorei o conto e já fiquei aqui torcendo
quero mais mais mais
kkkk bjs
Oba, que bom que você gostou, Li!
ExcluirObrigada pelo comentário!!
Beijos.
Fiquei curiosa para saber o que vai acontecer, eu ainda não tinha lido a postagem anterior mas vou dar uma olhada. Acho que a Ligia ainda pode aprontar alguma por causa de ciúme, mas posso estar enganada.
ResponderExcluirOlá Beatriz!
ExcluirCiúmes dos irmãos com os pais? Será?
Obrigada pelo comentário, beijos!
Bem elaborada...contos assim são legais...
ResponderExcluirOlá, Alécia!
ExcluirObrigada pelo comentário!!
Beijos.
Gostei de ler, muito verdadeiro, escrito com muito sentimento e emoção.
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado, Inês!
ExcluirObrigada pelo comentário!!
Beijos.
É triste quando o preconceito toma lugar do amor, quando as crenças tomam lugar do amor e o que é mais estranho, Jesus nunca falou odeie seu semelhante porque ele é diferente de você ou gosta de coisas que você não gosta ... Enfim ... de certa forma apenas da saudade e mágoa dos pais o que aconteceu com ela a fez mais forte, minha tia sempre me dizia que a males que vem para o bem ... É um ótimo conto para se refletir sobre o assunto ...
ResponderExcluirBjs (•‿•)
Olá, Minda, concordo com você, não há nada mais triste quando o amor fica em segundo plano. Conheço bem essa frase, minha mãe sempre a falava. Muito obrigada pelo comentário, gostei muito da sua opinião!
ExcluirBeijos.
Gente, que conto lindo !! Juro que fiquei emocionada, pois essa situação, infelizmente, ainda é a realidade de algumas pessoas. Mas gostei da firmeza determinação dela. Só espero que ela venha a se reconciliar com os pais.
ResponderExcluirBeijos
www.baudasresenhas.com.br
Olá, Luciana!
ExcluirSeu comentário me deixou muito feliz, obrigada!!
Beijos.
oi
ResponderExcluirQue legal :D parabéns.
Eu amei o conto e o desenho, estão maravilhosos.
bjo
Olá, Joana!
ExcluirQue bom que você gostou!!
O desenho foi feito pelo meu sobrinho, obrigada!
Beijos.
Se tenho uma coisa que ao são os contos. Parabéns!
ResponderExcluirOlá, Elisângela, obrigada!!
ExcluirBjos.
ahhh, que desenho lindo e que ilustra perfeitamente bem o conto!
ResponderExcluirParabéns.
Bjsss
Olá, Luana, muito obrigada!
ExcluirQue bom que você gostou!!
Beijos.
Sinceramente não consigo entender como os pais que deveriam amar seus filhos acima de tudo viram as costas para ele, apenas porque ele não corresponde aos sonhos que depositam nele, e pior ainda, por puro preconceito... Que mal esta guria fez? Só por ser homossexual? Que bom que os irmãos ficaram do lado dela, e não lhe viraram as costas. O mais triste ainda é ver que pessoas que se dizem tementes à Deus são os mais preconceituosos de uma forma geral...
ResponderExcluirBjs, Rose.
Realmente não dá para entender a atitude de alguns pais!! Eles deveriam ser os primeiros a compreender e apoiar os filhos. Gostei muito da sua opinião, Rose! Obrigada pelo comentário!!
ExcluirBeijos,
Cidália.
Lindona adorei o conto, já quero mais....
ResponderExcluirOba, que ótima notícia!!
ExcluirObrigada pelo comentário!
Beijos.
Antes de qualquer coisa, preciso saber se terá uma continuação, fiquei bem curiosa. Agora sobre o conto, achei ele bem lindinho e fiquei bem triste pela decisão dos pais da Ligia :T mas é algo que acontece, né?
ResponderExcluirOlá, Aline!
ExcluirA princípio eu não pretendia dar continuidade, mas recebi alguns pedidos e estou pensando a respeito.
Fico feliz que tenha gostado! Sim, infelizmente, é algo comum.
Obrigada pelo comentário!
Beijos.
Adorei o conto, já quero ler mais... Muito bom!
ResponderExcluirOba, que legal!!
ExcluirObrigada pelo comentário!
Beijos.
Esta história muito bem resolvida, o final não pede continuação. Abordou um tema tabu e tudo deu certo para a personagem. Gostei!
ResponderExcluirQue bom que você gostou, Vera! Pois é, ela não tem o amor dos pais, mas tem o amor dos irmãos.
ExcluirObrigada pelo comentário!
Beijos.
Oii Cidália, tudo bem? Gostei muito do conto, do tema abordado, tão real e tão triste ver alguns pais abandonando os filhos por não aceitarem eles como são... Que bom que a Ligia foi atrás de seus sonhos e seguiu em frente.
ResponderExcluirAdorei e acho sim que merece uma continuação :)
Beijoss
Oi, Gabrielly, tudo bem!
ExcluirFico feliz sabendo que você gostou do conto. Obrigada pelo comentário e opinião!
Beijos.
Olá!
ResponderExcluirMais um conto maravilhoso! Adorei poder conferir o começo dessa história e com certeza vou ficar por aqui para conhecer mais dela!
beijos.
Olá, Carolina!
ExcluirOba, que bom que você gostou!
Muito obrigada pelo comentário!!
Beijos.