Pernas de outrora que andaram milhas e milhas.
Pernas que subiram em árvores para colher frutas.
Pernas que ficaram dentro da água enquanto a roupa era lavada no rio.
Pernas fortes que estavam sempre perambulando pelos cômodos da casa em busca de coisas para fazer.
Pernas que não demonstravam cansaço mesmo quando o corpo por vezes arriava.
Pernas que movimentavam a máquina de costura, que corriam sempre que um dos filhos caía longe dos seus olhos.
Pernas que subiam num banquinho para pegar alguma coisa nos lugares mais altos.
Pernas que se ajoelharam muitas vezes nos momentos de oração.
Pernas bonitas e torneadas na sua juventude.
Pernas que estavam sempre depiladas.
Pernas que pularam corda com a criançada.
O tempo passou.
Aquelas pernas tão fortes ficaram nas lembranças.
As pernas de hoje só querem descansar.
Seja na cama ou no sofá.
As pernas, após anos e anos, fraquejaram.
Hoje os pés se recusam a dar pequenos passos.
As pernas emagrecidas buscam abrigo debaixo do cobertor nos dias frios.
A energia há muito se foi e deixou aquelas pernas inertes.
As pernas de hoje estão fracas e trêmulas.
Aquelas pernas que quase não descansavam agora só querem sossego.
Quantas coisas ficaram para trás, num passado distante!
O tempo se encarregou de apagar da sua memória algumas pessoas, lembranças e sensações.
Ficar à mercê dos outros é tudo o que lhe resta.
Assim como suas pernas desobedientes sua vida se apagou.
Não há mais esperança para aquelas pernas.
Os pés antes sempre com as unhas feitas, hoje, jazem ao longo das pernas fracas.
Benditos foram os anos de infância, adolescência e maturidade.
Benditos foram os anos de velhice saudável.
Quanto mais o tempo passa, mas as boas recordações vão se perdendo num mar de desventuras.
O marasmo invadiu a sua alma e a deixou inerte.
Nem seus olhos se inclinam para ver como aquelas pernas estão, pois elas não respondem a nenhum estímulo.
PS: Este texto não é para entristecer o leitor, é somente uma reflexão para quem tem um idoso na família. Minha irmã comentou outro dia que muitos idosos precisam de um estímulo para viver, porém é necessário que os idosos queiram receber esse estímulo, que não desistam facilmente.
Na minha turma do Pilates tem uma senhora de 82 anos que faz direitinho todos os exercícios propostos.
Grata pela visita,
Cidália.
É um lindo texto que ensina pra quem tem um idoso em casa, legal que essa senhora de 82 anos faz exercícios, a família tem sempre que estimular o idoso.
ResponderExcluirVerdade, Lucimar, obrigada!
ExcluirOi!
ResponderExcluirEu adorei o texto 🙂 moro com meus pais idosos e sempre fazemos caminhadas é bom fazer pela manhã.
Que maravilha, Joana! Obrigada!!
ExcluirOiee linda!! É realmente bom estimular a todos com lembranças de momentos bons. Queria muito fazer pilates. Belo poema.
ResponderExcluirBeijos!!
Olá Paloma, muito obrigada!
ExcluirOi, tudo bem? Gosto muito dos textos que você traz, ainda mais pelas reflexões. Aprendi com uma nutricionista que o mais importante quando cuidamos da saúde é termos autonomia, justamente para quando formos idosos conseguirmos fazer pequenas tarefas sem depender de outras pessoas. Na minha academia também tem muitos idosos, mas alguns são mais animados do que outros. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirOlá, Érika, que bom! Obrigada, um abraço.
ExcluirTemos de estimular a mente, mostrando que aposentar não é invalidar a vida, e sim talvez começar a realmente a viver coisas antes nunca vividas. Mas com certeza não é uma tarefa fácil. Texto muito bem escrito, parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigada, Minda!!
ExcluirNossa Cidalia vc me fez chorar pois tbm não sou mais tão ágil estou com 75 anos já não sou mais aquela que gostava de passear sinto que já não consigo ter ânimo pra nada parabéns pelo texto
ResponderExcluirNão era essa a minha intenção, Cleuza!! Um abraço.
ExcluirAcredito que um idoso desiste quando o incentivo em casa não é lá essas coisas, as vezes nós falhamos com nossos idosos. Ótimo texto!
ResponderExcluirObrigada Minda, realmente o incentivo é importante!!
ExcluirTriste demais esse texto!🥺
ResponderExcluirSim, infelizmente!! Obrigada, Vera, por manifestar a sua opinião.
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